Única representante brasileira no CT, cearense de 31 anos não conseguiu ficar entre as 10 que permanecem na divisão principal. Meta é estudar erros e dar volta por cima
Silvana Lima na etapa de Maui, no Circuito Mundial de Surfe (Foto: Divulgação / WSL)
- Fico um pouco triste, com certeza. Mas acredito que minha carreira não está no fim. Ainda tenho muitos anos pela frente. Ainda acredito muito em mim. Acredito muito em Deus que vou conseguir chegar onde tanto quero. Já passei por coisas piores. Em 2012 e 2013 estava sem patrocínios que pudessem me ajudar a competir depois das cirurgias. O ano de 2014 foi bem difícil também, tive que tirar dinheiro do próprio bolso, vender os filhotes do meu canil para pagar duas viagens que foram super importantes no QS, etapas que ganhei - desabafou.
Sonho do título mundial segue vivo
Duas vezes vice-campeã mundial (2008 e 2009) e maior nome do surfe feminino do país, Silvana garante não se abalar, mesmo com a frustração de não ter conseguido se manter na elite. Agora ela mira uma boa campanha no QS para retornar ao CT em 2017. E aos 31 anos, garante que seguirá perseguindo o sonho do título na divisão principal:
- Estou tranquila, estou bem de cabeça, estou feliz. Foi um ano de aprendizado. Agora é voltar para o QS para retornar 100% para o CT. É trabalhar, ver onde errei, melhorar cada vez mais o meu surfe e acreditar em mim, que volto em 2017 com certeza. Cada dia que passa a gente aprende mais. Estou aprendendo. Meu surfe não estancou, não está parado. Meu surfe a cada dia que passa está evoluindo mais, estou acertando mais as manobras que antigamente caía bastante. Acredito que posso voltar para o CT. Eu confio no meu surfe. Acredito que em 2017 eu volto para brigar por esse título e trarei boas vibes para o Brasil e a galera vai ter orgulho de mim.
Silvana Lima durante treino em Maui, na última
etapa do circuito mundial
(Foto: Divulgação / WSL)
- Vou ver a família e aproveitar para surfar na terra de onde eu vim. Tenho compromisso com patrocinadores no Rio, aulas de inglês em casa, o treinamento continua, não posso perder o foco. Vou testar novas pranchas. Tem muita coisa para se preparar para o ano que vem.
A surfista também pretende usar os meses sem competições para estudar onde pode melhorar para alcançar o objetivo de retornar ao CT em 2017.
- Vou aproveitar esse tempo para conversar, rever as imagens dos eventos, ver onde errei, onde posso melhorar. Não sei ainda, porque estou com o surfe no pé. Pode ter sido com relação a escolha de onda, de poder ter sido mais calma.
Silvana Lima em Cascais durante o circuito
2015 (Foto: Reprodução / Instagram)
O circuito feminino é formado por 17 atletas fixas mais uma convidada por etapa. Ao fim do campeonato, as dez melhores do ranking continuam na elite. Juntam-se a elas as seis mais bem colocadas do QS além de uma convidada da organização, que deverá ser Gilmore, 12ª colocada após se ausentar de seis etapas em razão de uma grave lesão. Silvana poderia ter tentado a permanência através da divisão de acesso ainda esse ano, mas por questões financeiras acabou priorizando o CT e participou de apenas duas etapas do QS.
- Deixei de correr o QS no início do ano. Comecei bem e achei que não precisaria, pois o gasto seria maior. E aí preferi focar no CT. Posso ter errado aí, mas não tinha condição de acompanhar o QS. Foi algo que não deu para impedir de acontecer. Não tinha como.
Com chegada de novos patrocinadores, parte financeira não deve ser problema em 2016
Apesar de voltar a despertar o interesse de grandes marcas, questões burocráticas adiaram a assinatura com grandes patrocinadores e os acordos foram fechados apenas em setembro, quando o circuito feminino já estava em sua penúltima etapa. Com isso, a parte financeira acabou mais uma vez sendo um obstáculo este ano. Os novos apoios serviram para quitar os débitos. Em Maui, por exemplo, Silvana ainda teve dificuldades. Precisou se hospedar a uma hora da praia de Honolua Bay, e tinha que acordar todo dia às 4h da manhã para chegar a tempo da competição. Mas com os novos contratos a temporada de 2016 está garantida. No próximo ano a brasileira pretende disputar todas as etapas seis estrelas do QS além de realizar duas “surf trip”, viagens para treinamento, algo que não fazia há cinco anos.
- Estou feliz que agora tenho grandes marcas comigo, que estão do meu lado me apoiando, acreditando em mim. Os resultados não vieram, mas agora estarei mais segura, mas preparada para voltar em 2017. Estou bem confiante com isso. Acredito que agora em 2016 virão boas vitórias e bons resultados.
Silvana Lima em ação na etapa de Maui, no
Circuito Mundial de Surfe
(Foto: Divulgação / WSL)
Quanto ao resultado do circuito feminino, Silvana acredita que o título ficou em boas mãos com Carissa Moore:
- Estava torcendo por ela, ela merece muito, surfa muito. Achávamos que ela e a Courtney iriam se enfrentar na final, mas acabou mais cedo né. A Coco Ho surfou superbem e acabou tirando a Courtney. O surfe das meninas evoluiu muito. A Carissa, a Tyler, a Stepanhie… As meninas estão surfando superbem, arrepiando. Mas vejo a Carissa como a mais completa.
Carissa Moore se tornou tricampeã mundial
(Foto: Divulgação/WSL)
Já com relação à decisão do masculino, que começa na próxima terça-feira, dia 8 de setembro e tem os brasileiros Filipe Toledo, Adriano de Souza (Mineirinho) e Gabriel Medina disputando a taça com os australianos Mick Fanning, Owen Wright e Julian Wilson, a surfista se esquivou:
- Na real, nem sei. Só quando começar o evento vai ser possível apontar quem tem mais chances de ganhar. Está muito difícil. Gostaria muito que qualquer um dos três brasileiros ganhassem, Gabriel, o Filipinho, o Adriano. Minha torcida um pouquinho maior é para o Filipinho, gosto muito dele, a gente se sente como irmão. O Adriano também sou muito próximo, e o Gabriel já tem um título. E tem o Fanning aí para atrapalhar um pouquinho.
Silvana Lima está na torcida pelos brasileiros,
em especial Filipe Toledo na decisão do
masculino (Foto: Felipe Siqueira)
Aliás, o momento do surfe masculino no Brasil, com sete membros na elite e três na briga pelo título contrasta com o do feminino, que com a saída de Silvana fica sem representantes na divisão principal. Maior nome da modalidade entre as mulheres, a cearense lamenta que a menor visibilidade do torneio feminino acabe lhe “excluindo” da geração “Brazilian Storm”, da qual pleiteia um lugar:
- No Brasil em geral e na mídia mesmo tiveram várias postagens, na TV, que colocaram que eu não fazia parte, só mostrava os meninos. Na real tinha uma menina competindo ali, tinha uma menina na elite mundial e não falavam meu nome. É o que a galera acha, que eu não faço parte do Brazilian Storm, apesar de estar aí ainda. Não vou forçar nada, mas vou aparecer no Brazilian Storm naturalmente, como já me sinto - prometeu.
Principal nome do surfe feminino, Silvana destaca
que também faz parte da geração "Brazilian
Storm" (Foto: Aires Nicolay)
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