Sozinho no Rio, argentino elogia mulheres, mas se diz preocupado em jogar futebol para amenizar saudade. Ele não se contenta com boa impressão: ‘Vou buscar mais’
Morando longe de casa pela primeira vez, Mugni é simples ao definir sua rotina carioca: do hotel para o treino, do treino para o hotel. Lógico, sempre com o celular na mão para manter o contato com os pais e os quatro irmãos, que moram em Santa Fé. A conduta, no entanto, em nada tem a ver com uma dificuldade de adaptação ao Brasil. Pelo contrário. À vontade no Flamengo, Lucas se diverte com o equatoriano Erazo pelos vacilos com o português e já absorve manias de brasileiros: como dançar nas comemorações de gol. No primeiro pelo novo clube, não haverá samba, mas já há uma promessa:
- Vou treinar para isso, para poder dançar, mas ainda não estou pronto (para o samba). No primeiro gol, vou dançar cumbia. Está prometido – disse, citando o ritmo musical muito popular na Argentina e que ficou famoso no Brasil durante a passagem de Tévez pelo Corinthians, em 2005.
Mugni
faz primeiro clássico neste sábado.
Tatuagens lembram os familiares que
ficaram na Argentina: Nos braços,
os pais; no antebraço, os quatro
irmãos e, abaixo, as iniciais dos três
sobrinhos (Foto: André Durão)
- Estou satisfeito, mas posso jogar muito mais. Fiquei satisfeito por ter sido o primeiro jogo, com muita tensão, não sabiam muito sobre mim e isso nos deixa um pouco tenso. Mas todos têm me tratado muito bem e ficaram felizes com minha atuação. Isso me deixa muito tranquilo. Passou a primeira impressão, que é o mais difícil. Todos diziam: "Vamos ver o que faz o argentino". Por sorte, fui bem. Estou feliz, mas vou buscar mais.
Em entrevista ao GloboEsporte.com, o meia relembrou ainda dificuldades comuns a muitos brasileiros no começo da carreira, como falta de dinheiro para ir treinar; reforçou a admiração por Riquelme, apesar de ser xará de Messi; e não titubeou ao ser questionado sobre o melhor de todos os tempos:
- Diego Armando Maradona.
Confira abaixo todo bate-papo:
Qual análise que você fez de sua estreia pelo Flamengo? Gostou ou ainda tem muito a melhorar?
Estou satisfeito, mas posso jogar muito mais. Fiquei satisfeito por ter sido o primeiro jogo, com muita tensão, não sabiam muito sobre mim e isso nos deixa um pouco tenso. Mas todos têm me tratado muito bem e ficaram felizes com minha atuação. Isso me deixa muito tranquilo. Passou a primeira impressão, que é o mais difícil. Todos diziam: "Vamos ver o que faz o argentino". Por sorte, fui bem. Estou feliz, mas vou buscar mais.
Obviamente, já vi. É um dos jogos mais conhecidos do mundo. Quem me conhece da Argentina e de Santa Fé sabe como gosto deste tipo de partida, do clássico. Espero entrar no jogo para ajudar e apoiar quando estiver fora.
Na próxima quarta-feira, o Flamengo estreia na Libertadores. Você nunca jogou, mas é uma competição muito forte e tradicional na Argentina. O que espera dessa primeira vez?
A Libertadores é algo muito importante para mim. Todo mundo a vê, toda a América e na Argentina, principalmente. Creio que se tiver um bom desempenho, será importante para minha carreira. Temos um grande plantel, de boas pessoas, sobretudo, e bons jogadores.
Como tem sido sua rotina aqui no Rio? Já conheceu pontos turísticos?
A vida aqui é muito boa. Não tenho saído muito. Temos muitos treinos, concentração e só fui a alguns shoppings. Fico mais no hotel, mas tenho muita vontade de conhecer o Cristo Redentor. Como cristão, assim como toda minha família, é algo que tenho muita vontade.
Soube que sua despedida de Santa Fé foi muito emocionada, mas você decidiu morar sozinho no Rio. Como fazer para superar essa distância para que isso não seja um problema a mais?
Tenho uma família muito bonita, somos muito próximos e foi uma despedida muito bonita. Se caíram lágrimas, foram de alegria. Todos os dias falo com eles por mensagens ou ligo, e jogar me ajuda muito. Preciso muito jogar para ocupar minha mente. Enquanto estiver jogando, estou tranquilo.
Você chamou a atenção na estreia pela qualidade no passe e criatividade. Trata-se de uma posição carente no Brasil como um todo, tanto que argentinos como Conca e Montillo brilharam recentemente. Está pronto para responsabilidade de matar essa carência de meia-armador no Flamengo?
Não creio que vai ser tão fácil. Há um pouco mais de pressão. Todo mundo está me observando muito para ver como vou jogar. Sei que argentinos como Conca e D´Alessandro já deram certo aqui no Brasil e creio que isso possa me ajudar, mas tenho que me esforçar muito para ter sucesso.
Neste período que está no Brasil, já deu para aprender bem o português?
Já entendo muito, mas custa um pouquinho falar. Estou aqui faz pouco tempo. Logo, logo vou estar falando bem. Brinco muito com Frickson (Erazo, zagueiro equatoriano também recém-chegado ao Flamengo) que muitas vezes falamos coisas que nem nós mesmos conseguimos entender o que queremos dizer ao tentar falar português (risos).
O Cáceres (volante paraguaio) quando chegou usava músicas para aprender algumas palavras. Você também faz isso? Tem alguma canção em especial que já o tenha chamado a atenção?
Não me lembro de alguma em especial, porque são muitas que escuto nos treinos, no vestiário. Mas são muitas boas e já avisei que preciso tê-las no celular (risos). Conheço Michel Teló, que já era famoso na Argentina, mas aqui vi que tem muitos grupos bons.
Aqui no Brasil, há a cultura de comemorar gols com danças, de uma maneira mais despojada. Você já planejou algo? Algum ritmo brasileiro?
Vou treinar para isso, para poder dançar, mas ainda não estou pronto. No primeiro gol, vou dançar cumbia. Está prometido.
Como é o Lucas Mugni fora do campo?
Sou muito tranquilo. Gosto de ficar na minha casa, vejo muita televisão. Aqui, tenho que sair um pouco para me ambientar, mas gosto de ficar tranquilo. Já fui na praia, que é muito bonita. Só foram dois dias.
Já deu para conhecer as mulheres brasileiras na praia?
São mulheres muito bonitas, agradáveis, simpáticas. Isso é muito bom também, têm um carinho especial, mas ainda não sou tão conhecido.
Queria que você contasse um pouco como foi seu início no futebol? Teve algum tipo de dificuldade? Quem te descobriu?
Comecei muito pequeno. Meu irmão jogava em um time chamado Gimnasia Ciudadela, de Santa Fé, e passei a ir com ele. Com o passar do tempo, fui para o Colón, que é o time do meu coração, e foi onde pude jogar minha primeira partida como profissional aos 18 anos. A verdade é que ali começou minha história. Sofri muito desde pequeno, não tinha dinheiro para ir treinar muitas vezes. Essas são minhas lembranças principais. Ia de bicicleta ou meu pai quando podia me levava.
Você já foi convocado por Alejandro Sabella para seleção da Argentina. Acredita que atuando no Brasil e com uma boa Libertadores, é possível sonhar com a Copa ou é algo distante?
Vejo como algo muito difícil. Há muitos grandes jogadores na Europa na minha posição, mas se eu fizer um bom semestre, com destaque, não vou perder a esperança.
Seu segundo nome é o mesmo de Messi: Andres. Mas você sempre cita Riquelme como ídolo...
Eu falo muito do Riquelme porque o estilo de jogo me agrada muito. Obviamente, que se você me perguntar quem é o melhor do mundo, vou dizer Messi. De longe há uns seis anos. Mas gosto do Riquelme pela inteligência, pela qualidade que tem.
Por fim, uma pergunta que você vai ouvir muito no Brasil: Pelé ou Maradona?
Diego Armando Maradona.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2014/02/baila-no-rio-em-alta-depois-da-estreia-mugni-promete-danca-no-primeiro-gol.html
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