Torneio é disputado no inverno do Catar (temperaturas na casa dos 21ºC) e agrada turistas e atletas. Fifa consultou Federação Internacional de Handebol sobre condição
O Catar conta os anos para receber a Copa do Mundo de 2022. Propagandas pela cidade, na TV, tudo mostra o trabalho feito pelo país para sediar o evento. A comunidade do futebol, porém, não debate apenas sobre os estádios e possíveis condições sub-humanas de trabalho dos estrangeiros nos canteiros de obras, mostradas por diversas vezes na imprensa internacional. O quase insuportável calor que beira os 52ºC de sensação térmica nos meses de junho e julho, tradicionais datas da Copa do Mundo, assustam e estão no centro da discussão. Tanto é que há um longo debate sobre a possibilidade de transferir a competição para janeiro, para fugir do clima desértico.
VÍDEO: secretário da Fifa diz que Copa do Catar 2022 não será realizada em junho e julho
Torcedores da França usam jaqueta e cachecol
em plena Doha (Foto: Matheus Tiburcio)
A Fifa consultou a Federação Internacional de Handebol (IHF) sobre as condições e toda a operação em janeiro, conforme Jérôme Valcke disse no programa Arena SporTV, garantindo que a Copa de 2022 não será em junho e julho. A situação é vista com desconfiança pela Uefa (União das Federações Europeias de Futebol) pelo prejuízo financeiro e de planejamento que pode trazer aos torneios nacionais e dentro da Europa - que vão do fim de agosto ao meio de maio.
De antemão, o Mundial de handebol masculino vem mostrando que a escolha pelo mês de janeiro pode realmente ser a melhor saída. Ao menos na opinião de jogadores, comissões técnicas, preparadores físicos presentes na competição e, claro, turistas. Com temperaturas na casa dos 21ºC em janeiro, Doha e o restante do país tornam-se aprazíveis para seus visitantes que vez ou outra deparam-se com um "friozinho" de 10ºC à noite e até chuva. Até roupas de frio é possível usar.
- Em janeiro faz frio, de fato. Em ginásio coberto, o clima é o ideal, mas acho que talvez encontrem dificuldades no futebol se jogarem em julho, por exemplo. E aqui é absolutamente um teste para a Copa do Mundo. Acredito que vão encontrar alguns problemas com o handebol que podem ser resolvidos depois para o futebol. É uma boa experiência também para as próximas competições que serão realizadas no Catar - disse Cyril Thevenot, torcedor francês.
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O Al Sadd, tradicional clube do Catar, vem reformando seu estádio. Ele será o primeiro do mundo com ar-condicionado e sem cobertura. Ou seja, será climatizado mesmo recebendo luz do sol. Mesmo assim, com arenas e temperaturas controladas, o armador do Brasil, Thiagus Petrus, acredita que o ideal é mesmo jogar em janeiro, e não em junho. O atleta "agradece" a decisão pelo Mundial de handebol der neste período.
- É muito melhor agora, principalmente para não ficar sujeito o tempo todo ao ar-condicionado. Você sai na rua, o calor de 50ºC, e depois volta ao "ar" com 20ºC... Isso tende a uma doença respiratória. O melhor é a temperatura que está, mais fresco, muito mais agradável - diz Petrus.
(
Foto: Wander Roberto / Inovafoto)
O preparador físico do Brasil, Luigi Turisco, concorda com Thiagus. Ele explica que mesmo atuando com o ar-condicionado, os jogadores tenderiam a ter uma piora de performance durante o verão no país.
- Sem dúvida é melhor para o atleta. A estrutura comporta jogos em qualquer época pela climatização, mas influencia na performance do atleta. O que mais influencia é a temperatura. A hidratação é complicada e a parte de desgaste é antecipada. O atleta pode ter lesão ou fadiga, por mais que tenha climatização no ginásio. Quem tem problema respiratório, atleta com asma, teria problema. Local fechado transmite vírus e é o grande vilão para os atletas. Jogadores poderiam ter resfriados, por exemplo - explica Luigi.
Álcool quase 100% vetado
Niko aceita a proibição do álcool no Catar
(Foto: Matheus Tiburcio)
(Foto: Matheus Tiburcio)
Grande parte dos turistas no torneio são europeus, todos seguindo suas seleções. Acostumados a consumir cervejas dentro de seus ginásios e estádios, em Doha é impossível assistir a um jogo com um copo nas mãos.
- A gente sempre faz uma reunião com os amigos e os familiares antes dos jogos. Mas é até melhor que não vendam cerveja aqui. Imagina um monte de gente bebendo, ia ser um desastre - brinca Niko Mandevic, fazendo uma relação com a religião e costumes locais, muito diferente dos europeus.
A cerveja, com um pouco de "pesquisa" e perguntas a taxistas e alguns locais, pode ser encontrada em poucos hotéis da cidade, que possuem a liberação para a venda. O preço, porém, não é convidativo. Uma garrafinha "long neck" pode custar o valor de R$ 40. No ano passado, o premiado chef britânico Gordon Ramsay pulou fora da sociedade de um restaurante na futurística "The Pearl", ilha artificial da cidade, porque a licença para a venda de bebidas alcoólicas foi cassada no restaurante. Grande parte do faturamento era de turistas estrangeiros atrás de vinhos, e a pressão de outros restaurantes (tradicionais) da cidade, fez com que o governo local optasse por isso.
Mulher cobre o rosto na rua. Religião é muito
rigorosa no Catar (Foto: Thierry Gozzer)
O calor, porém, não é visto como problema para Niko, que já esteve três vezes no verão do Catar.
- Eu já passei uns três verões no Catar e realmente faz muito calor. Mas os caras têm dinheiro e constroem ginásios e estádios como esse (se referindo ao Duhail Hall). Acho que isso (o calor) não vai ser um problema para a Copa - diz Niko.
FONTE:
http://glo.bo/1CdvkPn
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