Perto de se naturalizar, atacante Dodô relembra infância difícil, antes de duelo contra o Borussia: "Cheguei a morar com o dono do morro, perdi minha mãe, não tinha moradia"
Ídolo e especulado na seleção do Azerbaijão,
Dodô marcou o gol do Gabala na derrota
para o Borussia (Divulgação)
- Há intenção em todos os
lados. Houve comentários de todas as partes. Do pessoal da seleção, o
treinador é croata e meu viu jogar lá (na Croácia). Ele conhece meu trabalho. Claro que
o passaporte é bom para levantar a minha carreira. Com isso, é mais fácil uma
transferência para um time da Europa. Mas já surgiu a possibilidade por parte
da seleção. Batalhei para isso, corri atrás, fui bem acolhido. Graças a Deus
consegui retribuir o carinho e hoje eles me têm como ídolo e sou feliz por
isso. Quero fazer história não só no Qabala, mas também no país – disse Dodô.
Antes de virar camisa 10 e capitão do Gabala,
Dodô morou na rua e foi abrigado por
traficante (Divulgação)
Sobre a minha infância, foi muito difícil. Morava na rua, catava resto de mercado e vendia bala no
cinema
Dodô
- Sobre a minha infância, foi muito difícil. Nem sei o nível que falaria
para você. Tive todas as oportunidades de fazer a coisas erradas. Cheguei a
roubar, usar drogas leves. Mas foi só maconha, se tivesse usado drogas mais
pesadas não estaria nem aqui. Cheguei a morar com o dono do morro, perdi minha
mãe, não tinha moradia. Morava na rua, catava resto de mercado e vendia bala no
cinema. Sei que tem gente em condições piores, sem braço, sem mãos, mas pelo
menos tinha saúde. Sempre confiei em Deus e confio muito nele. Essa é minha
história, muito triste.
O FATOR EDUARDO DAa
O segundo desafio de Dodô, ou Luiz Paulo (nome
de batismo do jogador de 28 anos), foi para vencer no mundo do futebol. Tentou
a sorte na escolinha do Flamengo, passou pelo Juventus de Realengo, pelo
Profute de Niterói e pelo Ceres de Bangu. Foi quando a sorte começou a sorrir
para o garoto, que chegou ao croata Inter Zapresic em 2009, antes de passar por
Dínamo Zagreb e Lokomotiv até se transferir para o Gabala em 2011.
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Antes de chegar ao Azerbaijão, Dodô foi
para a Croácia com a ajuda de Eduardo
da Silva (Foto: Divulgação)
- Teve uma época difícil que voltei de Niterói para o Rio. Conheci dois
garotos que me levaram até o Narley e, através deles, conheci o Eduardo da
Silva. Como o Eduardo foi pequeno para a Croácia, eles me colocaram para fazer
um teste lá, mas não ficaram comigo. Fiquei triste, chorei, não queria ir
embora de lá. Então, o Eduardo, através do Narley, achou uma injustiça o que
fizeram, disse que me ajudaria e me colocou no Inter Zapresic. Depois fui
vendido para o Dínamo e fui campeão duas vezes. Só depois que o Tony Adams
ex-jogador do Arsenal), que era técnico do Qabala, me viu e decidiu me
contratar – disse, enfatizando a gratidão que tem por Narley, a quem considera
seu melhor amigo.
OS PERIGOS DA VIDA NO AZERBAIJÃO
Com cinco anos no país asiático (o futebol,
entretanto, é ligado à Uefa, por isso a participação na Liga Europa) e prestes
a se naturalizar, a rotina no Azerbaijão é bem diferente daquela vivida no Rio
de Janeiro. Sem feijão, o jeito é se virar com salada, pão, sopa
e muita carne de cabrito – e, no quesito qualidade de vida, as ameaças são
outras.
- Aqui é um lugar com muito cabrito e boi. No verão, eles ficam muito à
vontade, transitam pela rua. Estava eu e um amigo meu baiano, o Daniel Cruz.
Chamamos um táxi e pegamos a estrada. Já estava à noite e eu mexendo o celular
no banco de trás, deitado, com ele na frente. De repente, escuto ele gritar e
me vejo rolando até ficar preso entre um banco e outro. O motorista jogou para o
lado e para não bater numa vaca que atravessava a pista. Foi um momento de
desespero, por muito pouco não houve um acidente sério. Os animais ficam muito
à vontade aqui e tem muita gente que compra carteira. Nunca ouvi falar de
auto-escola aqui.
Dodô diz que duelo contra o Borussia é o mais
importante da carreira (Foto: Divulgação)
É o Borussia Dortmund, que estava na final da Champions. Nunca iria imaginar que iria enfrentá-los
pouco tempo depois
Dodô
- Com certeza (é o jogo mais importante da carreira). Não só o jogo como
a competição tem sido importante na minha vida e na minha carreira. Estou
feliz. Da outra vez que estive na Liga Europa, pelo Dínamo, o treinador quase
não me usou e isso me frustrou um pouco. E é o Borussia Dortmund, time de
tradição que até pouco tempo atrás estava na final da Champions, vencendo o
Real Madrid. E eu, sentado em casa, nunca iria imaginar que iria enfrentá-los
pouco tempo depois. Para mim, é muito importante – completou o atacante.
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