quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Bola de Ouro ao alcance dos pés: o que pode pesar na eleição da Fifa

Reinício da temporada europeia é a 'reta final' para craques convencerem votantes de que merecem desbancar Messi na escolha de melhor do mundo

Por Marcelo Baltar e Márcio Iannacca Rio de Janeiro

Neymar brasil troféus copa das confederações (Foto: Agência Getty Images) 
Melhor jogador, chuteira de bronze e campeão da Copa das Confederações: prêmios podem pesar na eleição da Fifa (Foto: Agência Getty Images)
 
Ganhar uma Copa pela sua seleção. Arrebentar numa Liga dos Campeões. Ser um dos artilheiros da temporada. São passos importantes para ser eleito o melhor do mundo pela Fifa, em votação que reúne os treinadores e capitães de todas as seleções filiadas à entidade, além de um jornalista de cada país. Mas, em 2013, quem atingiu os parâmetros acima? O que fazer para merecer a escolha?

O GLOBOESPORTE.COM ouviu representantes de todos os setores que compõem o colégio eleitoral da Bola de Ouro da Fifa para ter uma ideia do que pode pesar no convencimento de quem vota para o evento, que deve acontecer em janeiro de 2014, em Zurique, na Suíça.
O narrador Cléber Machado, da TV Globo, por exemplo, é o único jornalista brasileiro responsável por indicar três nomes para a eleição. Desde 2010, quando o prêmio passou a ser organizado pela Fifa em conjunto com a revista “France Football”, ele aponta os destaques da temporada. E a receita para ser agraciado está na ponta da língua.

- Jogar muito, claro. Ser decisivo na sua equipe, conquistar títulos ou participar das fases decisivas das competições.

Em 2011 e 2012, o argentino Messi foi apontado pelo jornalista como o melhor do planeta. Em 2010, por causa do bom desempenho da Espanha na Copa da África do Sul, Cléber Machado escolheu os espanhóis Xavi e Iniesta como os destaques daquela temporada. Sneijder foi seu terceiro indicado por ajudar a Holanda a ficar com o vice-campeonato mundial.

E é justamente a opinião quase unânime de quem acompanha a eleição da Fifa: Copa do Mundo e Liga dos Campeões fazem a diferença no momento da escolha.

- O campeonato que decide mesmo a Bola de Ouro é a Liga dos Campeões. Ou a Copa do Mundo. Lamentavelmente, os nossos campeonatos, Brasileirão e mesmo Libertadores, têm menos visibilidade e menos peso consequentemente. E, na boa, ultimamente, para tirar o prêmio do Messi, haja bola dos concorrentes - afirmou Cléber Machado.

messi bola de ouro (Foto: Reprodução L'Equipe) 
Messi posa com as quatro bolas de ouro que conquistou nos últimos anos (Foto: Reprodução L'Equipe)
 
Mas as certezas passaram a se tornar dúvidas na escolha. O bom desempenho na Copa do Mundo já não é mais garantia de levar o prêmio. Antes de a “Bola” ser incorporada pela “France Football”, justamente em 2010, bastava ajudar a respectiva seleção a conquistar o título que o atleta se tornava um candidato forte para ser o escolhido pela entidade.

O pleito da Fifa foi criado em 1991. E o primeiro jogador a ser agraciado em ano de Copa do Mundo foi o brasileiro Romário, em 1994. Quatro anos depois, em 1998, o francês  Zidane levou a honraria. Nos anos seguintes, não foi diferente. Ronaldo foi o destaque em 2002, e o italiano Cannavaro, em 2006. Todos levaram o prêmio por seus desempenhos nos Mundiais.

A única vez que um jogador ganhou a “Bola de Ouro” sem ter sido de time campeão do mundo foi em 2010. O Messi levou porque é o Messi"
Tino Marcos, repórter da TV Globo
 
- A única vez que um jogador ganhou a “Bola de Ouro” sem ter sido de time campeão do mundo foi em 2010. O Messi levou porque é o Messi. Os espanhóis ganharam o Mundial, mas era um time mais coletivo. O Messi, pela individualidade, ganhou. Nas demais, em todas, sempre foi alguém que se destacou na Copa – afirmou o repórter Tino Marcos, da TV Globo, acostumado a acompanhar os principais jogadores do mundo.

O apresentador Thiago Leifert, da TV Globo, tem opinião diferente à dada por Tino Marcos. E ele vai além ao comentar o desempenho numa Copa e na temporada regular.

- Historicamente, é muito raro um jogador se destacar absurdamente na Copa, porque são poucos jogos. Só dois times vão jogar sete partidas, a imensa maioria joga apenas quatro. É pouco. Fica muito mais visível um jogador que arrebenta nas 38 rodadas de um nacional e nos 11 jogos da Champions. Na Copa de 2010, por exemplo, o melhor jogador do torneio não chegou à final e ficou em quinto na edição da "Bola de Ouro" (Iniesta). Venceu Messi, que foi eliminado nas quartas da Copa.

E a Copa das Confederações? Neymar foi escolhido o craque do torneio, ganhou chuteira de bronze por ser o terceiro artilheiro, com quatro gols, além de ser eleito o melhor em campo em quatro das cinco partidas da seleção brasileira. É o suficiente para ser um candidato forte à Bola de Ouro? Historicamente, faz pouca diferença. Nas duas edições anteriores a 2013, por exemplo, Kaká e Adriano foram escolhidos os melhores jogadores da competição, mas nem sequer figuraram entre os três finalistas da premiação da Fifa em 2009 e 2005, respectivamente - Messi e Ronaldinho Gaúcho levaram o troféu.

- Não influencia em nada. Vai depender do desempenho dele na Europa. Ele só vai ter alguns meses para mostrar seu futebol até o próximo prêmio. O desempenho na Copa do Mundo ajuda um pouco, mas são somente sete jogos. Para ser escolhido o melhor do mundo, é preciso ter uma grande sequência de bons jogos – disse o ex-jogador Cafu, que já votou na eleição e, se pudesse participar ainda, escolheria Messi, CR7 e Neymar.

Ribery Thomas Muller gol Bayern de Munique (Foto: AP) 
Ribéry e Thomas Müller, dois destaques do Bayern na conquista da última Liga dos Campeões (Foto: AP)
 
Mesmo assim, para muita gente, o desempenho de Neymar na Copa das Confederações pode ajudar o brasileiro a ficar entre os melhores do planeta. Para o repórter Eraldo Leite, da Rádio Globo, a transferência do craque para o futebol europeu vai ser determinante para entrar no seleto grupo dos destaques da temporada.

- O Neymar só precisava da visibilidade do futebol europeu. Ele não precisa fazer nada de diferente. Pelo que ele faz na Seleção e a visibilidade do Barcelona, ele vai brigar pela "Bola de Ouro". Com certeza, ele vai ficar entre os três neste ano.

Na consulta feita pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM, além de Cléber Machado, Thiago Leifert, Eraldo Leite, Tino Marcos e Cafu, participaram da votação os zagueiros da seleção brasileira, Thiago Silva e David Luiz, e o coordenador técnico do time canarinho, o tetracampeão Carlos Alberto Parreira. E a vitória de Messi foi impressionante: o argentino recebeu sete dos oito votos. Iniesta foi o "intruso" na lista dos primeiros colocados.

Bola de ouro comentaristas votação (Foto: Editoria de Arte)
O curioso da simulação da eleição acima é que nenhum jogador do Bayern de Munique, atual campeão da Liga dos Campeões, da Copa da Alemanha e do Campeonato Alemão, foi votado pelo grupo de jogadores e jornalistas escolhido para a enquete.

- Na Liga dos Campeões, o Bayern foi campeão com grande conjunto, grandes jogadores, mas forte coletivo. A temporada europeia está para começar. Ainda não dá para mudar a lista dos finalistas do ano passado - avaliou Cleber Machado, justificando a sua indicação com Messi, CR7 e Iniesta.

A partir da próxima sexta-feira, quando a temporada europeia começa a engrenar, com o início dos Campeonatos Alemão e Francês, os craques terão novas chances de convencer de vez o colégio eleitoral de que merecem a Bola de Ouro.
  
FONTE
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2013/08/bola-de-ouro-ao-alcance-dos-pes-o-que-pode-pesar-na-eleicao-da-fifa.html

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