Atleta relembra o caminho que o transformou em um meia de qualidade até o goleador nato. Zico, conta ele, serviu de modelo e mentor
Uma história passou diante dos olhos do meia Alex quando ele marcou o 400º gol da carreira profissional, que garantiu a vitória do Coritiba sobre o Fluminense por 2 a 1. Não teve como, por um minuto o jogo ficou parado, enquanto o grito de gol se estendia na boca da torcida alviverde, e o craque realizava uma meia volta olímpica, agradecendo e sendo ovacionado.
Demorou, mas valeu. Alex teve que esperar cinco jogos para conseguir balançar as redes. No período, ele perdeu pênalti, colocou bola na trave e perdeu gols cara a cara com o goleiro. Enquanto o craque aplaudia a torcida alviverde, vários times foram representados pelo chutaço de Alex.
Palmeiras, Cruzeiro, Fenerbahçe, Parma, Flamengo e Seleção Brasileira também foram beneficiados pelo instinto do artilheiro - alguns com poucos gols, outros com mais.
Para um meio-campista, cuja função principal é armar jogadas e não balançar as redes, o número é um fato invejável, ainda mais por ser o jogador da função em atividade no Brasil que mais balançou as redes. Além dos 400 gols, comemorados nesta quinta-feira, Alex acumula outras marcas individuais relevantes, como ter se tornado o segundo maior goleador da história do Fener em competições turcas e o principal do Palmeiras em Taça Libertadores da América.
Alex comemora, e Coritiba termina rodada na liderança (Foto: Geraldo Bubniak/Agência Estado)
A passagem do meia habilidoso para o goleador está bem viva na memória de Alex. Um pouco antes de se transferir para o Palmeiras, o jogador conta que começou a acertar o pé e acumular a fama de artilheiro durante o Campeonato Paranaense de 1997.
- Quando estava no Coxa, eu jogava aberto com o Carpegiani. No meu segundo ano, vim um pouco para dentro, mas ainda estava recuado, entrando um pouco na área. Mas, se analisar a minha passagem no Coritiba, o ano que mais fiz gols foi o de 97. E não foi nem um ano, foram cinco meses. Ali já começava.
Mudança tática e ensinamentos de Felipão e Luxemburgo dão novo patamar
A crescente empolgação do jovem garoto aumentou com a mudança para o Palmeiras, clube em que se projetou como uma revelação do futebol brasileiro. Sob o comando de Luiz Felipe Scolari, o camisa 10 fez atuações magistrais no Palestra Itália e participou de um super time, campeão da Libertadores da América em 1999.
Alex confessa que ainda não estava na melhor forma para fazer gols, mas que os ensinamentos e dicas de Felipão já davam a entender que o jogador tinha qualidade para se infiltrar na área e chutar.
- No Palmeiras, o Felipão também pedia isso para mim, que eu entrasse na área. Tanto que se olhar os números do Palmeiras, eu sou o maior goleador da história do clube na Libertadores. Isso é uma prova de que fiz bastante gols.
Alex começou período de artilheiro no Palmeiras, mas se aperfeiçou no Cruzeiro (Foto: Agência Estado)
Mas o principal diferencial, que Alex sempre lembra em suas entrevistas, é sua chegada no Cruzeiro para trabalhar com Vanderlei Luxemburgo. Os dois já se conheciam do período em que o treinador esteve à frente da seleção brasileira, de 2000 a 2002, durante as eliminatórias da Copa do Mundo de 2002 e o pré-Olímpico.
Segundo Alex, Luxemburgo observou que el tinha muito mais a oferecer se seguisse o caminho certo nas jogadas ofensivas. Além disso, o meio-campista começou a treinar exaustivamente cobranças de faltas. Atualmente, a bola parada frontal é uma arma mortal e responsável por boa parte dos gols do jogador.
- Com insistência, a melhor fase começou com o Vanderlei, no Cruzeiro. Um pouco antes na Seleção, porém mais no Cruzeiro, onde ficamos trabalhando dois anos juntos. Ele exigia e insistia que eu entrasse na área, para que eu treinasse as faltas com maior frequência (no Palmeiras ainda dividia s tarefa com o Arce). No Cruzeiro eu era o batedor oficial - explicou.
Gols de Alex:
Fener: 182
Palmeiras: 78
Cruzeiro: 64
Coritiba: 49
Brasil: 20
Flamengo:3
Parma:3
Além das orientações básicas, Vanderlei Luxemburgo usou o exemplo de Zico para Alex. Assim como o meia coxa-branca, o Galinho de Quintino era armador na década de 80 e se destacou pela habilidade no toque de bola, além dos gols. Luxa teve uma convivência próxima com Zico e tentou passar o modelo para Alex no Cruzeiro.
- Ele usava muito o exemplo do Zico, pois o Vanderlei e o Zico se conhecem desde criança. A referência de número 10 dele era o Zico.
O que Alex não esperava era que o próprio Zico fosse seu treinador alguns anos depois, quando se encontraram no Fenerbahçe, entre 2006 e 2008. Se Luxemburgo tinha lhe passado o básico, Zico se encarregou de aprofundar o conteúdo e ver o surgimento de um "deus" na Turquia.
- Por uma grande coincidência, dois anos depois eu fui treinado pelo Zico na Turquia. Tudo aquilo que o Vanderlei dizia para mim, o Zico repetia. Minha média de 2003 para cá é de 20 gols a mais por temporada. Isso fez com que eu chegasse a um número tão elevado de gols.
Mesmo após Zico deixar o Fener, Alex continuou com a orientação em mente, com um futebol veloz e sempre aproveitando os espaços no ataque. No total, o camisa 20 do time turco fez 182 gols e virou celebridade. Até hoje, com o seu retorno ao Coxa, o meia é reverenciado e motiva peregrinos turcos até Curitiba, que se deslocam em busca de uma foto, autógrafo ou apenas para conhecer a cidade natal do ídolo.
De volta ao Coritiba, Alex mantém os números impressionantes, se candidatando a uma vaga de artilheiro do ano. Em 17 jogos pelo Verdão do Alto da Glória, o capitão e ídolo alviverde já balançou as redes em 15 oportunidades. Além de conquistar o primeiro título pelo clube do coração, Alex também foi artilheiro do Campeonato Paranaense.
Zico serviu de modelo e mestre para a fama de artilheiro no Fenerbahçe (Foto: Divulgação)
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