quarta-feira, 31 de julho de 2013

Um ano após Londres, meninas viram 'celebridades', e Zé busca renovação

Em alta depois de epopeia até o bi olímpico, seleção feminina dá início a um novo ciclo rumo a 2016. Técnico comemora retorno antecipado de estrelas

Por Amanda Kestelman e João G. Rodrigues Rio de Janeiro e São Paulo
 

header 1 ano após Londres (Foto: arte esporte)
Naquele momento, todo o peso sobre os ombros pareceu evaporar. A descrença, que havia embarcado para Londres como se fosse uma 13ª jogadora, se transformara em um ato de afirmação. Em meio à falta de confiança no grupo, a seleção feminina ganhou força, superou um início ruim e garantiu o bicampeonato olímpico. Hoje, um ano depois, um novo começo. A base das medalhistas ainda está lá. José Roberto Guimarães, porém, comanda uma tentativa de renovação na equipe com a mira voltada para a busca do tri, nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

Um ano depois de Londres, a seleção encara seu primeiro grande compromisso nesta semana, na estreia do Grand Prix, em Campinas. A ideia era que as principais jogadoras tivessem a temporada de folga na equipe verde-amarela, mas as férias foram curtas. Sheilla, Thaisa e companhia pediram a Zé Roberto para voltar, e o técnico viu a equipe ganhar fôlego no início de uma nova caminhada.

Mosaico vôlei Brasil 1 ano Londres (Foto: Editoria de Arte)
- São novas jogadores remanescentes do ciclo passado. Acho que, a cada ano que passa, a cada ciclo, você adquire mais experiência. Você olha para trás e consegue ver erros e acertos que foram feitos. O mais importante é olhar para esse time hoje e ver um time que amadureceu. Meninas que amadureceram e evoluíram. Lutaram muito para conseguir o que conseguiram. Mas, por outro lado, nas nossas conversas elas sabem a responsabilidade que elas têm. Isso está sendo muito legal. O fato de elas terem pedido para voltar antes da hora foi um motivo de felicidade muito grande. Partiu delas essa vontade. Isso foi bacana.

Zé Roberto diz que, um ano após a conquista olímpica, o momento é de retomar o gás. Por isso, tem tentado dar chances a jogadoras mais novas, como Gabi, uma das novidades do grupo.
- É muita pressão no último ano, que é o das Olimpíadas. Pela responsabilidade, pelos treinamentos. E parece que, quando acaba, você tira um grande peso dos ombros. E, logicamente, esse processo de desaceleração é normal. Você vai ter que tomar um gás novo para recomeçar. Sempre no primeiro ano, as jogadoras pedem para não participar tanto porque precisam de descanso e recarregar as baterias para começar um novo ciclo. É normal e esperado. Sempre que as Olimpíadas acabam, espero que isso aconteça. Mas temos que pensar na oportunidade que as mais novas têm de mostrar o potencial.

Dias de celebridade

Thaisa vôlei praia (Foto: Reprodução / Instagram) 
Thaisa ganhou milhares de seguidores na internet com fotos ousadas (Foto: Reprodução / Instagram)
 
A temporada pós-Londres também rendeu às jogadoras um maior reconhecimento. Com as redes sociais, atletas como Thaisa e Sheilla passaram a ter um contato maior com o público e reforçaram o lado de celebridade. A central, por exemplo, ganhou ainda mais fãs ao exibir a boa forma em fotos de seu dia a dia.

- Eu não tirava foto com a barriga de fora de jeito nenhum. Morria de vergonha. Hoje eu tiro, ponho vestido mais justo, isso porque acho que fica bonito. Com tudo isso, a autoestima vai lá no alto.

Uma das musas da seleção e companheira de Thaisa no Osasco, vice-campeão da última Superliga, Sheilla é outra que viu sua popularidade crescer depois de Londres. A oposto, considerada uma das melhores do mundo, encara a idolatria com naturalidade. Para ela, seu estilo de vida não mudou.

- Cada título que a gente ganha, aumenta nossa visibilidade e o número de fãs. Mas meu estilo de vida continua a mesma coisa de 2011. Não fez diferença neste sentido - afirmou.
Pausa para gravidez

Por outro lado, houve também quem tomasse o ano pós-olímpico para realizar antigos sonhos. Uma das líderes da seleção, Jaqueline esperou o fim da Superliga para tentar engravidar. Deu certo. Depois de uma tentativa frustrada no passado, a ponteira vai se afastar das quadras até o próximo ano para ter seu primeiro filho.

- Eu não prejudiquei ninguém. Minha felicidade foi essa. Era um sonho que a gente tinha, a gente queria muito. Já tinha acontecido um caso que eu perdi o bebê. Agora, estou com quatro meses, esperei o tempo certinho para me preservar. Queria preservar o Murilo também. Depois de tudo o que aconteceu, fiquei um pouco receosa. Agora, posso falar o que aconteceu. Porque todo mundo me perguntava onde eu iria jogar. Então já sabem qual o motivo.

Jaqueline Murilo gravidez vôlei (Foto: João Gabriel Rodrigues) 
Jaqueline vai se afastar das quadras para ter primeiro filho com Murilo (Foto: João Gabriel Rodrigues)
 
Susto

Houve quem também enfrentasse um turbilhão. Campeã da Superliga na última temporada, com o Rio de Janeiro, Natália trocará de ares e passará a defender o Campinas. Mas, no último mês, um erro do laboratório fez com que a ponteira caísse no exame antidoping. A jogadora recebeu um pedido de desculpas como sentença no julgamento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei. Embora o material que orientou a denúncia se referisse à presença da substância proibida 16-OH Prednisolone acima dos níveis permitidos, um laudo do próprio laboratório apontou que a concentração estava abaixo do limite, ou seja, dentro da lei.


Natália aceitou o exame sem exigir a contraprova e imaginou que se houvesse uma pena, seria branda. De acordo com a sua defesa, as medicações usadas legalmente para o tratamento de asma da atleta poderiam produzir a substância detectada pelo Ladetec. Um dos três remédios prescritos, o Symbicort, produz a substância o 16-OH Prednisolone, permitida em uma concentração de até 30 nanogramas por mililitro. Segundo a ponteira, o medicamento não oferece nenhuma vantagem competitiva e o seu uso é serve exclusivamente para preservar a sua saúde. Após o susto, ela respira aliviada.

info campeãs em londres (Foto: arte esporte)
 
Novos ares, novas promessas
Assim como Natália, outras jogadoras resolveram mudar os ares. Fernanda Garay deixou o Osasco e vai defender o Fenerbahçe, da Turquia. No caminho oposto, Paula Pequeno, que ficou fora dos primeiros amistosos da seleção, volta do clube europeu para liderar a nova equipe de Brasília, que vai estrear na Superliga.

- A intenção era realmente ficar no Brasil. Abri mão de dois contratos fora. Caso não tivesse uma ótima opção, já tinha pensado em começar a tocar outros projetos. Foi uma oportunidade ótima. A projeção é muito forte porque já nasce com um suporte muito bom de pessoas profissionais. Tem também intenção de ter uma categoria de base. E tem fato de ser em Brasília, minha terra.  Para mim, foi uma notícia muito boa – disse Paula, à época do anúncio da nova equipe.
E, com o novo ciclo olímpico, Zé Roberto também apresenta suas apostas para 2016. Gabi, destaque do título do Rio de Janeiro na última Superliga, é uma delas. A jogadora é vista por muitos como uma das maiores promessas das quadras brasileiras.

- Estava em Saquarema com a base e assistimos à final Olímpica juntos no ano passado. A gente cria essa expectativa, mas não imaginava que fosse ter a oportunidade tão rapidamente. Eu acompanhei as meninas, foi um grande ano, imaginava que teria renovação. Estou muito feliz com essa oportunidade, aprendendo muito e espero aproveitar. É muito legal treinar ao lado dos meus grandes ídolos. Elas me passam muita tranquilidade. Eu não tenho que pensar que ''sou a melhor'', a ''da minha geração''. Só busco o melhor, sem pressão. Meu grande sonho sempre foi estar num ciclo olímpico e depois  as Olimpíadas e quem sabe ganhar nos últimos dois anos.

Seleção atual:

Levantadoras:
Dani Lins
Fabíola
Claudinha

Opostos:
Sheilla
Natália
Monique
Tandara (afastada para cuidar de uma lesão no ombro)

Ponteiras:
Fernanda Garay
Michele
Pri Daroit
Gabi
Ellen

Centrais:
Thaisa
Fabiana
Adenízia
Bia
Juciely
Letícia Hage

Líberos:
Camila Brait
Fabi


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2013/07/um-ano-apos-londres-meninas-viram-celebridades-e-ze-busca-renovacao.html

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