quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Volta nos Jogos do Rio vira esperança de popularização do golfe no Brasil

Ainda predominantemente praticado pela elite no Brasil, modalidade pretende ganhar novos adeptos com projetos sociais impulsionados pelas Olimpíadas de 2016


Por Rio de Janeiro

Header 2 anos para Rio 2016 (Foto: Infoesporte)




O retorno do golfe para os Jogos Olímpicos tem data marcada: agosto de 2016, no Rio de Janeiro. A primeira edição disputada na América do Sul marcará também a volta da modalidade depois de 112 anos. A reestreia será em um “terreno” ainda pouco habituado com o esporte. Sem tradição e com poucos representantes atuando como profissionais, o golfe brasileiro espera aproveitar o privilégio de receber o torneio para impulsionar e popularizar a prática do jogo no país.

- A volta do golfe às Olimpíadas trará mais popularidade ao esporte aqui no Brasil. Muitos amigos e conhecidos meus que não fazem parte do mundo do golfe me mandam mensagens e perguntas sobre minha opinião e expectativa para 2016. Como todos sabem, o golfe ainda é um esporte praticado pela elite no Brasil, e o por isso o acesso é bem restrito à população. Precisamos de campos públicos, onde crianças possam começar a aprender o esporte e também os valores e princípios que o golfe ensina - opinou Victoria Lovelady, um dos principais nomes do golfe brasileiro na atualidade. 
 
campo de golfe rio 2016 (Foto: Divulgação/Greenleaf)
Primeiro campo de golfe olímpico do 
Brasil está sendo construído no Rio  
(Foto: Divulgação/Greenleaf)

O histórico do golfe nos Jogos Olímpicos se resume a duas participações: em 1900 e 1904. De lá para cá, foi uma sequência de tentativas frustradas de voltar ao disputado quadro olímpico. Até que uma assembleia do Comitê Olímpico Internacional realizada em 2009 decidiu pelo retorno da modalidade exatamente nas Olimpíadas do Rio, em 2016. A permanência na competição, no entanto, é garantida apenas até 2020. Em 2017, uma nova votação decidirá os esportes das edições de 2024 em diante.
    
Palco da volta da modalidade, o Brasil tem pouca intimidade e tradição no golfe. O país não teve representantes nas edições de 1900 e 1904, mas tem as primeiras participações praticamente garantidas em 2016. Por ser país-sede, o Brasil tem direito a um representante por gênero. Mas, de acordo com os critério de classificação divulgados pela Confederação Brasileira de Golfe, o benefício só será utilizado se o jogador fizer parte do ranking olímpico, independentemente de colocação e pontuação.
   
Rio 2016 vai ser um divisor de águas, vai solidificar o golfe no país. Nos últimos dois anos, já teve uma evolução imensa
Márcio Galvão, diretor executivo da CBG

A classificação geral dos atletas que vão competir no Rio sairá da lista dos 60 primeiros colocados do ranking mundial no dia 11 de julho de 2016. Os 15 primeiros são convocados automaticamente respeitando um limite de quatro atletas por país. A partir da posição 16, o limite será de dois por país. Como alguns países têm vários representantes entre os primeiros colocados, principalmente os Estados Unidos, a promessa é de muitos cortes para a formação da lista olímpica.  

- Se o Brasil estiver dentro dos 60, não tem convidado. Essa garantia é se um homem ou mulher não tiver entrado na lista dos 60. E, para ser convidado, precisa ter ponto no ranking mundial – explicou Márcio Galvão, diretor executivo da Confederação Brasileira de Golfe. 

O Brasil tem hoje poucos jogadores no ranking olímpico. Mas, de acordo com o critério de corte estipulado pela Federação Internacional para 2016, o país teria um jogador garantido entre os 60: Adilson Silva. Atualmente, ele é o número 284 do mundo, mas, com os cortes, ocupa a 55ª colocação na lista para as Olimpíadas. Os próximos depois dele são Fernando Mechereffe (682) e Alexandre Rocha (699).

golfe Adilson Silva (Foto: Divulgação)
Adilson Silva, o principal nome do golfe 
brasileiro na atualidade 
(Foto: Divulgação)

No feminino, Miriam Nagl é a única brasileira pontuada no ranking mundial atualmente. Mas Victoria Leite e Angela Park também prometem brigar pela vaga dada ao país-sede. A única regra para receber o benefício é fazer parte do ranking olímpico no dia 11 de julho de 2016. A mais bem colocada até a data estipulada ficará com a vaga.

Atualmente, a maioria dos principais nomes do golfe profissional do Brasil treina no exterior. Adilson Silva mora na África do Sul. Fernando Mechereffe e Angela Park treinam nos Estados Unidos, enquanto Miriam Nagl vive na Alemanha. Victoria Lovelady morou sete anos nos Estados Unidos, três na Colômbia e, no início de 2014, voltou para São Paulo. A evasão dos atletas brasileiros sempre foi um caminho natural para os que pretendiam se profissionalizar na carreira de jogador de golfe. Sem tradição no país, a modalidade nunca foi foco de investimentos. No Rio de Janeiro, a casa dos Jogos de 2016, há um único campo de golfe público, o Japeri Golfe Clube. Ainda assim, tem apenas nove buracos, a metade do estipulado para uma competição olímpica.

A expectativa, no entanto, é que edição brasileira dos Jogos Olímpicos seja um divisor de águas para o esporte no país. Um novo campo está sendo construído na Barra da Tijuca e, segundo os organizadores, depois das Olimpíadas, será público e ficará de legado para o surgimento de novos talentos, competições e treinamentos dos atletas de ponta. O local da construção da instalação, no entanto, tem sido alvo de críticas ambientais e disputas jurídicas.

projeto social golfe Japeri (Foto: Débora Vives / Globoesporte.com)Campo público de Japeri coloca crianças carentes em contato com o golfe (Foto: Débora Vives)

- Acho que o golfe nas Olimpíadas vai ser uma grande coisa para o golfe no país. Bastante gente olhando o golfe na televisão vai causar interesse - afirmou Adilson Silva.

A volta do golfe ao programa olímpico na edição do Rio é vista com enorme otimismo por atletas e dirigentes da modalidade no Brasil. Segundo Márcio Galvão, já é possível notar a evolução nos últimos dois anos no número de crianças em contato com a modalidade, além do surgimento de novos projetos sociais.  

- O impacto é muito favorável. Com várias ações junto às escolas e programas sociais, 28 mil crianças tiveram contato com o golfe. Pretendemos chegar ao número de 150 mil. Estamos com um programa, o “Golfe para a vida”, para a formação de talentos e cidadania. Também treinamos 150 professores de educação física. O Rio 2016 vai ser um divisor de águas, vai solidificar o golfe no país. Nos últimos dois anos, já teve uma evolução imensa. 


FONTE:

Nenhum comentário: