sexta-feira, 1 de março de 2013

Em boletim de ocorrência, bugrino acusa Branco e presidente de coação


Segundo volante Eduardo, revelação do Guarani, de 17 anos, Álvaro Negrão e técnico alviverde o forçaram a assinar com empresário

Por Heitor Esmeriz e Murilo Borges Campinas, SP

Branco, técnico do Guarani (Foto: Carlos Velardi/ EPTV)Branco é um dos alvos do boletim de ocorrência do jovem Eduardo (Foto: Carlos Velardi/ EPTV)

O sumiço do volante Eduardo virou caso de polícia no Guarani. De um lado, a atual diretoria acusa o ex-presidente Marcelo Mingone de aliciar o jovem jogador. Do outro, a própria revelação bugrina registrou um boletim de ocorrência contra o atual presidente, Álvaro Negrão, e o técnico Branco, denunciando a dupla de forçá-lo a assinar contrato com o empresário Nenê Zini, parceiro do clube. A queixa foi feita no 5º Distrito Policial de Campinas na noite de quinta-feira.

Segundo o depoimento de Eduardo, de 17 anos, o gerente de futebol Isaías Tinoco o colocou em um carro para ir ao escritório de Nenê Zini. O volante disse que iria consultar sua mãe antes, mas Isaías falou que não haveria necessidade. Na chegada ao local, no Jardim Proença, Branco perguntou, ainda de acordo com o relato: "Você quer jogar no Guarani? Então entra lá na sala e conversa com o Álvaro Negrão e o Nenê Zini". Na sala, Eduardo conta que o presidente bugrino ameaçou deixá-lo parado caso não fechasse com o empresário: "Assina com o Nenê Zini, senão você vai ficar um ano e meio sem jogar", detalha o boletim de ocorrência.


O advogado Fábio Luiz de Oliveira, que representa Eduardo na ação, garante que o volante não assinou e, junto com a mãe e o empresário Hugo Ardison, decidiu prestar queixa. A polêmica começou quando terminou o contrato de empréstimo de Eduardo com o São Paulo, no fim de janeiro. A reapresentação ao Guarani estava marcada para o início de fevereiro. A partir daí, as partes têm versões diferentes.

Filipe Souza, advogado do Bugre, diz que o Guarani liberou o atleta para um período de descanso, mas não conseguiu entrar em contato na data marcada. Segundo Souza, em uma das ligações, Marcelo Mingone se passou por tio do jogador e pediu para que a diretoria não o procurasse mais. Já Fábio Luiz de Oliveira garante que Eduardo se reapresentou normalmente, mas parou de frequentar o clube depois do episódio.


Isaías Tinoco, Álvaro Negrão e Filipe Souza durante entrevista no Guarani (Foto: Carlos Velardi / EPTV)Isaías Tinoco, Álvaro Negrão e Filipe Souza falam sobre o caso de Eduardo (Foto: Carlos Velardi / EPTV)
 
- Ele é um menor, quase uma criança. Por tudo que aconteceu, não tem mais estrutura para treinar no Guarani. Quando se entra com uma ação dessas, ele (Eduardo) não é obrigado a ir treinar, já que não vai sofrer nenhuma sanção de abandono de emprego. Lógico que não vai receber salários neste período, mas não precisa se apresentar - argumentou Oliveira.
Acusar é fácil. O Brasil inteiro me conhece. Esse menino nunca treinou comigo, não o conheço. Não quero nem falar muito porque é algo ridículo"
Branco, técnico do Guarani e citado por Eduardo no BO

A defesa de Eduardo já entrou na Justiça com um pedido de rescisão indireta pela coação que o volante sofreu. Uma audiência está marcada para 7 de março para resolver o imbróglio.

- Um acordo é sempre melhor para todos, mas ainda não tivemos nenhuma conversa - explicou o advogado, por telefone, na tarde desta sexta-feira.
O presidente Álvaro Negrão foi procurado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM durante toda a tarde de sexta, mas não atendeu às ligações.

Branco, por sua vez, evitou estender o assunto na entrevista coletiva após o treinamento desta sexta-feira, mas, pelo pouco que falou, mostrou irritação em ver seu nome envolvido na polêmica.

- Acusar é fácil. Para mim, é muito simples. O Brasil inteiro me conhece. Esse menino nunca treinou comigo, não o conheço. Espero até que tenha sucesso na carreira. Não quero nem falar muito porque é algo extremamente ridículo. Já falei com o meu advogado e ele vai resolver. Se fui citado no BO, alguém vai ter que explicar isso na Justiça - disse o treinador.

O ex-presidente Marcelo Mingone rebateu as denúncias e também descartou qualquer tipo de envolvimento com o sumiço de Eduardo.

- Não falo com o Eduardo desde quando fui presidente, na época que ele saiu para o São Paulo. Não converso com a diretoria. A versão do advogado do Guarani é lamentável. Lamento muito eles querem se esconder atrás da péssima administração do clube. Estão tentando, por incapacidade e desespero, tumultuar - afirmou Mingone, que adiantou que vai processar o advogado Filipe Souza pelas acusações.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sp/campinas-e-regiao/noticia/2013/03/em-boletim-de-ocorrencia-bugrino-acusa-branco-e-presidente-de-coacao.html

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