CAMPEONATO CARIOCA
Um dos maiores vencedores do Carioca, treinador que irá comandar o Boavista este ano abre o coração, fala de política, gostos, música e conta histórias de bastidores
Prestes a iniciar mais uma edição do campeonato que conhece como poucos, o carismático treinador recebeu a reportagem do GloboEsporte.com no CBV, em Saquarema, onde o Verdão de Bacaxá realiza pré-temporada, para falar de tudo menos futebol.
O bate-papo você confere na íntegra no vídeo clicando no LINK da FONTE no final da matéria abaixo e os principais trechos em texto abaixo.
Joel Santana vai comandar o Boavista no Carioca
(Foto: Gustavo Garcia/GloboEsporte.com)
- Se eu não fosse treinador eu acho que teria dificuldades em uma nova profissão. Desde que eu me conheço, desde do dente de leite, infanto juvenil, juvenil e por aí afora, eu sempre estive envolvido com o futebol. E eu não poderia fazer uma coisa diferente que não fosse o futebol. O futebol não caiu na minha vida. Eu nasci dentro do futebol. É difícil escolher outra profissão.
Joel abre o coração para falar da vida fora do futebol (Foto: Gustavo Garcia/GloboEsporte.com)
- Sou tranquilo. O meu comportamento em casa é o mesmo que eu tenho aqui. Aqui é o seguinte: hora de brincar é hora de brincar, hora de trabalhar é hora de trabalhar, hora de disciplina é hora de disciplina. Hora de responsabilidade é hora de responsabilidade. Nós temos que entender que nós somos representantes do povo, representantes de uma torcida. Representantes de uma bandeira. Então, acima de tudo, temos que ser profissionais, para mostrarmos para a nossa torcida o melhor possível. E é isso que estamos tentando mais uma vez aqui dentro do Boavista.
Qual é o sonho do Papai Joel?
- Poxa, cara! Eu já sonhei com tantas coisas na minha vida. Mas, hoje, se o Boavista fosse campeão seria um presente muito grande para mim. Eu ficaria muito satisfeito e feliz, apesar de todos os títulos que eu ganhei em todas as outras equipes no Rio de Janeiro, no nosso estado.
Joel Santana se arrepende de algo na vida?
- Eu não gosto de olhar para trás. O que passou, passou. Claro que eu já tive momentos difíceis dentro da carreira. Estes últimos anos mesmo, pelo o que eu fiz, pelo o que eu faço, pelo o que eu conquistei. Por tudo que eu represento dentro do futebol carioca e brasileiro. Foi muito doído ficar esse tempo todo sem trabalhar. Mas eu aprendi uma coisa na vida. Não olhe para trás, olhe para frente. Você consegue, você pode. Você tem competência. Então eu vivo com isso dentro da minha cabeça, dentro do meu pensamento e, acima de tudo, com muita fé.
O que o Papai Joel gosta de fazer nas horas vagas?
- Eu gosto de ir ao cinema. Eu gosto de ir à praia. Eu gosto de ir à casa de amigos. Amigos, amigos. Não aqueles que ficam tomando conta. O que você está fazendo? O que você faz? Procurando saber o que você está fazendo da vida, suas coisas particulares, isso eu não gosto. Mas a princípio é isso, eu gosto do que todo brasileiro gosta. Agora nesse período de Carnaval, se der para eu ir ver, não sei se vai dar para ir ver as escolas de samba. Eu gosto de todas elas. Eu sou um carioca, né? E todo carioca gosta de viver em lugar alegre, em lugar feliz.
Joel Santana conversa com o elenco do Boavista
(Foto: Gustavo Garcia/GloboEsporte.com)
O que Joel Santana escuta?
- Cara, eu gosto de música de todo mundo. Eu gosto de samba, de reggae, eu gosto de Michael Jackson, eu gosto de Caetano Veloso, gosto de Preta Gil, eu gosto de Diogo Nogueira... Eu gosto de todo mundo, eu gosto de um bom show, eu gosto de teatro.
Como é o assédio dos fãs?
- É legal, é bacana. Agora mesmo eu estava batendo uma fotografia com uma funcionária (do CBV), e ela estava numa alegria. E você vê nas pessoas que elas estão esperando quem você é. Descontraído, brincalhão... Ela estava nervosa e eu perguntei se ela queria tirar uma fotografia. E ela perguntou se pode ser e, é claro, que eu falei que pode ser. Falei: chega mais, vamos bater uma fotografia juntos. Aí ela tirou uma e eu falei para tirar mais que uma, de repente você vai aproveitar. E ficou legal, porque a pessoa ficou feliz. Ficar "marrento", isso não traz nada.
Como você vê a situação política do Brasil neste momento?
- Cara, eu não vou ficar em cima do muro. Mas pior não pode ser. Você já liga a TV de manhã e as pessoas sofrendo muito. Trabalharam e não receberam. As pessoas que já estão aposentadas, não receberam, que já fizeram para merecer o ganha pão e não têm como comprar o mínimo possível para sua casa. As pessoas que ficam doentes e chegam nos hospitais. Não temos hospitais, e hospitais fechando... Meu Deus, cadê o dinheiro que estava aqui, cara? Um país como este, lindo, maravilhoso. Nós temos tudo aqui. E estamos passando essa dificuldade. Vendo essas pessoas tristes na rua, sem ter o que levar para casa. Um "mosquitinho" fazendo toda essa farra aí. Nós precisamos investir para as pessoas não estarem sofrendo como estão. Nós não sabemos em quem mais acreditar. Como é que pode um negócio desses? Eu acho que está na hora de tomarmos decisões muito mais sérias que essas. Essa é minha opinião.
Quem é o seu ídolo fora do futebol?
- Era o meu pai. Infelizmente ele faleceu, mas eu carrego ele comigo a todo momento. Não só o meu pai, como minha mãe também. Foram as duas pessoas que me incentivaram para eu chegar aonde cheguei. Agora são os filhos, as pessoas que gostam de mim...
Joel Santana ao lado dos homens fortes do Boavista (Foto: Gustavo Garcia/GloboEsporte.com)
- Teve um jogador que passou dentro de um clube muito importante na minha vida. É até um jogador de seleção brasileira. Toda vez que ia dar preleção, dava vontade dele ir ao toalete. Aí eu combinei com a turma de jogadores que eu ia dispensar eles para ir ao toalete quando ele chegasse, todos íamos levantar e ao toalete. Nós ficávamos esperando todos os dias o cara. Um dia ele ia ter que ficar esperando pela gente. E olha que é um jogador de Seleção.
Para finalizar, abra o seu coração e diga o que vem.
- O recado que eu tenho não é um recado, é um pedido, né? Que a gente mude a nossa maneira de ser, que mudemos nossa maneira de viver. Que a gente procure ajudar o próximo, que tenhamos uma vida mais tranquila. Uma vida sem violência. A gente não sabe mais o que vai acontecer. Que a gente procure dar mais cultura para os nossos jovens, nos colégios. Eu acho que precisamos melhorar muita coisa. Mas eu quero saber: cadê o dinheiro que estava aqui?
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/rj/serra-lagos-norte/futebol/campeonato-carioca/noticia/2017/01/tudo-menos-futebol-vida-fora-dos-gramados-do-papai-joel-o-rei-do-rio.html
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