A CRÔNICA
por
Alexandre Lozetti
Alexandre Pato nasceu em 2 de setembro de 1989, um dia depois de o Corinthians festejar seus 79 anos. E não é que, neste mundo moderno de 2013, um jovem e um senhor de idade ainda conseguem soprar velinhas juntos. Ele foi o principal dos 39.361 convidados (36.541 pagantes) que foram à grande festa no Pacaembu. Abriu o caminho para que o Timão goleasse impiedosamente o Flamengo por 4 a 0, numa superioridade de futebol e competitividade muito maior do que a diferença de história e número de torcedores entre os clubes mais populares do país.
Pato comemorou seus 24 anos de forma antecipada no dia dos 103 do Timão. Fez um de seus melhores jogos no ano, na tarde que também marcou a primeira goleada da equipe na competição e seu melhor público no ano. O atacante fez dois gols no primeiro tempo - chegou a 102 na carreira -, e participou do terceiro na etapa final, antes de ser substituído. Mais uma vitória com a cara do campeão mundial: uma defesa sólida, quase intransponível, e eficiência invejável nas conclusões.
- Posso falar que foi um jogo especial. No dia do aniversário do Corinthians, amanhã (segunda) é meu aniversário, fazer dois gols e terminar com esse placar de 4 a 0 em cima de um time como o do Flamengo é sempre especial. Ainda mais nesse dia - afirmou Pato.
A torcida alvinegra se reencontrou com os antigos ídolos Elias e Chicão, muito aplaudidos, Mano Menezes e André Santos, recebidos com respeito e discrição, e o goleiro Felipe, vaiado do início ao fim. Vaias que deram o tom do que (não) jogou o Flamengo no Pacaembu. Com os setores muito distantes, frágil pelos lados e sem criatividade, em momento algum o time carioca esboçou brigar pela vitória.
O jogo também deixou claros os objetivos dos times no Brasileirão. O Corinthians quer o título. São dez partidas sem derrota, ainda que o número de cinco empates nessa série seja significativo. Já o Flamengo, há cinco rodadas sem vencer, cada vez mais vê as equipes da zona de rebaixamento pontuarem e se aproximarem.
- O momento é delicado, nenhum time quer correr risco de rebaixamento, mas é nossa realidade, acontece. Não fomos bem. Viemos de um jogo muito cansativo contra o Cruzeiro, e hoje o time criou muito pouco - avaliou Moreno.
Os times voltam a campo nesta quarta-feira pelo Campeonato Brasileiro. O Corinthians visita o Internacional, às 21h50m, em Novo Hamburgo, enquanto o Beira-Rio segue fechado para obras. Já o Flamengo voltará a atuar no Maracanã, às 19h30m, diante do Vitória. Classificados, os times de maior torcida do país também aguardam o sorteio da Copa do Brasil que vai definir datas e ordem dos mandos dos jogos das quartas de final. O Timão terá o Grêmio pela frente, enquanto o Fla vai disputar dois clássicos contra o Botafogo.
Jogo de xadrez
Os gaúchos Tite e Mano Menezes vestiam camisas em tons de cinza escuro e calças pretas. Pareciam jogadores de xadrez. E muito das estratégias dos times passou pela escalação do meia Paulinho improvisado na lateral direita do Flamengo. Tite ainda dava entrevista, antes do jogo, quando chamou Fábio Santos à beira do campo e falou em seu ouvido. Queria ajeitar a marcação e o apoio por seu lado, o mesmo do rival rubro-negro.
"Vai, Paulinho!", gritou o treinador do Fla logo nos primeiros minutos. E ele foi, recebeu de Rafinha, mas errou o domínio e a finalização, que saiu por cima do gol de Cássio. Pato, que começou o jogo pela esquerda, não acompanhou o lateral. Era uma ordem de Tite para que ele não se desgastasse muito: marcar só até o meio-campo. Ordem que se mostraria sábia alguns minutos depois.
O comandante campeão do mundo sabe como ninguém mexer em seus peões. O tabuleiro estava confuso, travado, até que ele tirou Pato do lado esquerdo e colocou Romarinho por ali. Uma tabela de seu novo "ponta" com direito a toque de calcanhar de Douglas resultou no cruzamento e na finalização de Pato, ainda mais livre: 1 a 0.
A bronca de Mano era com André Santos. Ele perguntou ao jogador, que
deveria ser uma das peças rubro-negras mais importantes, se ele ficaria
parado, esperando a bola chegar. Quando ela chegou, ele perdeu. E no
contra-ataque, Douglas fez o que o adversário não fez: armou com
precisão. Um lançamento preciso para que Pato driblasse Felipe e, apesar
do pouco ângulo, esbanjasse categoria no tapa para o gol vazio.
Com as atuações inoperantes de Carlos Eduardo, Rafinha e André Santos, Marcelo Moreno saiu muito da área para buscar o jogo, mas foi seguido pelo zagueiro Felipe, firme. O Flamengo assistiu à festa, ao olé, e aos parabéns dos aniversariantes corintianos para o aniversariante Pato.
E pro Corinthians nada? Tudo!
Gabriel voltou no lugar de Carlos Eduardo. O ex-meia do Bahia era o trunfo de Mano para dar mais criatividade ao Fla, que assumiu postura mais adiantada no início do segundo tempo. Mas o Corinthians é especialista em levar a partida no ritmo que quer. A zaga, muito eficiente e bem protegida, sofre pouco. O resto do time marca e aproveita as oportunidades para oferecer perigo ao adversário.
Nessa toada, o Timão permitiu que o Flamengo se aproximasse mais de sua
área, mas seguiu mais perigoso, sobretudo nos lançamentos de Douglas
para Pato, mantido do lado direito, onde terminou o primeiro tempo.
Entre um escanteio e outro, num rebote, Ralf quase fez belo gol em chute
de primeira.
No xadrez de Tite e Mano, as chances de gol eram raras. A bola parada se tornou esperança das duas equipes. Bola que, por sinal, parou nas mãos de Fábio Santos, em tentativa do Fla, e Chicão, após cruzamento de Pato. O árbitro Wilton Pereira Sampaio ignorou os desvios, já que os braços estavam próximos ao corpo. Porém, quando Elias tentou o passe, e a bola bateu no estômago e na coxa do zagueiro Felipe, ele deu falta e cartão amarelo. Chicão agradeceu, e cobrou com muito perigo, à esquerda de Cássio.
Se contra o Luverdense, no meio da semana, o Corinthians já administrou o placar de 2 a 0 construído no primeiro tempo, imagine no clássico nacional... Edenilson até cochilou e perdeu dentro da área para André Santos, mas foi salvo por Cássio. O jogo caminhava para ficar sonolento em seu final, até que o ataque corintiano apareceu de novo.
Sheik estava prontinho para entrar no lugar de Pato. Viu, da beira do campo, o atacante participar do terceiro gol. O ex-corintiano Chicão cortou o cruzamento de Edenilson e o chute do quase aniversariante, mas não teve o que fazer no rebote que sobrou para Romarinho. A zaga do Fla só admirou.
Sheik estava em campo. E, dessa vez, dentro da área, foi derrubado por João Paulo. Guerrero bateu o pênalti com força e precisão: 4 a 0.
Alexandre Pato nasceu em 2 de setembro de 1989, um dia depois de o Corinthians festejar seus 79 anos. E não é que, neste mundo moderno de 2013, um jovem e um senhor de idade ainda conseguem soprar velinhas juntos. Ele foi o principal dos 39.361 convidados (36.541 pagantes) que foram à grande festa no Pacaembu. Abriu o caminho para que o Timão goleasse impiedosamente o Flamengo por 4 a 0, numa superioridade de futebol e competitividade muito maior do que a diferença de história e número de torcedores entre os clubes mais populares do país.
Pato comemorou seus 24 anos de forma antecipada no dia dos 103 do Timão. Fez um de seus melhores jogos no ano, na tarde que também marcou a primeira goleada da equipe na competição e seu melhor público no ano. O atacante fez dois gols no primeiro tempo - chegou a 102 na carreira -, e participou do terceiro na etapa final, antes de ser substituído. Mais uma vitória com a cara do campeão mundial: uma defesa sólida, quase intransponível, e eficiência invejável nas conclusões.
- Posso falar que foi um jogo especial. No dia do aniversário do Corinthians, amanhã (segunda) é meu aniversário, fazer dois gols e terminar com esse placar de 4 a 0 em cima de um time como o do Flamengo é sempre especial. Ainda mais nesse dia - afirmou Pato.
A torcida alvinegra se reencontrou com os antigos ídolos Elias e Chicão, muito aplaudidos, Mano Menezes e André Santos, recebidos com respeito e discrição, e o goleiro Felipe, vaiado do início ao fim. Vaias que deram o tom do que (não) jogou o Flamengo no Pacaembu. Com os setores muito distantes, frágil pelos lados e sem criatividade, em momento algum o time carioca esboçou brigar pela vitória.
O jogo também deixou claros os objetivos dos times no Brasileirão. O Corinthians quer o título. São dez partidas sem derrota, ainda que o número de cinco empates nessa série seja significativo. Já o Flamengo, há cinco rodadas sem vencer, cada vez mais vê as equipes da zona de rebaixamento pontuarem e se aproximarem.
- O momento é delicado, nenhum time quer correr risco de rebaixamento, mas é nossa realidade, acontece. Não fomos bem. Viemos de um jogo muito cansativo contra o Cruzeiro, e hoje o time criou muito pouco - avaliou Moreno.
Os times voltam a campo nesta quarta-feira pelo Campeonato Brasileiro. O Corinthians visita o Internacional, às 21h50m, em Novo Hamburgo, enquanto o Beira-Rio segue fechado para obras. Já o Flamengo voltará a atuar no Maracanã, às 19h30m, diante do Vitória. Classificados, os times de maior torcida do país também aguardam o sorteio da Copa do Brasil que vai definir datas e ordem dos mandos dos jogos das quartas de final. O Timão terá o Grêmio pela frente, enquanto o Fla vai disputar dois clássicos contra o Botafogo.
Alexandre Pato comemora um de seus gols no Pacaembu (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Os gaúchos Tite e Mano Menezes vestiam camisas em tons de cinza escuro e calças pretas. Pareciam jogadores de xadrez. E muito das estratégias dos times passou pela escalação do meia Paulinho improvisado na lateral direita do Flamengo. Tite ainda dava entrevista, antes do jogo, quando chamou Fábio Santos à beira do campo e falou em seu ouvido. Queria ajeitar a marcação e o apoio por seu lado, o mesmo do rival rubro-negro.
"Vai, Paulinho!", gritou o treinador do Fla logo nos primeiros minutos. E ele foi, recebeu de Rafinha, mas errou o domínio e a finalização, que saiu por cima do gol de Cássio. Pato, que começou o jogo pela esquerda, não acompanhou o lateral. Era uma ordem de Tite para que ele não se desgastasse muito: marcar só até o meio-campo. Ordem que se mostraria sábia alguns minutos depois.
O comandante campeão do mundo sabe como ninguém mexer em seus peões. O tabuleiro estava confuso, travado, até que ele tirou Pato do lado esquerdo e colocou Romarinho por ali. Uma tabela de seu novo "ponta" com direito a toque de calcanhar de Douglas resultou no cruzamento e na finalização de Pato, ainda mais livre: 1 a 0.
Paulinho se arrisca pela direita, com Ralf na marcação (Foto: Alexandre Vidal / FlaImagem)
Com as atuações inoperantes de Carlos Eduardo, Rafinha e André Santos, Marcelo Moreno saiu muito da área para buscar o jogo, mas foi seguido pelo zagueiro Felipe, firme. O Flamengo assistiu à festa, ao olé, e aos parabéns dos aniversariantes corintianos para o aniversariante Pato.
E pro Corinthians nada? Tudo!
Gabriel voltou no lugar de Carlos Eduardo. O ex-meia do Bahia era o trunfo de Mano para dar mais criatividade ao Fla, que assumiu postura mais adiantada no início do segundo tempo. Mas o Corinthians é especialista em levar a partida no ritmo que quer. A zaga, muito eficiente e bem protegida, sofre pouco. O resto do time marca e aproveita as oportunidades para oferecer perigo ao adversário.
Torcida corintiana faz festa no Pacaembu (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
No xadrez de Tite e Mano, as chances de gol eram raras. A bola parada se tornou esperança das duas equipes. Bola que, por sinal, parou nas mãos de Fábio Santos, em tentativa do Fla, e Chicão, após cruzamento de Pato. O árbitro Wilton Pereira Sampaio ignorou os desvios, já que os braços estavam próximos ao corpo. Porém, quando Elias tentou o passe, e a bola bateu no estômago e na coxa do zagueiro Felipe, ele deu falta e cartão amarelo. Chicão agradeceu, e cobrou com muito perigo, à esquerda de Cássio.
Se contra o Luverdense, no meio da semana, o Corinthians já administrou o placar de 2 a 0 construído no primeiro tempo, imagine no clássico nacional... Edenilson até cochilou e perdeu dentro da área para André Santos, mas foi salvo por Cássio. O jogo caminhava para ficar sonolento em seu final, até que o ataque corintiano apareceu de novo.
Sheik estava prontinho para entrar no lugar de Pato. Viu, da beira do campo, o atacante participar do terceiro gol. O ex-corintiano Chicão cortou o cruzamento de Edenilson e o chute do quase aniversariante, mas não teve o que fazer no rebote que sobrou para Romarinho. A zaga do Fla só admirou.
Sheik estava em campo. E, dessa vez, dentro da área, foi derrubado por João Paulo. Guerrero bateu o pênalti com força e precisão: 4 a 0.
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