Lateral-direito do Internazionale sonha disputar a Copa do Mundo por Itália ou Brasil e diz que aprende até o hino do país europeu se for convocado para defender a 'Azzurra'
Mas, a dois meses da Copa, resolveu apostar tudo na "squadra azzurra".
Jonathan diz que vai aprender o hino e melhorar o italiano caso seja convocado. A troca de "camisa" não tem a ver com Luiz Felipe Scolari. Aliás, a relação entre os dois é mais próxima do que se podia imaginar. Dia 23 de dezembro, um dia antes da véspera de Natal, depois de vencer o clássico de Milão pelo Internazionale, o lateral entrou no avião em direção ao Brasil. O voo tinha escala prevista em Lisboa e, quem é que o jogador encontrou no avião? Justamente o treinador da Seleção. Oportunidade de ouro? Mais do que isso, Felipão convidou o atleta para sentar do seu lado e conversar. Agora, Jonathan chama o técnico de Felipe.
- Fomos um ao lado do outro, foi superlegal. O Felipe é um cara superbacana, muito simpático. conversamos muito sobre o jogo. Nós vencemos, mas não foi um encontro bonito. O Felipe me falou sobre a sua experiência na Europa e de como os jogadores europeus são diferentes daqueles que atuam só no Brasil. Ele me falou de Portugal e me disse que adorava o país. Contou um pouco sobre Portugal, a família. Ele estava indo passar o Natal com a família. Depois falou que ia assistir outros jogos na Europa. Dormiu um pouco, porque estava cansado, e quando aterrissamos em Lisboa, ele veio comigo e me indicou o portão que eu devia entrar para embarcar para o Brasil. Foi superbacana.
Jonathan em Milão: tranquilidade
depois de início turbulento no
futebol italiano (Foto:
Claudia Garcia)
Embora não tenham falado sobre a desejada convocação, o encontro com Felipão teve um efeito positivo no rendimento do lateral-direito. Jonathan está em sua melhor temporada na Europa. O seu rendimento melhorou com a chegada do técnico Walter Mazzarri no meio do ano passado. Mas, deste janeiro, justamente depois da parada das festas de fim de ano, o lateral-direito se assumiu como um dos protagonistas do elenco. Até agora, o ex-Santos e Cruzeiro atuou em 28 partidas pela Série A, balançou quatro vezes as redes, deu três assistências e fez mais um gol na Copa Itália. Números respeitáveis para um defensor.
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O jogador tem vantagem em relação ao seu concorrente direto pela vaga que também atua na Itália. Maicon soma 23 partidas e dois gols no Campeonato Italiano. O mineiro lamenta não ter recebido nenhuma chance na seleção, mas não culpa Felipão.
- Não sei se posso dizer que é injusto, talvez não seja a palavra certa. Mas, pelo momento que venho vivendo no Inter de Milão, acho que deveria ter tido pelo menos uma chance para treinar com o grupo. Mas não me sinto frustrado, nem culpo o Felipe, porque a concorrência na seleção brasileira é muito grande e também é difícil para ele.
Com a Copa do Mundo à porta e sem chances na seleção brasileira, o jogador do Internazionale não pensou duas vezes antes de seduzir a seleção italiana. Tudo começou com uma simples entrevista em que o lateral-direito se disponibilizou a vestir a camisa "azzurra". E, preocupada com o fraco rendimento dos jogadores que atuam na posição, a federação já sondou a situação do atleta do Internazionale.
- Um jornalista me perguntou se eu aceitaria jogar pela Itália, e eu respondi que sim. Eu acho que não vou ter oportunidade de representar a seleção brasileira antes da Copa, e com a Itália também acho difícil. Sem dúvida nenhuma, a minha vontade de jogar pela seleção brasileira é muito grande. Jogar pela Itália seria estranho, mas é uma questão de oportunidades. É o meu trabalho, todos os jogadores sonham disputar uma Copa do Mundo com uma grande seleção. Para mim, seria uma honra vestir a camisa "azzurra". Se for convocado, vou fazer curso para melhorar o italiano e aprender a cantar o hino.
Jonathan marca sobre o Hellas
Verona: cinco gols e três
assistências na temporada
italiana (Foto: AP)
Confira a entrevista completa
GLOBOESPORTE.COM: Este ano você disputou 28 partidas pela Serie A, fez quatro gols, deu três assistências e balançou a rede mais uma vez pela Copa Itália. O Maicon disputou 23 jogos, marcou dois gols, enquanto o Rafinha soma 24 presenças e seis assistências pelo Bayern de Munique. Você acha que seus números são merecedores de seleção?
JONATHAN: Acho que marquei ainda mais gols, mas como alguns tocaram no adversário antes de entrar, não contam como gols meus. Mas estou muito feliz por ajudar a equipe. O meu principal objetivo é servir os nossos atacantes e ajudar o time a fazer gols. Sobre a seleção, não sei se posso dizer que é injusto, talvez não seja a palavra certa, mas pelo momento que venho vivendo no Inter de Milão, acho que deveria ter tido pelo menos uma chance para treinar com o grupo. Mas não me sinto frustrado, nem culpo Felipe, porque a concorrência na seleção brasileira é muito grande e também é difícil para ele. Respeito isso. Maicon e Dani Alves são jogadores fantásticos, têm uma história na seleção. Rafinha está jogando bem, e o Bayern de Munique vive um momento melhor do que o Inter. Isso conta muito.
E como é que surgiu essa sua vontade de jogar pela seleção italiana?
Um jornalista me perguntou se eu aceitaria jogar pela Itália e eu respondi que sim. Eu acho que não vou ter oportunidade de representar a seleção brasileira antes da Copa, e com a Itália também será difícil. Sem dúvida nenhuma, a minha vontade de jogar pela seleção brasileira é muito grande. Jogar pela Itália seria estranho, mas é uma questão de oportunidade. É o meu trabalho, todos os jogadores sonham disputar uma Copa do Mundo com uma grande seleção. Já que não pude jogar pelo Brasil, seria uma honra vestir a camisa "azzurra". Não vejo problema nenhum nisso.
Mas, se não surgir essa convocação para disputar a Copa do Mundo nem com a Itália nem com o Brasil, quem é que você vai escolher depois?
Depende do momento, do treinador e de muita coisa. Vou esperar pelo Brasil, mas vou preparar todos os documentos que faltam para ser aceito aqui na Itália. Se a oportunidade aparecer, eu vou jogar pela Itália. É uma questão de oportunidade mesmo. Estou com 28 anos e, se a Itália me chamasse daqui a dois anos para disputar a Eurocopa de 2016, na França, eu aceitaria. Aí vou estar com 30 anos. As pessoas têm de entender. A não ser que alguém da federação brasileira me ligue e pergunte como está a minha situação e demonstre interesse. Porque isso acontece, o jogador sempre sabe quando vai ser convocado. Até agora, ninguém me contactou, nem da Itália, nem do Brasil.
Mas a federação italiana já perguntou por você?
A federação da Itália já contactou o Inter de Milão. A menina que trabalha na sede do Inter me contou que eles perguntaram pelos meus documentos, mas o passaporte não basta. O meu advogado está vendo o que é que falta para regularizar a minha situação com a federação italiana, mas é difícil ter essa chance antes da Copa, porque eu nunca fui convocado, nem treinei com o grupo.
INÍCIO DIFÍCIL NA ITÁLIA
Jonathan na chegada ao Internazionale, em 2011 (Foto: Reprodução/Site Oficial Internazionale)
Quando eu cheguei aqui, o treinador era o Gasperini, mas ele ficou só dois meses, depois veio o Ranieri (agora no Monaco). Ele não me deu oportunidade, disse que precisava de tempo para me ensinar o futebol italiano, mas que naquele momento não tinha esse tempo. Fiquei treinando à parte e fui emprestado em janeiro ao Parma.
Nesse período difícil, você pensou em voltar ao Brasil?
Naquele momento, o Inter de Milão não queria que eu fosse para o Brasil. Passei momentos muito difíceis, porque era uma situação nova para mim. Treinava separado, porque eu era o quarto ou o quinto da posição: tinha o Maicon, Zanetti, Faraone e o Negatomo, que também podia jogar pela direita. Eu jogava com o time dos juniores e fiquei muito chateado, porque tinha jogado no Cruzeiro, tinha sido eleito o melhor da minha posição, depois venci a Libertadores, vim para o Inter já com uma carreira no Brasil e afinal ia ser emprestado ao Parma? No início, não compreendi a situação, mas agora acho que o Parma foi fundamental. Eles me receberam muito bem, pude atuar com continuidade, o treinador me ajudou muito, e demonstrei a minha qualidade. Sobretudo demonstrei que poderia atuar no futebol italiano e europeu.
Quando você chegou ao Inter de Milão, em julho de 2011, o Maicon ainda estava no clube. Ele ajudou você ou houve alguma receio para concorrência pela vaga?
Ele me ajudou muito mesmo. Eu estava passando por dificuldades, e ele ficava do meu lado e falava: “Olha, Jonathan faz desse jeito, o técnico quer que você faça isso, corrige aquilo, está indo bem assim”. Ele me deu vários conselhos, concentrávamos juntos, construímos uma amizade muito bonita e ainda hoje falamos.
As comparações com o Maicon prejudicaram você?
Sim, muito. Todos falavam que eu era o novo Maicon, mas eu nunca disse isso. Talvez existam, sim, algumas características parecidas no nosso jogo, mas eu acho que sou muito diferente dele. A imprensa criou essa ideia, e o torcedor criou uma expectativa e esperava que eu entrasse em campo e fizesse as mesmas coisas que o Maicon fazia no Inter. Mas isso não acontecia, porque somos diferentes e também porque eu tinha acabado de chegar à Europa. Antes de ir para o Inter, o Maicon passou pelo Monaco e não foi logo titular no início.
E por atuarem na mesma posição não existia um clima, que até seria natural, de competição?
Não. Agora tem o Wallace (ex-lateral-direito do Fluminense) passando exatamente pela mesma situação que eu passei quando cheguei ao Inter. Eu ajudo ele, faço a mesma coisa, mas ele não tem tido chance de atuar, porque eu estou jogando. Nós sabemos que o futebol é assim mesmo: por mais que você faça, quem decide é o treinador, e quem está melhor é quem vai jogar. O Wallace acabou de chegar à Europa, tem muita qualidade, mas precisa ganhar experiência. A amizade fora do campo é muito grande, principalmente porque os jogadores do mesmo país se ajudam muito.
Jonathan na época de Parma em
disputa com Nagatomo, seu
companheiro agora no Inter
(Foto: Agência Getty
]Images)
Depois de seis meses no Parma, o Inter de Milão contratou Stramacioni e você voltou, mas novamente sem sucesso.
É verdade. Foi um treinador estranho, porque eu não podia errar. Se eu errasse, ele me tirava no jogo seguinte, e eu precisava de continuidade. É um técnico que conhece muito bem o futebol, é inteligente, mas tinha falta de experiência e pulso também. Mas, tenho a certeza de que vai ser um grande técnico no futuro.
O seu retorno não foi visto com bons olhos pela torcida. Alguma vez o torcedor foi agressivo com você?
Ninguém chegou a ser agressivo, mas escutei críticas duras e desagradáveis. Quando tocava na bola, escutava aquela vaia. No outro dia, a imprensa criticava a minha atuação, o comentarista televisivo falava que eu não era jogador para o Inter de Milão. Não foi a minha pior temporada, fiz alguns jogos bons, mas nunca consegui ter continuidade.
BOA FASE COM MAZZARI
Neste ano, tudo mudou. Qual foi o segredo dessa reviravolta no seu rendimento?
Eu tive até vontade de voltar ao Brasil no meio do ano passado. Conversei com alguns clubes brasileiros, mas não quero tocar em nomes. Estive perto de voltar, mas a minha família, sobretudo a minha mãe, me fez mudar de ideias. Um dia ela chegou e disse: “Nada na sua vida foi fácil, esse é o seu sonho, você sempre quis jogar na Europa, nunca ninguém falou que ia ser fácil. Você lembra o seu início no Cruzeiro? A torcida queria te matar, e você conseguiu superar as críticas. Muitos queriam estar aqui no seu lugar. Você está, então você vai ficar, aqui é o seu lugar e vai passar por cima de tudo isso”. Essa conversa me deu muita moral, confiança, e eu continuei treinando com muita motivação. Fui de férias para o Brasil e quando voltei pensei até que o Inter fosse me emprestar novamente. Sinceramente, foi uma surpresa ter continuado no elenco.
Jonathan vibra em jogo do
Internazionale: boa fase
com Mazzari no comando
da equipe nerazzurra
(Foto: Reuters)
Você pensou que fosse jogar em outro time da Serie A?
Sim, eu pensei que fosse ser emprestado outra vez, mas chegou o novo técnico, o Walter Mazzarri, e ele quis que eu ficasse. No começo da temporada, a gente teve uma conversa. Ele me disse que eu ia continuar no Inter de Milão, porque ele acreditava em mim. E me disse que eu era um jogador importante, que já tinha me observado quando treinava o Napoli no ano anterior e que até tinha pensado na minha contratação para o Napoli. Ele me passou confiança e foi uma pessoa fundamental na minha carreira.
Hoje tudo mudou, e você agora é admirado pela torcida. Qual é a reação da torcida com você agora?
Agora, a torcida me trata com carinho, só reação positiva, me pede autografo, foto, fala que aposta em mim no jogo do "fantacalcio", que eu tenho de fazer gol… Tudo mudou radicalmente. E eu estou desfrutando bastante desse carinho do torcedor. A torcida aqui é muito exigente por tudo o que o time já conquistou. O Internazionale venceu a Tríplice Coroa em 2010, é uma torcida exigente por esse motivo. Mas agora o Inter está num momento de renovação, estamos melhorando e só precisamos de um pouco de paciência, porque o Mazzarri é o treinador certo para o time.
PITACOS SOBRE AROUCA, nEYMAR E GANSO
Jonathan,
terceiro a partir da esquerda, corre com Ganso e Arouca no treino do
Santos: lembranças da Vila (Foto:
Adilson Barros / Globoesporte.
com)
Com
a chegada do novo presidente Erick Thohir, o Inter de Milão tem
investido no mercado. Que ex-companheiro seu do Santos ou do Brasileirão
você indicaria ao clube?É difícil dizer, porque não tenho podido acompanhar muito o futebol brasileiro, e o Santos mudou muito desde 2011. Mas eu gosto do Arouca, acho que é um jogador muito interessante, até chegamos a conversar sobre a possível vinda dele para o Inter, quando teve uma oportunidade no passado. Eu acho que o Arouca poderia se encaixar muito bem nesse time. Mas eu não preciso falar, porque a diretoria o conhece, é um jogador importante, venceu títulos, representou a seleção brasileira. O time do Santos não é aquele de 2011, mas o Arouca continua sendo um ótimo jogador.
Você que passou por tantas dificuldades de adaptação ao futebol europeu, como é que avalia o momento do seu ex-companheiro Neymar no Barcelona?
Eu acho que ele está indo bem, é normal. Fez alguns jogos muito bons. O Neymar é um jogador que dispensa comentários. Ele é isso tudo mesmo, é um jogador excepcional e que tem uma personalidade e maturidade fora do comum para a idade dele. Tenho certeza que vai ser a peça mais importante do Brasil na Copa. Jjoga num grande clube, já demonstrou que tem tudo para jogar no Barça. Em dois anos vai brigar pelo título de melhor do mundo.
E o Ganso, ainda tem lugar na Europa?
Eu não tenho acompanhado o futebol brasileiro, porque estamos constantemente em jogos e concentrações, mas pelo que conheço do Ganso quando jogamos juntos, sem dúvida ele tem tudo para brilhar no futebol europeu. O futebol aqui é mais tático, mas ele iria aprender. A qualidade do Ganso é indiscutível. Quando você menos espera, ele coloca o jogador na cara do gol. Antes de machucar o joelho, o Ganso estava jogando melhor que o Neymar. Depois apareceu a lesão, o Neymar disparou, e atualmente não sei como é que o Ganso está jogando.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-italiano/noticia/2014/03/jonathan-tenta-convencer-prandelli-e-revela-encontro-com-felipao-no-aviao.html
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