segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Pete Frates, a inspiração do fenômeno que já arrecadou R$ 22 milhões

Ex-jogador de beisebol, americano foi diagnosticado em 2012 com Esclerose Lateral Amiotrófica e iniciou a  que atraiu celebridades de todo o mundo


Por Chicago, Estados Unidos

 

Pete Frates era uma pessoa comum. Sempre que tinha um tempo livre no beisebol, gostava de pescar ou viajar com a namorada Julie. Capitão no Boston College, onde se destacou e ganhou títulos no período universitário, ele jogava pelo Lexington Blue Sox e liderava o time em home runs na League Baseball Intercity. Mas Pete começou a sentir que algo estava errado com o seu corpo. A dor de uma bolada no pulso durante uma partida não passava. Em março de 2012, ele foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ALS), uma doença neurodegenerativa progressiva e fatal, que afeta as células dos sistema nervoso e da medula e acarreta em uma paralisia motora irreversível. Hoje, pouco mais de dois anos depois, Pete Frates não consegue mais andar e se comunica com a ajuda de aparelhos. E sua história inspirou uma campanha que explodiu em todo o mundo para levantar fundos e conscientizar as pessoas sobre a doença.

A campanha "Ice bucket challenge" começou nas redes sociais e logo conquistou os Estados Unidos. Pete não foi o criador, mas foi quem a popularizou. Tudo começou por acaso quando o jogador de golfe Chris Kennedy desafiou a prima Jeanette Senerchia, cujo marido teve ALS por 11 anos, a tomar um banho de balde cheio de água com gelo em troca de uma doação. O vídeo postado no dia 15 de julho de 2014 em uma rede social chegou até Pete Frates. Ele e outro portador da doença, Pat Quinn, se juntaram e lançaram um desafio: convencer um amigo a doar 100 dólares (cerca de R$ 225) para qualquer instituição de combate a ALS ou postar um vídeo nas redes sociais virando um balde de água com gelo sobre a cabeça. Mas a maioria das pessoas acabou fazendo as duas coisas.


Peter Frates especial (Foto: Editoria de Arte)
Pete Frates ao lado da então namorada 
Julie; Depois jogando beisebol pelo 
 Boston College; Ao lado de amigos 
já em uma cadeira de rodas por 
causa da dificuldade de se 
locomover; Posando com 
prêmio que recebeu nos 
 tempos de beisebol 
universitário; E, por 
fim, ao lado dos pais 
e dois três irmãos 
(Foto: Arquivo Pessoal 
/ Editoria de Arte)


O desafio viralizou principalmente porque gera uma aposta. E a tarefa precisa ser cumprida em 24 horas. Quem aceita tomar o banho precisa desafiar outra pessoa a fazer o mesmo. Quando entrou no mundo das celebridades, rapidamente se espalhou. Começou no mundo esportivo. O banho de água com gelo é comum no esporte americano para comemorar uma grande vitória ou um título. Primeiro com jogadores de beisebol, depois com as estrelas da NFL. Fã do New England Patriots, o cantor Justin Timberlake foi desafiado por todo o time. E a campanha entrava no mundo da música. Vieram os jogadores da NBA. Steve Nash desafiou Kevin Durant, que fez o mesmo com Russell Westbrook e LeBron James. Kobe Bryant também topou. Carmelo Anthony entrou na jogada, mas mudou de área e escolheu o rapper Jay-Z. E o movimento cresceu na indústria da música chegando também a Jon Bon Jovi, Chris Brown, Drake, Hilary Duff, Taylor Swift, entre outros. E assim o fenômeno foi atingindo todas as celebridades. Sempre que uma entrava na campanha, desafiava outra.

O jogador do Manchester United, Darren Fletcher, escolheu Cristiano Ronaldo. Neymar aceitou a aposta com Marcelo e colocou Zuñiga, seu algoz na Copa, na onda. E o viral chegou ao futebol com Mario Gotze, autor do gol do título da Alemanha sobre a Argentina na última Copa, já participando. Com Mark Zuckerberg, um dos criadores do Facebook, a campanha entrou no mundo da tecnologia e dos bilionários. Zuckerberg desafiou Bill Gates e Reed Hastings (fundador do Netflix). Bill Gates aceitou e colocou Elon Musk (Paypal), Ryan Seacrest (apresentador e produtor televisivo) e Chris Anderson (curador chefe das conferências TED) no desafio, que chamou Jeff Bezos, diretor executivo da Amazon, para fazer parte da campanha. E assim, de JJ Abrams a Steve Spielberg, a campanha chegou ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que por enquanto recusou elegantemente a opção do balde, mas garantiu segundo a Casa Branca que fará as doações. 


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Doações já passam de R$ 22 milhões

Peter Frates casamento (Foto: Editoria de Arte)
Julie e Pete Frates se casaram em julho 
de 2013 (Foto: Divulgação)

Pete Frates tentou levar uma vida normal. Após o diagnóstico, em 2012, ele abandonou a carreira no beisebol e voltou para o Boston College após receber um convite para ser diretor de operações de beisebol. Mesmo com o avanço da doença, segue com o cargo apesar de não ter mais como desempenhar a função. Trata-se de uma homenagem da administração.

Pete, que se formou em comunicação no Boston College em 2007, vive atualmente em Marblehead, uma pequena e bela cidade de 20 mil habitantes na costa do estado de Massachusetts, com a esposa Julie. Eles se casaram em 1º de junho de 2013, quando ele já tinha muitas dificuldades para andar. Pouco depois, ele não saiu mais da cadeira de rodas. No início deste ano, não conseguia mais se comunicar sem a ajuda de aparelhos. Filho de John e Nancy Frates, ele tem três irmãos que o ajudam no combate a doença. 

Peter Frates especial (Foto: Editoria de Arte)
Frates com amigos em um momento 
alegre (Foto: Arquivo Pessoal)

- O que mais nos deixa feliz é que todo esse fenômeno está ajudando a fazer as pessoas a conhecerem mais a doença - disse o pai de Pete, John Frates, em entrevista à ESPN, deixando claro que todo o dinheiro arrecadado será usado para pesquisas em busca de uma cura e também para dar os melhores cuidados aqueles que vivem com a doença.

Ao longo dos últimos dois anos, Frates buscou construir uma rede de amigos e simpatizantes que organizaram eventos que vão desde torneios 3x3 de basquete a campeonatos de pesca ou apenas uma noite em um pub. Tudo para levantar fundos para a pesquisa contra a ALS. Agora, com o sucesso da campanha #ALSicebucketchallenge, o objetivo foi alcançado.
No último sábado, o Facebook divulgou que mais de 1.2 milhão de vídeos relacionados ao desafio já haviam sido publicados no site. Um deles, o do próprio Pete Frates. Ele foi até o antigo estádio para cumprir seu desafio. A esposa Julie foi a encarregada de virar o balde de água e gelo sobre sua cabeça. Pelo mundo, as pessoas usam a hashtag #ALSicebucketchallenge para divulgar a campanha. Enquanto isso, a família de Pete Frates comemora o sucesso da ação. De acordo a ALS Association, as doações estão quase chegando ao equivalente a US$ 9.7 milhões (R$ 22 milhões) desde o dia 29 de julho, quando o desafio do banho de gelo começou a se espalhar entre as celebridades. A informação foi divulgada pela ABC News.

Peter Frates especial (Foto: Editoria de Arte)
Pete Frates paga o desafio que inspirou 
o mundo (Foto: Reprodução)

- Somos incrivelmente gratos pelo apoio de todos aqueles que se deixaram molhar, que fizeram um donativo ou que fizeram as duas coisas - diz um trecho da nota divulgada pela ALS Association, que revela que em poucos dias houve 70 mil novas adesões à causa.

No total, cerca de 30 mil americanos lutam contra a Esclerose Lateral Amiotrófica. Segundo a ALS Association, após a doença começar a avançar e a danificar as vias de comunicação entre o cérebro e os músculos de uma pessoa, a expectativa de vida dela cai para dois a cinco anos, em média. Mas há exceções. A mais famosa delas está em sua vítima mais célebre atualmente, o físico britânico Stephen Hawking, um dos mais consagrados cientistas da atualidade. Ele foi diagnosticado em 1962, quando tinha 21 anos. Hoje, Hawking tem 72 anos.

Nos Estados Unidos, a Esclerose Lateral Amiotrófica ficou conhecida como a doença de Lou Gehrig, um famoso ex-jogador de beisebol - MVP da Major League Baseball por duas vezes - que foi vítima do problema. Ele jogou por 17 anos no New York Yankees e anunciou para o mundo a doença em um emocionante discurso no dia 04 de julho de 1939 no gramado do Yankee Stadium, chamando a si mesmo de "o homem mais sortudo da face da terra”. A doença encerrava a carreira de um atleta conhecido por sua saúde. Gehrig jogou impressionantes 2.130 partidas de forma consecutiva, um recorde que durou 56 anos na MLB. No dia 2 de junho de 1941, menos de dois anos depois, Gehrig falecia.

Mosaico Pete Frates camisa pelo mundo (Foto: Editoria de Arte)
Camisa feita para arrecadar fundos
 (vendida por 25 dólares) e divulgar 
a campanha de Pete Frates ganha 
o mundo sendo levada por pessoas 
comuns e que se sensibilizaram p
ela história do americano 
(Foto: Editoria de Arte)


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