quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Nervosismo, provocação e alegria: a noite de êxtase dos donos do Horto

Com poucos minutos de silêncio, torcida do Atlético-MG vive inúmeras sensações no Independência. Torcida grita o tempo todo, mas alívio só vem com apito final


Por
Belo Horizonte



O atleticano é o dono do Horto. Diz o que quer, da forma que quer, no tom que quer. Sente-se em casa. Coloca os pés para cima. Sente-se à vontade. Só não trata bem seus visitantes. Especialmente se eles vestirem azul. A decisão dessa quarta-feira, da Copa do Brasil, começou e se encerrou da mesma forma. A versão alvinegra de “Decime que se siente” embalou o pré e o pós-jogo do primeiro encontro da decisão. Em uma só voz.

A torcida do Atlético-MG, única no Independência, viveu cada minuto da partida. Mesmo que não tenha lotado o estádio. Os gritos não pararam. O repertório era vasto. A arena no Horto, mesmo que tenha cadeiras para todos os torcedores após a reforma, não parecia ter uma alma atleticana sentada. 

Mas a agitação era um estímulo para aliviar a tensão. A defesa de Victor com poucos segundos de jogo e celebrada como um gol serviu para liberar a ansiedade. Ainda foi possível aumentar o estrondo da massa atleticana. Luan foi o responsável, com o gol aos oito minutos. O nervosismo ainda existia, tanto que a comemoração durou apenas até a saída de bola cruzeirense. Aí vieram as vaias ao adversário.

Atlético-MG x Cruzeiro - Copa do Brasil (Foto: Gustavo Andrade)
Em pé e sem se calar: atleticano viveu cada 
minuto do primeiro jogo da decisão 
(Foto: Gustavo Andrade)


Dois minutos mais tarde foi a vez de o hino atleticano ser entoado. O anfitrião mostrava quem mandava na casa.  O Cruzeiro tinha dificuldades. Não evoluía seu jogo. Se trocasse mais de três passes, teria que aguentar as vaias em uníssono no Independência. Houve um pequeno intervalo de calmaria, mas a importância do jogo não deixou que ela se estendesse. Ninguém se sentou. Somente por poucos minutos durante o intervalo, até que o time atleticano regressasse.

Tardelli mostrou sentir dores na virilha após uma jogada no início do segundo tempo. Os atleticanos, apreensivos, gritaram seu nome. O nervosismo na arquibancada parecia maior.  

- Ai, meu Deus, meu coração não dá conta disso, não – bradou um torcedor, aos 11 minutos da segunda etapa, no setor Ismênia do estádio.  

Alexandre Cardoso, torcedor do Atlético-MG (Foto: Daniel Mundim)Alexandre Cardoso cruzou os dedos a cada ataque do Cruzeiro (Foto: Daniel Mundim)


Dois minutos depois o coração daquele atleticano deu conta. Pulsou com o gol de Dátolo. Uma nova explosão de alegria e quase incredulidade. Perto dali, Alexandre Cardoso subia as grades, pulava, gritava, se esgoelava. Parecia se sentir sozinho. Conversava com o time. Os dedos estavam sempre cruzados a cada subida ao ataque do Cruzeiro. Mas a tensão não escondia o brilho daquele momento para ele, que queria ver torcedores celestes no estádio para completar a festa. 
  
- Foi contra o Corinthians, foi contra o Flamengo, agora o Cruzeiro! Eu gostava de ver o Mineirão dividido. Sou da época meio a meio. Sou atleticano, mas, Kalil, fale menos... – declarou Alexandre, interrompendo a fala para praticamente ordenar, com xingamento, que Marcelo Moreno deixasse a área atleticana.   

O Independência fervia, e os jogadores atleticanos foram juntos. A cada escanteio, era fácil ouvir: “É sua, Léo!”. Um pedido para que o capital Leonardo Silva usasse a cabeça. Mas não houve oportunidades. Aos 46 minutos, o grito que embala o Galo desde a Libertadores do ano passado foi usado pela primeira vez. “Eu acredito!” ecoou no Independência. No entanto, com os 2 a 0 desta quarta, ficou mais fácil acreditar.  

- O Galo atropelou, é vitória nossa. Se não tivesse feito, poderia ter perdido. Mas a melhor carta na manga do Kalil foi isso aí, a pressão é toda nossa. Quando tem o Cruzeiro na frente, a emoção é muito maior. Eles tremem! – comemorou o torcedor Gustavo Tempone.

Torcida do Atlético-MG no Independência (Foto: Daniel Mundim)
Cadeiras para quê? Torcida do Atlético-MG 
não senta um minuto (Foto: Daniel Mundim)


FONTE:

Nenhum comentário: