Com poucos minutos de silêncio, torcida do Atlético-MG vive inúmeras sensações no Independência. Torcida grita o tempo todo, mas alívio só vem com apito final
O
atleticano é o dono do Horto. Diz o que quer, da forma que
quer, no tom que quer. Sente-se em casa. Coloca os pés para cima.
Sente-se à
vontade. Só não trata bem seus visitantes. Especialmente se eles
vestirem azul. A decisão dessa quarta-feira, da Copa do Brasil, começou e
se encerrou da
mesma forma. A versão alvinegra de “Decime que se siente” embalou o pré e
o
pós-jogo do primeiro encontro da decisão. Em uma só voz.
A torcida do Atlético-MG, única no Independência, viveu cada
minuto da partida. Mesmo que não tenha lotado o estádio. Os gritos não pararam. O repertório era vasto. A arena no
Horto, mesmo que tenha cadeiras para todos os torcedores após a reforma, não parecia ter uma alma atleticana sentada.
Mas
a agitação era um estímulo para aliviar a tensão. A
defesa de Victor com poucos segundos de jogo e celebrada como um gol
serviu
para liberar a ansiedade. Ainda foi possível aumentar o estrondo da
massa
atleticana. Luan foi o responsável, com o gol aos oito minutos. O
nervosismo ainda existia, tanto que a comemoração durou apenas até a
saída de bola cruzeirense. Aí vieram as vaias ao adversário.
Em pé e sem se calar: atleticano viveu cada
minuto do primeiro jogo da decisão
(Foto: Gustavo Andrade)
Dois minutos
mais tarde foi a vez de o hino atleticano ser entoado. O anfitrião mostrava quem
mandava na casa.
O Cruzeiro tinha dificuldades. Não evoluía seu jogo. Se
trocasse mais de três passes, teria que aguentar as vaias em uníssono no
Independência. Houve um pequeno intervalo de calmaria, mas a importância do
jogo não deixou que ela se estendesse. Ninguém se sentou. Somente por poucos
minutos durante o intervalo, até que o time atleticano regressasse.
Tardelli
mostrou sentir dores na virilha após uma jogada no início do segundo
tempo. Os atleticanos, apreensivos, gritaram seu nome. O nervosismo na
arquibancada parecia maior.
- Ai, meu Deus, meu coração não dá conta disso, não – bradou
um torcedor, aos 11 minutos da segunda etapa, no setor Ismênia do estádio.
Alexandre Cardoso cruzou os dedos a cada ataque do Cruzeiro (Foto: Daniel Mundim)
Dois minutos depois o coração daquele atleticano deu conta.
Pulsou com o gol de Dátolo. Uma nova explosão de alegria e quase incredulidade.
Perto dali, Alexandre Cardoso subia as grades, pulava, gritava, se esgoelava. Parecia
se sentir sozinho. Conversava com o time. Os dedos estavam sempre cruzados a
cada subida ao ataque do Cruzeiro. Mas a tensão não escondia o brilho daquele
momento para ele, que queria ver torcedores celestes no estádio para completar
a festa.
- Foi contra o Corinthians, foi contra o Flamengo, agora o
Cruzeiro! Eu gostava de ver o Mineirão dividido. Sou da época meio a meio. Sou
atleticano, mas, Kalil, fale menos... – declarou Alexandre,
interrompendo a fala para praticamente ordenar, com xingamento, que Marcelo Moreno deixasse a
área atleticana.
O Independência fervia, e os jogadores atleticanos foram
juntos. A cada escanteio, era fácil ouvir: “É sua, Léo!”. Um pedido para que o
capital Leonardo Silva usasse a cabeça. Mas não houve oportunidades. Aos 46
minutos, o grito que embala o Galo desde a Libertadores do ano passado foi
usado pela primeira vez. “Eu acredito!” ecoou no Independência. No entanto, com
os 2 a 0 desta quarta, ficou mais fácil acreditar.
- O Galo atropelou, é vitória nossa. Se não tivesse feito,
poderia ter perdido. Mas a melhor carta na manga do Kalil foi isso aí, a
pressão é toda nossa. Quando tem o Cruzeiro na frente, a emoção é muito maior.
Eles tremem! – comemorou o torcedor Gustavo Tempone.
Cadeiras para quê? Torcida do Atlético-MG
não senta um minuto (Foto: Daniel Mundim)
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