Coronel responsável pela Penitenciária
San Pedro afirma que vai cumprir a lei, mas pondera: ‘Não sei se era
necessário prender todos eles’
Por Diego Ribeiro
Oruro, Bolívia
Cerca de 200 metros separam o estádio Jesús Bermúdez da penitenciária
de San Pedro, em Oruro. Foi no estádio que Kevin Beltrán Espada, de 14
anos, morreu ao ser atingido no olho por um sinalizador marítimo. E é na
penitenciária quase vizinha que os 12 torcedores brasileiros indiciados
por homicídio cumprem a prisão preventiva enquanto aguardam o
julgamento do caso.
As duas celas que recebem os corintianos são isoladas dos presos
bolivianos, amenizando um dos maiores temores dos brasileiros. Sequer há
contato visual entre eles, segundo o coronel Carlos Coritza,
responsável pela penitenciária. De acordo com a mulher de um dos presos,
no entanto, é possível ouvir os bolivianos, que gritaram "San José, San
José" na chegada dos brasileiros, na sexta-feira. Ela considerou o clima hostil e "assustador".
Vista
aérea da penitenciária de San Pedro, onde ficarão os torcedores do
Corinthians presos na Bolívia, e do estádio Jesús Bermúdez
(globoesporte.com, com fotos de Diego Ribeiro e imagem do Google)
- Temos de cumprir a lei, mas creio que nem todos ficarão por tanto
tempo. A questão é mais preventiva, pois eles podem fugir se responderem
ao processo em liberdade. Vamos obedecer à decisão do juiz cautelar,
mas não sei se era necessário prender todos eles – disse o coronel.
Segundo Carlos Coritza, a ocupação da penitenciária está acima de sua
capacidade: o local comporta 300 presos e atualmente tem 500
encarcerados.
Esta é a primeira vez que Oruro recebe presos brasileiros. E justamente
como consequência de uma tragédia que causou comoção nacional.
Penitenciária San Pedro (Foto: Diego Ribeiro)
Os 12 torcedores foram indiciados por homicídio na investigação da
morte de Kevin Espada e tiveram a prisão preventiva decretada nesta
sexta-feira. Representantes da embaixada brasileira na Bolívia preparam
recurso para fazer com que o grupo responda em liberdade.
A análise será feita pelo juiz cautelar Julio Huarachi Pozo, o mesmo
que decretou a prisão preventiva. A decisão sobre o recurso pode demorar
horas ou dias. Na apelação feita durante a análise das medidas
cautelares, o juiz se mostrou irredutível.
- Decidimos manter os 12 encarcerados nessa fase de investigação por
questões de segurança. Sabemos que não há provas contundentes, mas vamos
mantê-los encarcerados porque sabemos que é muito fácil sair da Bolívia
– argumentou Julio Pozo.
Da penitenciária é possível ver o estádio ao fundo (Foto: Diego Ribeiro)
Os torcedores reclamaram que estão em situação precária desde o momento
em que foram presos e pediram a ajuda da presidente Dilma Rousseff e do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Advogados e três agentes da
embaixada brasileira, entre eles o ministro conselheiro Eduardo Saboia,
acompanham o caso em Oruro.
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