Primeiro brasileira a disputar o Circuito Mundial, artista de circo de 29 anos tenta fazer história no Mundial de Kazan, saltando do alto da imensa plataforma no rio Kazanka
Jacqueline Va
Jacqueline Valente e os detalhes do salto sobre penhasco (Romina Amato/Red Bull Content Pool )
A atleta não se abala. Entende a reação das pessoas quando descobrem que costuma saltar em queda livre de uma altura de 20 metros. Ela aprendeu até a transformar o estranhamento dos outros em motivo de piada. Costuma dizer por aí que cada um tem a sua loucura. A dela exige também responsabilidade e dedicação. Nesta terça-feira, a ideia ousada promete ganhar ainda mais sentido na carreira da ex-ginasta. Em sua estreia em Mundiais, a gaúcha tem a chance de virar a primeira brasileira campeã mundial da prova.
- Já escutei muito: “Sua doida, maluca”; “O que você está fazendo?”; “Quer se matar?”. Mas eu não sou a única. Tem muita gente na competição também, todos apaixonados pelo mesmo esporte. Normalmente, quando me perguntam isso, eu respondo que cada um nasceu com sua loucura dentro de si, e a minha é essa - brincou.
O início no esporte foi na ginástica artística, que é uma porta de entrada comum de futuros saltadores. Há dez anos, Jacqueline passou a fazer parte de um grupo de circo, chamado “Circo Dragone”, onde se apresentava pelo Europa dando piruetas. Depois de quatro anos, foi surpreendida pela notícia de que o grupo pretendia investir em números de saltos ornamentais. Foi aí que a gaúcha correu atrás para aprender a praticar o esporte. Primeiro saltando de 5m, depois de 10m, 18m e, finalmente, 20m.
Jacqueline Valente, salto sobre penhasco (Foto: Romina Amato/Red Bull Content Pool )
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Jacqueline, que antes achava uma loucura a ideia de saltar de 20 metros de altura, se apaixonou. Tanto que foi convidada para participar do circuito profissional da modalidade. Desde então, a primeira brasileira a praticar o esporte vem conhecendo diversões cartões postais pelo mundo do alto de uma plataforma de 20 metros de altura. A saltadora gaúcha mora na Cidade do México, onde treina diariamente com o objetivo de se especializar cada vez mais na modalidade.
O reconhecimento do esporte pela Federação Internacional de Natação (Fina) também ajudou a impulsionar Jaqueline. Na estreia da disputa no Mundial, em Barcelona 2013, a brasileira teve de ficar fora para se recuperar de uma cirurgia no joelho. Dois anos depois, ela se sente pronta e privilegiada por poder brigar pela medalha na primeira participação do Brasil nesta prova.
- Estou me sentindo muito honrada, não tenho palavras para explicar a felicidade de estar fazendo parte de um Mundial. Em 2013 eu estava com cirurgia no joelho e não pude participar. Mas estou feliz de estar aqui sendo a única brasileira. A minha expectativa é fazer meus três saltos da melhor maneira que eu posso, e o resultado a gente vai descobrir depois da competição - completou.
Brasileira de 29 anos responde aos comentários
de quem estranha a prática: "Cada um com
sua loucura" (Getty Images)
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