Lateral-direito foi treinado pelo pai ainda criança e nunca cogitou seguir outra carreira. Elogiado este ano por Abel, quer ser integrado, mas mantém o foco
Julião é uma das principais promessas atuais de
Xerém (Foto: Rafael Cavalieri/Globoesporte.com)
Xerém (Foto: Rafael Cavalieri/Globoesporte.com)
Hoje, aos 18, ele é lateral-direito titular dos juniores do Fluminense, renovou recentemente o seu contrato até dezembro de 2017, foi convocado, passando assim a ter boas chances de disputar o Sul-Americano Sub-20 com a seleção brasileira, e ainda ganhou muitos elogios do técnico Abel Braga após participação na última rodada do Brasileiro. Foi seu primeiro jogo pelos profissionais.
Por tudo isso, Igor Julião idolatra o pai. Não tem Messi, Ronaldo, Cristiano Ronaldo... Para o lateral, Roberto é o melhor jogador e a grande inspiração. E ele lamenta a falta de apoio do avô, já que acredita que o pai seria um jogador famoso. Agora, o sonho é poder fazer o que ele não fez.
- Dizem que sou uma cópia do meu pai. Mas ele joga demais. Sempre foi minha inspiração. E nós trabalhamos juntos desde criança construindo esse sonho de virar jogador. Ninguém entendia como eu fazia treinos físicos toda semana com 7 anos de idade. Depois das peladas, que eu assistia por causa do meu pai, a gente ficava treinando finalizações, dribles, chutes... Meu pai faz o que meu avô não fez com ele - afirmou Julião, que na posição aponta Daniel Alves, do Barcelona, como referência.
Tanta dedicação deu certo. Em seu primeiro teste, aos 8 anos, foi aprovado e entrou no Fluminense. As dificuldades comuns a quem inicia a carreira eram amenizadas justamente pelo apoio da família. Morador de Bento Ribeiro, Julião encarava mais de uma hora de ônibus para treinar, sempre acompanhado ou de Roberto ou da mãe Andrea. Ela, por sinal, é outra que nunca pensou em ver o filho fazendo outra coisa.
- Ela é maluca mesmo (risos). Vai a todos os meus jogos, sofre, reza, chora e não vê um lance. Aí depois fica no carro me perguntando como foi, o que eu fiz, se o gol foi bonito... Assim não dá (risos) - brincou o lateral.
Início no meio até chegar às laterais
Originalmente, Igor Julião era apoiador. Jogava encostado nos atacantes e tentava ser o homem do último passe. Mas uma série de circunstâncias o levou para as laterais - é direito, mas já atuou na esquerda em diversas oportunidades. Ainda no infantil, fez alguns jogos após perceber o excesso de jogadores no meio, o que o deixava sem oportunidades. Mas foi no juvenil que a mudança se consolidou.
Wallace, recentemente vendido para o Chelsea, era o titular da lateral direita. E com as constantes convocações do concorrente para as seleções de base, o time precisava de um reserva. Foi aí que Julião decidiu de vez se dedicar à nova posição e começou não só a ter mais oportunidades como também a mostrar que tinha futuro. Hoje aceitaria jogar improvisado no meio, mas não se vê largando a lateral, principalmente porque ali diz ter mais espaço para explorar sua velocidade.
- Estou muito bem ali. Jogar no meio é mais complicado. A marcação congestiona tudo. Sou um lateral ofensivo, que gosta de ir até o fundo para buscar o cruzamento e ali na minha faixa do campo só tem o lateral-esquerdo para enfrentar quando eu recebo a bola. Ter passado pelo meio foi importante. Aprendi a desenvolver a minha habilidade e velocidade, mas agora só mesmo se o professor pedir - explicou Julião, que namora Carolina há quatro meses e já sonha em tirar a carteira de motorista.
Igor Julião ao lado do pai Roberto, seu grande ídolo, e da mãe Andrea (Foto: Arquivo Pessoal)
O roteiro do juvenil pode novamente se repetir agora entre os profissionais. Wallace ficará apenas mais seis meses no Fluminense antes de se apresentar oficialmente ao Chelsea. Quando isso acontecer, uma brecha se abre, e Igor Julião está com os olhos abertos para aproveitar. Mas, ao mesmo tempo, mantém os pés no chão para a ansiedade não atrapalhar o processo de transição.
E ele sabe como é sentir esse nervosismo. Na semana da última rodada do Brasileiro, recebeu a notícia de que seria relacionado por Abel Braga para o clássico contra o Vasco, já que os titulares ganharam férias antecipadas após a conquista do tetracampeonato. O processo todo durou três dias e quase o deixou sem dormir. No dia do jogo, começou no banco e relatou uma cena curiosa.
- Éramos todos juniores. E eu já estava ansioso porque sabia que o Bruno estava resfriado e que poderia entrar. O nervosismo batia em todo mundo que o pessoal da comissão deve ter gastado uns três litros de água com cada um (risos). A cada minuto era um copinho - brincou o lateral, que na folga passa boa parte do tempo de frente para o videogame.
Mas em campo o nervosismo passou e Julião mostrou qualidade. As arrancadas estavam lá, assim como as jogadas de linha de fundo e cruzamentos que o fizeram receber os elogios de Abel na coletiva pós-jogo. Ao escutar as palavras se emocionou e lembrou justamente do avô vascaíno - o único não tricolor da família - que teria ficado com o coração dividido ao vê-lo em campo.
- Ele estaria orgulhoso. Foi um dia especial e torço para que outros desses venham. Vou continuar trabalhando que uma hora a chance aparece e quero estar pronto para deixar uma boa impressão - finalizou.
Para o coordenador geral das categorias de base do Fluminense, Fernando Simone, um dos diferenciais de Julião é ter a cabeça no lugar.
- Trata-se de um tremendo talento. Julião tem muito potencial e uma cabeça excelente, muito diferente de outros jogadores. Ele é diferenciado e, apesar da forte competição na direita, sabe que sua hora vai chegar. E sei que estará pronto quando for a hora - garantiu.
Ano positivo na base
Em 2012, o Fluminense disputou seis competições nos juniores. Foi campeão estadual, vice da Copa São Paulo, terceiro no Torneio OPG e caiu nas quartas de final em outros três torneios: Taça BH, Copa do Brasil Sub-20 e Brasileirão Sub-20. Um desempenho classificado como positivo por Simone. Três jogadores serão oficialmente integrados ao elenco profissional a partir do início de 2013: o volante Rafinha, o meia Eduardo e o atacante Michael. Além deles, o próprio Julião, o lateral-esquerdo Fernando e o meia Emerson foram outros que se destacaram ao longo da temporada.
O foco no momento em Xerém é realizar uma boa campanha na próxima Copinha. Mesmo com uma mudança no limite de idade da competição, o Fluminense resolveu manter seu planejamento inicial e vai para o torneio com uma equipe mais jovem que as demais, com por exemplo três jogadores nascidos em 1996: o goleiro Marcos Felipe, o apoiador Robert e o atacante Kennedy. Convocado para a Seleção sub-20, Julião vai desfalcar a equipe.
- A idade limite da competição mudou. Ano passado era para os nascidos em 1993. Esse ano seria para os de 1994, mas será de novo 1993. Só que a grande maioria desses jogadores já estão no profissional, como o Higor, o Marcos Junior... Por isso resolvemos não mudar o planejamento.
Teremos a maior parte de 94, alguns 95 e até mesmo nascidos em 96. Certo é que vamos repetir a prospecção que fizemos no ano passado. Teremos observadores para analisar todas as equipes. Seis no total. Em 2012 contratamos nove jogadores após a competição. O Emerson, hoje titular dos juniores, foi um dos casos.
Ficha técnica:
Nome: Igor de Carvalho Julião
Nascimento: 23/08/1994, em Rio de Janeiro (RJ)
Idade: 18 anos
Altura: 1,75m
Peso: 62kg
Último clube: Nenhum
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2012/12/joia-2013-profissional-desde-os-7-anos-igor-juliao-sonha-com-chances.html
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