Grafite, Túlio e Deola foram alguns dos personagens de jogos que ficaram marcados pelo desejo de a torcida ver a derrota do seu próprio time para prejudicar rivais
Por Cauê Rademaker e Gustavo Rotstein
Rio de Janeiro
(OBS. DO BLOG:
PARA ASSISTIR AOS VÍDEOS, CLIC
NO LINK DA FONTE NO FIM DA
MATÉRIA ABAIXO).
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Com campeão decidido e G-4 quase completo, os holofotes da última rodada do Brasileirão 2015 se voltam para a luta contra o rebaixamento. Mais precisamente para os muros de São Januário e das Laranjeiras. Em 18º lugar, o Vasco precisa de uma ajuda do Fluminense para escapar da queda. Muitos torcedores tricolores pedem para o time "entregar" o jogo e prejudicar o rival. A polêmica, no entanto, não é nova e já tomou conta do noticiário em edições passadas do nacional e até em competições estaduais.
O GloboEsporte.com separou três jogos e trouxe depoimentos de jogadores que participaram deles. Os atletas relataram a pressão pelas quais passaram antes, durante e após essas partidas.
SÃO PAULO 2 X 1 JUVENTUS - 2004
Fala, Grafite:
"O corintiano me abraça e tudo mais. Já o são-paulino também me agradece pelos títulos que conquistei dentro do clube, mas lembra dos dois gols contra o Juventus. Mas tudo em tom de brincadeira. Nunca tive maiores problemas com isso, não. Essa rivalidade sadia e sem violência é até gostosa no futebol.
Grafite é abraçado e comemora um dos seus
gols contra o Juventus em 2004 (Foto:
Diário de São Paulo)
Ninguém cai ou conquista título na última rodada. Em campeonato de pontos corridos, cada rodada conta muito. O peso dos três pontos da última rodada é o mesmo que o da primeira. Tenho certeza de que os profissionais irão fazer o melhor pelos seus clubes".
FLAMENGO 2 1 X 1 GRÊMIO - 2009
Fala, Túlio:
"Naquele ano a pressão foi muito forte para que a gente não empatasse o jogo, o que já dava condição para o Inter ser campeão. A pressão veio de todos os lados. Não só da torcida. O comportamento de alguns diretores mudou em relação ao jogo. Se você não tiver a cabeça no lugar acaba sendo influenciado para amolecer o jogo. Marcelo Rospide era o técnico interino. Foram mais garotos. Foram poucos que estavam mais acostumados a jogar no time titular: Eu, Adilson, Mario Fernandes e Thiego. O restante era molecada, incluindo o Douglas Costa. O Marcelo Grohe, que era o reserva do Victor, foi agredido no aeroporto quando voltamos a Porto Alegre. O torcedor disse que ele foi bem demais jogo e que não precisava daquilo tudo, achando que ele queria que o Inter fosse campeão, quando na verdade a gente estava fazendo nosso papel.
Túlio lembrou agressão sofrida pelo goleiro
Marcelo Grohe (Foto: Reprodução
/ Site Oficial)
Quem estava em campo cumpriu seu papel. Era difícil ganhar do Flamengo, que estava bem naquele ano. Mesmo com nosso time titular, nós tínhamos vencido poucos jogos fora de casa naquele Brasileiro. Até usei isso como argumento quando um diretor comunicou a situação. Eu disse que deveria ir o time titular ou colocasse os juniores. Colocar reservas era um absurdo. Não era justo colocar uns três lá, botar a cara e o restante ficar fora. Acabou que foi isso que aconteceu. Alguns jogadores que não vou citar o nome até simularam contusão para não ir para aquele último jogo. A situação não é fácil, mas é coisa da profissão.
Sempre fui muito sério e nunca dei liberdade para o torcedor duvidar de nada. Não que o Marcelo Grohe não fosse. O Marcelo era reserva do Victor, que já era um ídolo. Cheguei no aeroporto sério e saí antes, depois fui saber do tapa que o Marcelo levou. Tinha torcedor do grêmio hostilizando a gente, gritaram um monte de besteira. Ouvi muito palavrão, só que entrou por um ouvido e saiu pelo outro, não discuti com ninguém".
PALMEIRAS 2 X 1 FLUMINENSE 1 - 2010
Fala, Deola:
“Não lembro de ter tido contato com torcedor durante a semana. A pressão ali foi grande porque, na quarta-feira anterior, a gente foi eliminado pelo Goiás, em São Paulo, pela Sul-Americana. A torcida não aceitou aquilo, era uma final que deixamos de disputar. Por isso o protesto foi mais forte.
“Não lembro de ter tido contato com torcedor durante a semana. A pressão ali foi grande porque, na quarta-feira anterior, a gente foi eliminado pelo Goiás, em São Paulo, pela Sul-Americana. A torcida não aceitou aquilo, era uma final que deixamos de disputar. Por isso o protesto foi mais forte.
Dinei fez 1 a 0 Palmeiras e comemorou sem
muita empolgação o seu gol (Foto:
Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
A nossa estratégia era armar um jeito para suportar a
pressão e conseguir a vitória. Infelizmente ela não veio, mas por merecimento
do Fluminense. A gente não esmoreceu em momento algum, fizemos nossa obrigação
dentro de campo. Jogador que se preze, tem hombridade, entra em campo e joga
seu futebol.
É a última rodada do campeonato. O jogador tem que pensar sobre a imagem que vai ficar. Alguns lances ficam marcados. Ele quer que pensem daqui a alguns anos: “Será que deixou, será que não deixou?”. Jogue naturalmente. Ninguém entra para perder, abrir o jogo. Se alguém faz isso, não tem respeito pela profissão”.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2015/12/pedido-antigo-jogadores-recordam-pressao-dos-torcedores-para-entregar.html
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