sábado, 23 de fevereiro de 2013

Nem com apelo de Sean Penn: caso de americano preocupa corintianos


Ator tentou interceder para libertar Jacob Ostreicher, sem sucesso - ele continua encarcerado sem ser julgado. Brasileiros falam em corrupção

Por GLOBOESPORTE.COM São Paulo

O caso de um americano preso preventivamente na Bolívia há dois anos mostra que os 12 corintianos que tiveram a mesma prisão preventiva decretada na sexta-feira não terão vida fácil em Oruro, local da morte de um torcedor de 14 anos após ser atingido por um sinalizador que partiu da torcida brasileira. O empresário Jacob Ostreicher recebeu até a visita do ator Sean Penn – duas vezes – mas não conseguiu ter seu caso julgado até hoje. Com problemas de saúde, ele está internado há mais de dois meses em Santa Cruz de la Sierra.

Em junho de 2011, Ostreicher foi preso e acusado de colaboração com o narcotráfico e evasão de divisas, mesmo sem provas concretas sobre seu envolvimento nessa questão. A justiça boliviana trava o processo de julgamento do americano, e os envolvidos nesse caso e representantes da embaixada brasileira veem o mesmo motivo: corrupção.

De acordo com pessoas ouvidas pela reportagem, a justiça boliviana chega a cobrar US$ 15 mil por uma simples sentença. Tudo “por baixo dos panos”, claro. Para casos mais simples também há um preço: a trivial marcação de data de uma audiência pode valer até US$ 1 mil. O governo americano, e agora o brasileiro, recusam-se a pagar essas quantias.

No caso de Jacob Ostreicher, nem mesmo a visita de Sean Penn sensibilizou a justiça boliviana. Ainda sem data para o julgamento, o máximo que o empresário conseguiu foi a prisão domiciliar em dezembro do ano passado – ele não fica na cela com outros presos e vai para casa, mas tem saídas controladas pela polícia. Mesmo assim, isso só foi possível após o pagamento de uma fiança de US$ 14 mil.

Sean Penn pede libertação do empresário americano Jacob Ostreicher preso na Bolívia (Foto: AFP)Sean Penn foi à Bolívia pedir libertação do americano Jacob Ostreicher (Foto: AFP)

O caso abriu as portas para as autoridades descobrirem uma rede de extorsão dentro da própria polícia boliviana. Entre um juiz, oficiais do governo e promotores, 12 pessoas foram presas.

Mesmo assim, a embaixada brasileira vê dificuldades para os corintianos que estão em Oruro. Isso porque o “sistema” ainda é muito forte na Bolívia, e boa parte dos 100 a 120 brasileiros presos no país estão ali de forma preventiva – alguns esperam julgamento há mais de um ano.

– A justiça boliviana é muito lenta, e isso nos preocupa. Não os vejo saindo em menos de seis meses – lamentou o funcionário administrativo do Itamaraty, Beymar Duchén Rojas.

Enquanto o julgamento não ocorre, os advogados tentam um recurso para fazer com que os 12 corintianos respondam em liberdade à acusação de homicídio. Mesmo assim, não poderiam sair da Bolívia até que o caso fosse encerrado. O próprio juiz cautelar responsável pelas prisões reconheceu que “é muito fácil fugir do país”.

A tendência é que todos os investigados continuem na dependência da boa vontade da justiça local. Enquanto isso, os brasileiros vão ficar em duas celas na Penitenciária San Pedro, em Oruro, a 200 metros do Estádio Jesús Bermudez, local da morte do torcedor do San José.

torcedores corinthians presos (Foto: Ricardo Taves)Torcedores corintianos presos na Bolívia (Foto: Ricardo Taves)

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