Número de atletas ‘ingleses’ chega a oito com contratação de Navas pelo City e reequilibra a campeã mundial após temporada com rivalidade amena
No cenário social, é cada vez maior o número de espanhóis que buscam
melhores condições de trabalho fora do país. Pois o futebol tem sido
reflexo do povo. Fora os autossustentáveis Real Madrid e Barcelona,
o elenco da Espanha nesta Copa das Confederações é basicamente formado
por “estrangeiros”. Quase todos eles jogam na Inglaterra, onde está a
Premier League, o campeonato nacional mais lucrativo do planeta. Eles
ajudaram não só a trazer novas culturas, como de certa forma também
despolarizaram a eterna discussão envolvendo uma possível crise
existencial entre os atletas das potências espanholas.
Nunca houve tantos nomes de uma convocação da Fúria nos últimos anos atuando na Terra da Rainha como agora. São oito: o lateral-direito César Azpilicueta, o meia Juan Mata e o atacante Fernando Torres, do Chelsea, o lateral-esquerdo Nacho Monreal e o meia Santi Cazorla, do Arsenal, os meias David Silva e Jesús Navas, do Manchester City, e o goleiro Pepe Reina, do Liverpool. Sete deles começaram como titulares na goleada sobre o Taiti, por 10 a 0, na última quinta-feira - Navas acabou entrando no segundo tempo. Na campanha do título da Copa do Mundo, em 2010, apenas três estavam na Inglaterra.
Defendem o Real Madrid o goleiro Iker Casillas, o lateral-direito
Álvaro Arbeloa e os zagueiros Sergio Ramos e Raúl Albiol. O goleiro
Victor Valdés, o lateral-esquerdo Jordi Alba, o zagueiro Gerard Piqué, o
volante Sergio Busquets, os meias Xavi Hernández, Andrés Iniesta e Cesc
Fàbregas, e o atacante Pedro Rodríguez, são do Barça. O único espanhol a
jogar “em casa” que não é da dupla é o centroavante Roberto Soldado, do
Valencia. O volante Javi Martínez, que reforçou o poderoso Bayern de
Munique na última temporada, completa o grupo dos 23.
- Sempre fomos um país que recebia jogadores de fora. É um fenômeno, uma novidade que agora jogadores nossos vão ao exterior, a uma liga como a Premier. Em determinado momento, foi um fator de crescimento de nosso futebol, com jogadores como Xabi Alonso, Arbeloa, Fernando Torres, Reina, no Liverpool. É uma coisa boa para nós. No futebol, percebemos que não há fronteiras. Nós mesmos recebemos jogadores. Temos Messi e Cristiano Ronaldo como um reflexo dos melhores jogadores estrangeiros que existem no mundo – disse o técnico Vicente del Bosque.
Rivalidade amena
Outro fator que influenciou diretamente a redução da rixa no grupo
esteve dentro de campo. Barcelona e Real disputaram clássicos nervosos
como sempre em 2012/2013, mas não necessariamente aqueles de saírem
discussões e brigas. Na Supercopa, em agosto, os merengues levaram a
melhor em dois confrontos. A equipe de José Mourinho também avançou nas
semifinais da Copa do Rei com direito a show no Camp Nou. Já no
Espanhol, deu o time de Lionel Messi, com o título sendo conquistado
tranquilamente por antecipação. E quando se esperava uma final espanhola
na Liga dos Campeões, os alemães Bayern e Borussia Dortmund pregaram as
suas peças e garantiram a vaga em Wembley.Barça e Real também não se enfrentaram na temporada anterior pela
Champions, mas a polêmica esteve em pauta por algum tempo na
concentração da seleção durante a Eurocopa. O incômodo era tão notório
que perguntas sobre o caso passaram a ser proibidas pela assessoria de
imprensa. Jogadores também admitiram que havia um desconforto, inclusive
ao afirmarem que, se o torneio fosse disputado em 2011, Del Bosque
teria problemas para domar o elenco. Na ocasião, os dois fizeram uma das
semifinais - o Barcelona de Pep Guardiola acabaria campeão ao derrotar o
Manchester United.
No Brasil, porém, o assunto sequer é comentado. Fala-se mais,
inclusive, das saídas dos destaques da liga espanhola para o exterior.
Há duas semanas, foi a vez do meia Jesús Navas deixar o Sevilla rumo ao
Manchester City, onde encontrará David Silva, ex-Valencia.
- Isso acontece com os futebolistas e todos os espanhóis. Quem não tem
um amigo que foi buscar a vida no exterior? – indagou David ao jornal
“El País”.
Diante da crise, fica notória a necessidade de alçar voos maiores com todo o pacote que a Premier League oferece - além do dinheiro, há ainda enorme visibilidade e ótima estrutura. Difícil resistir.
- Antes, fora o Real, havia clubes que podiam oferecer o que agora só podem oferecer no exterior. Os clubes tampouco querem que você fique porque eles são os primeiros interessados na venda – admitiu Monreal, que atua com Cazorla no Arsenal.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com Miguel Pérez Cuesta, o Michu. Revelação do Rayo Vallecano, o atacante custou ao modesto Swansea apenas € 2,5 milhões. Depois de vê-lo marcar 22 gols na temporada - sendo 18 na Premier League -, os galeses não pareciam acreditar em tamanho negócio que haviam feito.
Próximos alvos
O Liverpool procura aproveitar da mesma estratégia com Iago Aspas, destaque do Celta de Vigo. Já o Manchester United deverá optar por um nome mais consagrado no mercado: o do brasileiro naturalizado-espanhol Thiago Alcântara, prestes a deixar o Barcelona. No rival Manchester City, ainda há o sonho de contar com Isco, eleito o melhor jogador da Eurocopa sub-21, encerrada na última semana com mais um título da Espanha. O Real Madrid também tem interesse e, segundo a imprensa espanhola, está em vantagem.
- Não acredito que preocupe essa saída de jogadores. A experiência de
conhecer outro país, outra língua, isso enriquece o atleta e também a
seleção. É certo que pela situação econômica espanhola muitos estão
saindo, buscando conhecer outro tipo de futebol, mas é algo que não mexe
negativamente com a seleção – disse Juan Mata, do Chelsea, outro a
seguir a rota até a Inglaterra.
Opinião semelhante compartilha o atacante Roberto Soldado, do Valencia.
- Quero cumprir meu contrato até 2017, mas já disse também que depois gostaria de experimentar novos campeonatos, como a Premier League ou a Bundesliga. Elas são muito atrativas para qualquer jogador pelo ambiente, pela imagem que têm esses dois países. Vejo que há companheiros que saem do país e as coisas continuam bem - encerrou.
Nunca houve tantos nomes de uma convocação da Fúria nos últimos anos atuando na Terra da Rainha como agora. São oito: o lateral-direito César Azpilicueta, o meia Juan Mata e o atacante Fernando Torres, do Chelsea, o lateral-esquerdo Nacho Monreal e o meia Santi Cazorla, do Arsenal, os meias David Silva e Jesús Navas, do Manchester City, e o goleiro Pepe Reina, do Liverpool. Sete deles começaram como titulares na goleada sobre o Taiti, por 10 a 0, na última quinta-feira - Navas acabou entrando no segundo tempo. Na campanha do título da Copa do Mundo, em 2010, apenas três estavam na Inglaterra.
Contra o Taiti, Espanha teve sete jogadores da Premier League como titulares (Foto: Getty Images)
- Sempre fomos um país que recebia jogadores de fora. É um fenômeno, uma novidade que agora jogadores nossos vão ao exterior, a uma liga como a Premier. Em determinado momento, foi um fator de crescimento de nosso futebol, com jogadores como Xabi Alonso, Arbeloa, Fernando Torres, Reina, no Liverpool. É uma coisa boa para nós. No futebol, percebemos que não há fronteiras. Nós mesmos recebemos jogadores. Temos Messi e Cristiano Ronaldo como um reflexo dos melhores jogadores estrangeiros que existem no mundo – disse o técnico Vicente del Bosque.
Rivalidade amena
É uma novidade que agora os nossos atletas se vão ao exterior, a uma
liga como a Premier. Em determinado momento, foi um fator de crescimento
de nosso futebol"
Vicente del Bosque
Piqué e Sergio Ramos disputam a bola no último Real x Barça da temporada, em março (Foto: Getty)
Quem não tem um amigo que foi buscar a vida no exterior?"
David Silva
Diante da crise, fica notória a necessidade de alçar voos maiores com todo o pacote que a Premier League oferece - além do dinheiro, há ainda enorme visibilidade e ótima estrutura. Difícil resistir.
- Antes, fora o Real, havia clubes que podiam oferecer o que agora só podem oferecer no exterior. Os clubes tampouco querem que você fique porque eles são os primeiros interessados na venda – admitiu Monreal, que atua com Cazorla no Arsenal.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com Miguel Pérez Cuesta, o Michu. Revelação do Rayo Vallecano, o atacante custou ao modesto Swansea apenas € 2,5 milhões. Depois de vê-lo marcar 22 gols na temporada - sendo 18 na Premier League -, os galeses não pareciam acreditar em tamanho negócio que haviam feito.
Jesús Navas foi contratado pelo Manchester City durante a Copa das Confederações (Foto: Site Oficial)
O Liverpool procura aproveitar da mesma estratégia com Iago Aspas, destaque do Celta de Vigo. Já o Manchester United deverá optar por um nome mais consagrado no mercado: o do brasileiro naturalizado-espanhol Thiago Alcântara, prestes a deixar o Barcelona. No rival Manchester City, ainda há o sonho de contar com Isco, eleito o melhor jogador da Eurocopa sub-21, encerrada na última semana com mais um título da Espanha. O Real Madrid também tem interesse e, segundo a imprensa espanhola, está em vantagem.
Campeão europeu com a sub-21, Thiago Alcântara está na mira do Manchester United (Getty Images)
Opinião semelhante compartilha o atacante Roberto Soldado, do Valencia.
- Quero cumprir meu contrato até 2017, mas já disse também que depois gostaria de experimentar novos campeonatos, como a Premier League ou a Bundesliga. Elas são muito atrativas para qualquer jogador pelo ambiente, pela imagem que têm esses dois países. Vejo que há companheiros que saem do país e as coisas continuam bem - encerrou.
David Silva comemora gol contra o Taiti com Fernando Torres: dupla atua na Premier League (Foto: Getty)
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário