A CRÔNICA
por
Diego Ribeiro
Louis Van Gaal pode ser arrogante, sisudo, chato. Mas sabe que tem
algumas joias que fazem a Holanda ser, talvez, o time mais traiçoeiro
desta Copa do Mundo. Ela deixa o adversário jogar, sofre pressão em
alguns momentos, mas na hora de decidir... Mesmo sem Van Persie, a
Laranja segurou o empolgado Chile na tarde desta segunda-feira, na Arena
Corinthians, fez 2 a 0 em dois lances isolados e garantiu a liderança
do Grupo B, com nove pontos. Com o brilho de Robben e os gols dos
reservas Fer e Memphis Depay, os holandeses calaram o mar de chilenos no
estádio – foram a grande maioria dos 62.996 pagantes.
Com seis pontos, o Chile termina a primeira fase na segunda posição, provavelmente no caminho do Brasil já nas oitavas de final – se a seleção de Felipão vencer Camarões. A Holanda enfrenta seu rival no domingo, às 13h (horário de Brasília), no Castelão, enquanto o Chile aguarda o líder do Grupo A, sábado, às 13h, no Mineirão.
Van Gaal disse um dia antes do jogo: o Brasil não deve querer enfrentar a Holanda. Ninguém deve querer. O talento, mesmo, está concentrado no ataque, com Sneijder, Robben e Van Persie – que voltará às oitavas de final com sede de gols. Mesmo assim, o técnico tem uma liderança e um domínio sobre o grupo capaz de colocar Dirk Kuyt, atacante, como um lateral-esquerdo. Ele não deixou Alexis Sánchez jogar.
O Chile leva uma lição para aprender em casa. Mesmo com um time mais talentoso, é preciso saber o momento certo de vencer. Arturo Vidal faz uma falta imensa ao meio-campo, que não mostrou criatividade nesta segunda-feira – poupado, o meia voltará ao time nas oitavas.
Partida tem início morno
Hino à capela, torcida quase inteira a favor, um técnico que não parou de se mexer na sua área ao lado do campo... O Chile fez da Arena Corinthians a sua própria casa, e por isso propôs o jogo, deixando a Holanda mais posicionada em seu campo de defesa. Com 68% da posse de bola durante o primeiro tempo, os chilenos tocaram, tocaram, tocaram e acharam poucos espaços na disciplinada seleção europeia.
Louis Van Gaal sabia que o adversário não teria Arturo Vidal. Com as
atenções concentradas em Alexis Sánchez, o holandês não teve vergonha de
colocar o atacante Dirk Kuyt na lateral esquerda, ajudando Blind,
formando uma linha de cinco defensores e encaixotando o principal
jogador chileno em uma área muito limitada de atuação.
Sem poder entrar em campo, o técnico Jorge Sampaoli não parou de se mexer. Como se regesse sua própria orquestra, orientou, abriu os braços, reclamou de três supostos pênaltis em seus jogadores – em dois deles, o holandês Ron Vlaar bancou o valentão e deu bronca dura em Vargas e Alexis, acusando-os de cavarem a penalidade. A impaciência começou a atrapalhar o Chile.
A Holanda usou exatamente a arma que rendeu a goleada histórica sobre a Espanha. Chamou ainda mais o rival e deu dois botes, nas chances mais claras da primeira etapa. Sem Van Persie, suspenso, Robben chamou a responsabilidade, roubou bolas e armou sozinho os contra-ataques. Aos 38 minutos, o lance quase decisivo: o camisa 11 disparou na diagonal, em seu movimento característico, e chutou sem chances para Bravo. A bola passou pertinho da trave esquerda.
Sem gols, os torcedores chilenos e holandeses mostraram tensão. Os brasileiros fizeram piada e cantaram músicas da seleção nacional. Os corintianos gritaram “Timão” e provocaram Valdivia, palmeirense, que estava no banco de reservas.
Jogo aéreo alivia os holandeses
A Holanda demorou para descobrir o ponto fraco da defesa chilena. Estava ali, escancarada, a diferença de altura entre os jogadores das duas seleções. Van Gaal preferiu continuar confiando no brilho de Robben, cada vez mais isolado entre um mar de chilenos. Ainda assim, exigiu grande defesa de Bravo em chute de fora da área.
O Chile precisava vencer, e queria o resultado para manter a maré de
confiança que tomou conta do país nas últimas semanas. Jorge Sampaoli,
mais do que ninguém, teve essa noção. Tirou o zagueiro Francisco Silva e
lançou Valdivia, que entrou em campo num misto de vaias e aplausos –
coisas de palmeirenses e corintianos. Sampaoli sabia que emoções maiores
viriam. Só não sabia para qual lado.
A saída de Silva acabou deixando um buraco maior na defesa. Só aí a Holanda resolveu investir nas jogadas aéreas. Van Gaal tirou o apagado Sneijder, 1,71m, e lançou o meio-campista Leroy Fer, 1,88m – mais alto do que toda a zaga chilena. No primeiro escanteio vindo da direita, Janmaat só teve o trabalho de alçar a bola na área. Aos 31 minutos, Fer, sozinho, deslocou Cláudio Bravo e iniciou a festa laranja na Arena Corinthians.
Sampaoli ainda tentou levar o Chile ao ataque com a mesma arma. Colocou Pinilla, 1,85m, para reforçar o poder ofensivo. Não é essa a característica da “Roja”. As bolas alçadas na área mais pareciam desespero. E não funcionaram. Nos acréscimos, De Jong lançou Robben na velocidade, pela esquerda, e o atacante holandês fez o que se espera dele: foi ao fundo e rolou com açúcar para Memphis Depay empurrar para a rede e fechar o placar.
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Com seis pontos, o Chile termina a primeira fase na segunda posição, provavelmente no caminho do Brasil já nas oitavas de final – se a seleção de Felipão vencer Camarões. A Holanda enfrenta seu rival no domingo, às 13h (horário de Brasília), no Castelão, enquanto o Chile aguarda o líder do Grupo A, sábado, às 13h, no Mineirão.
Van Gaal disse um dia antes do jogo: o Brasil não deve querer enfrentar a Holanda. Ninguém deve querer. O talento, mesmo, está concentrado no ataque, com Sneijder, Robben e Van Persie – que voltará às oitavas de final com sede de gols. Mesmo assim, o técnico tem uma liderança e um domínio sobre o grupo capaz de colocar Dirk Kuyt, atacante, como um lateral-esquerdo. Ele não deixou Alexis Sánchez jogar.
O Chile leva uma lição para aprender em casa. Mesmo com um time mais talentoso, é preciso saber o momento certo de vencer. Arturo Vidal faz uma falta imensa ao meio-campo, que não mostrou criatividade nesta segunda-feira – poupado, o meia voltará ao time nas oitavas.
Partida tem início morno
Hino à capela, torcida quase inteira a favor, um técnico que não parou de se mexer na sua área ao lado do campo... O Chile fez da Arena Corinthians a sua própria casa, e por isso propôs o jogo, deixando a Holanda mais posicionada em seu campo de defesa. Com 68% da posse de bola durante o primeiro tempo, os chilenos tocaram, tocaram, tocaram e acharam poucos espaços na disciplinada seleção europeia.
Leroy Fer celebra o primeiro gol: ao fundo, mar
de chilenos se cala na arquibancada (Foto:
Agência Reuters)
Sem poder entrar em campo, o técnico Jorge Sampaoli não parou de se mexer. Como se regesse sua própria orquestra, orientou, abriu os braços, reclamou de três supostos pênaltis em seus jogadores – em dois deles, o holandês Ron Vlaar bancou o valentão e deu bronca dura em Vargas e Alexis, acusando-os de cavarem a penalidade. A impaciência começou a atrapalhar o Chile.
A Holanda usou exatamente a arma que rendeu a goleada histórica sobre a Espanha. Chamou ainda mais o rival e deu dois botes, nas chances mais claras da primeira etapa. Sem Van Persie, suspenso, Robben chamou a responsabilidade, roubou bolas e armou sozinho os contra-ataques. Aos 38 minutos, o lance quase decisivo: o camisa 11 disparou na diagonal, em seu movimento característico, e chutou sem chances para Bravo. A bola passou pertinho da trave esquerda.
Sem gols, os torcedores chilenos e holandeses mostraram tensão. Os brasileiros fizeram piada e cantaram músicas da seleção nacional. Os corintianos gritaram “Timão” e provocaram Valdivia, palmeirense, que estava no banco de reservas.
Jogo aéreo alivia os holandeses
A Holanda demorou para descobrir o ponto fraco da defesa chilena. Estava ali, escancarada, a diferença de altura entre os jogadores das duas seleções. Van Gaal preferiu continuar confiando no brilho de Robben, cada vez mais isolado entre um mar de chilenos. Ainda assim, exigiu grande defesa de Bravo em chute de fora da área.
Memphis Depay empurra para o fundo da rede:
era o segundo gol da Holanda (Foto: Reuters)
A saída de Silva acabou deixando um buraco maior na defesa. Só aí a Holanda resolveu investir nas jogadas aéreas. Van Gaal tirou o apagado Sneijder, 1,71m, e lançou o meio-campista Leroy Fer, 1,88m – mais alto do que toda a zaga chilena. No primeiro escanteio vindo da direita, Janmaat só teve o trabalho de alçar a bola na área. Aos 31 minutos, Fer, sozinho, deslocou Cláudio Bravo e iniciou a festa laranja na Arena Corinthians.
Sampaoli ainda tentou levar o Chile ao ataque com a mesma arma. Colocou Pinilla, 1,85m, para reforçar o poder ofensivo. Não é essa a característica da “Roja”. As bolas alçadas na área mais pareciam desespero. E não funcionaram. Nos acréscimos, De Jong lançou Robben na velocidade, pela esquerda, e o atacante holandês fez o que se espera dele: foi ao fundo e rolou com açúcar para Memphis Depay empurrar para a rede e fechar o placar.
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