sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sem salários, Raikkonen dá ultimato à Lotus e ameaça não correr últimos GP

Com mais de 15 milhões de dólares a receber, finlandês - que vai para a Ferrari em 2014 - cogita não ir para GPs dos EUA e do Brasil. Bate-boca na Índia piorou situação

Por Abu Dhabi, Emirados Árabes

Kimi Raikkonen distribui autógrafos na sexta-feira de treinos livres em Abu Dhabi (Foto: Divulgação)Kimi Raikkonen distribui autógrafos na sexta-feira de treinos livres em Abu Dhabi (Foto: Divulgação)

Após faltar os compromissos de quinta-feira em Yas Marina, Kimi Raikkonen deu o ar da graça nesta sexta, para os treinos livres do GP de Abu Dhabi, válido pela antepenúltima etapa de 2013. E, apesar de ser conhecido pelas poucas e frias palavras, o “Homem de Gelo” soltou o verbo contra sua equipe, a Lotus. Insatisfeito com os atrasos de salários e bonificações, o finlandês - que já assinou com a Ferrari para substituir Felipe Massa em 2014 - deu um ultimato para que o imbróglio seja resolvido neste fim de semana. Estima-se que as dívidas com ele ultrapassem 15 milhões de dólares (cerca de R$ 33 milhões).

- Só vim aqui porque espero que encontremos um entendimento sobre certas questões que estamos passando. Espero que isso seja resolvido para que possamos terminar a temporada do melhor modo que pudermos – falou o piloto, que fechou o dia com o quarto melhor tempo.
Perguntado se cogita não participar das duas últimas corridas do ano (EUA e Brasil), Kimi não teve dúvidas:

- Com certeza. Eu gosto de correr, gosto de competir, mas grande parte disso aqui é negócio. Às vezes, quando isso não é tratado como deveria, pode acabar em uma situação infeliz. É preciso colocar um limite. Se passar dele... Aí não será mais culpa minha.
Questionado sobre as incertezas envolvendo o piloto finlandês, Eric Boullier foi categórico ao admitir que uma solução para o impasse foge de seu controle. O chefe da Lotus explicou que Kimi aceitou correr em Yas Marina apenas depois de uma conversa com o dono da escuderia, Gerard Lopez. Boullier também possui dúvidas sobre a presença do piloto nos GPs dos EUA e do Brasil, no decorrer deste mês.
- Eu não posso responder sobre um acordo com Kimi para as corridas nos EUA e no Brasil. Há uma discussão em andamento entre Gerard e Kimi, e isso obviamente envolve nossos acionistas e as empresas do grupo Lotus - afirmou o chefe da equipe britânica.
Eric Boullier e Gerard Lopez ainda negociam presença de Kimi Raikkonen nos EUA e no Brasil (Foto: Getty Images) 
Eric Boullier e Gerard Lopez ainda negociam presença 
de Kimi Raikkonen nos EUA e no Brasil 
(Foto: Getty Images)

Apesar do clima de instabilidade que tomou conta do time de Enstone, Boullier acredita que a Lotus conseguirá manter o foco para as corridas restantes. A principal estratégia é garantir muitos pontos nas três etapas restantes, para que a equipe se fortaleça na disputa pelo vice-campeonato do Mundial de Construtores. A Lotus é a quarta colocada, com 285 pontos - 28 a menos que a Mercedes e 24 atrás da Ferrari.
- Temos um grupo excepcional de pessoas em Enstone para melhorar nosso carro. Nós continuamos fazendo o nosso melhor para mostrar o resultado desse trabalho na pista. Há algumas questões nos bastidores que já sabemos há muito tempo, mas agora estamos esperando que um novo investidor feche contrato conosco. Se isso não acontecer, teremos que pensar em outras alternativas - disse Boullier.

Bate-boca pelo rádio piorou clima, mas salário é o principal motivo do atrito
O clima entre Raikkonen e Lotus, que já não era dos melhores, azedou de vez no GP da Índia do domingo passado, quando o piloto protagonizou um bate-boca, com direito a palavrões, com seu engenheiro pelo rádio, após ter demorado a dar passagem para seu companheiro Romain Grosjean. Kimi admite que o episódio ajudou a piorar a situação, mas garante que este não é a principal razão para o ultimato:

- É parte disso. É claro que coisas como essa não devem acontecer, mas aconteceram. Só que o problema não é realmente esse. Trata-se de todas as outras coisas, tudo isso junto, no fim. Como eu disse, seria fácil dizer que é essa a razão, mas não é.

Kimi Raikkonen fechou o dia de treinos livres em Abu Dhabi com o quarto melhor tempo (Foto: Getty Images) 
Raikkonen fechou o dia de treinos livres em Abu 
Dhabi com o quarto melhor tempo 
(Foto: Getty Images)

Kimi também mostrou insatisfação com o fato de seu comprometimento com a escuderia ser posto em xeque em um momento em que não recebe salários.

- Às vezes não é muito legal quando você escuta que não é um cara de equipe, que não tem o interesse da equipe. Sendo que você recebeu zero euro durante o ano todo! – desabafou.
- Isso não te coloca na melhor situação, mas é assim que as coisas caminham. Espero, como disse, encontrarmos um entendimento de como lidar com essa situação, corrigir os problemas e tentar terminar da melhor maneira possível – concluiu.
Mesmo sem salários, Kimi volta à pista às 8h (horário de Brasília) para o terceiro 3º livre em Yas Marina, em atividade que será exibida pelo SporTV. A TV Globo transmite o treino classificatório (11h de sábado) e o GP de Abu Dhabi (11h de domingo). O GLOBOESPORTE.COM acompanha ambos os eventos em Tempo Real.

Circuito de Yas Marina, palco do GP de Abu Dhabi (Foto: Infoesporte) 
Circuito de Yas Marina, palco do GP de Abu Dhabi
(Foto: Infoesporte)

FONTE:

Nenhum comentário: