sábado, 8 de fevereiro de 2014

Fanático F.C.: santista tatua escudo até na testa para recordar títulos

Alberto Francisco de Oliveira Júnior, conhecido como Alemão, possui 13 tatuagens referentes a conquistas do Peixe. A mais conhecida é na testa, pelo Paulista de 2006

Por Santos, SP

Alberto Francisco de Oliveira Júnior Alemão Fanático Santos Tatuagens (Foto: Bruno Gutierrez)Alemão mostra as tatuagens do Santos espalhadas pelo corpo (Foto: Bruno Gutierrez)
 
Ele nasceu como Alberto Francisco de Oliveira Júnior. Mas nem todos sabem que este é seu verdadeiro nome. Para muitos que frequentam as imediações da Vila Belmiro, em Santos, ele é conhecido apenas como Alemão. Dono de um bar em frente à casa do Peixe, o homem de 55 anos é o torcedor-símbolo do Alvinegro Praiano. O motivo é fácil de entender: o comerciante possui 13 tatuagens relativas ao clube do coração,  incluindo uma na testa. A primeira foi feita em 1977, quando entrou para uma torcida organizada de Santos.

- Eu estava lendo uma reportagem de uns caras que faziam tatuagem de leão, elefante, gaivota, tigre. Eu falei: “Não gosto de nada disso. Vou fazer do Santos”. Fiz a primeira, gostei e fui fazendo. Fiz os distintivos de acordo com os títulos que eu vi. Agora está defasado. Faltam onze, mas ainda vou fazer. Tenho problema de diabetes e fica complicado.

A mais marcante e que chama a atenção de todos é a que está na testa. Alemão conta que tudo começou por causa de uma aposta que fez em 2006 com técnico do Peixe na época, Vanderlei Luxemburgo.

- Em 2006, estávamos disputando o título do campeonato Paulista, e se não ganhássemos iríamos passar o Corinthians em ficar mais tempo sem ganhar o Estadual. Eu apostei com o Luxemburgo: “Se você for campeão paulista, eu vou fazer uma tatuagem onde ninguém tem”. Fomos campeões e eu procurei o lugar para fazer. Tem gente que tem no rosto, atrás da orelha. Eu falei que iria fazer na testa. O Santos foi campeão no domingo e eu fui fazer a tatuagem na quarta-feira. - diz.


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Foi por pouco que o comerciante conseguiu cumprir a promessa. Isso porque o tatuador se recusou a marcar o rosto do torcedor santista. Mas depois de algumas horas, Alemão conseguiu vencer o profissional pelo cansaço.

- O mais complicado foi porque o cara da tatuagem não quis fazer. Falou para eu ir dar uma volta, pensar direito. Não me deixou fazer. Pediu para eu voltar depois de duas horas. Aí fui passear pelo Gonzaga (bairro de Santos), esperei dar o tempo certo e voltei. Falei que queria fazer e pronto. Ele ainda me disse: “Você vai se arrepender”. Mas nunca me arrependi. 

Até Marcelo Teixeira, presidente do Santos na época, tentou convencer Alberto a retirar a tatuagem. Porém, ele segue com o que prometeu. A coleção de tatuagens no rosto poderia ser maior ainda se o Alvinegro tivesse sido campeão mundial em 2011.

- O Marcelo Teixeira e o Luxemburgo falaram para eu tirar. Mas eu me neguei. Eu fiz uma promessa e cumpri. Fiz e não vou tirar nunca mais. Se o Santos for tricampeão do mundo, vou fazer duas no rosto, uma em cada lado. Já tinha feito essa promessa quando o Santos jogou no Japão. Infelizmente, não ganhamos. Mas se tivéssemos ganho, iria ficar três distintivos na testa.

Celebridade e trunfo na hora da discussão
Os escudos do Santos pelo corpo transformaram Alemão em uma espécie de celebridade. Porém, tal situação causa desconforto para o torcedor. Por ser tímido, ele ainda não se acostumou a dar entrevistas e tirar fotos.

- O problema é que tem que dar entrevista e tirar foto toda hora, e sou muito tímido. Tenho vergonha de falar, de tirar fotografia. Mas é curioso. Fui para a Itália e tirei muito mais fotografia que aqui. Lá, o pessoal se apaixonava na hora.

Alberto também enfrentou problemas em casa. Os parentes não acreditavam que o símbolo na testa fosse verdadeiro. O comerciante garante que ninguém recebeu bem a surpresa, mas já se acostumaram. 

- Foi muito complicado. Foi estranho. Ninguém acreditava. Falavam que era de henna, que ia sair. Mas todos ficaram surpresos. Ninguém reagiu numa boa. Falavam que eu era louco. Mas depois acostumaram. Hoje eles nem ligam.

Se as muitas tatuagens causam estranheza para pessoas mais próximas, elas também servem para intimidar estranhos. Alemão conta que o escudo na testa já garantiu algumas vitórias em discussões de trânsito.

- Já ganhei muita briga assim (risos). Conflitos de trânsito, foram uns dois. Eu saio do carro, as pessoas olham a tatuagem, já abaixam a cabeça e começam a tratar com mais respeito. A tatuagem na testa intimida muito. Os amigos falaram que iriam tirar sarro, mas as pessoas veem, falam baixo e não mexem comigo. Eles devem pensar: “O cara fez uma tatuagem na testa, imagina o que ele vai fazer com a gente”. Impõe muito respeito.

Mosaico Fanático Fc Santos (Foto: Bruno Gutierrez) 
Alemão mostra tatuagens feitas em 
homenagem ao Santos (Foto: 
Bruno Gutierrez)

Pais corintianos e vida dedicada ao Santos
Se dependesse dos pais, Alberto nunca teria sido santista. Os dois torciam pelo Corinthians. Mas a irritação do pai em saber que o Timão tinha sido derrotado pelo Peixe despertou o interesse do filho em conhecer aquele clube.

- Meus pais eram corintianos, e todo domingo meu pai ficava reclamando com a minha mãe que o Santos tinha ganho do Corinthians. Aí comecei a perguntar quem era o Santos e vim para a Vila Belmiro ver o time jogar. Até hoje, sou santista roxo. Adoro ver esse time jogar. Meu pai não gostava que eu era santista de jeito nenhum. Ele dizia que era melhor ver um filho preso do que torcendo para o Santos. 

Para ficar perto do clube de coração, Alemão começou a trabalhar dentro da Vila Belmiro. Durante 22 anos, foi de segurança até assessor especial da presidência do Alvinegro Praiano.

- Eu comecei trabalhando de segurança nas domingueiras, depois vendi pipoca, cachorro-quente, fui trabalhar com o rapaz que vendia cerveja no campo carregando caixa. Antigamente eram caixas de madeira e garrafas de vidro muito pesadas, e ninguém gostava desse serviço. Como eu tinha o corpo avantajado, comecei a trabalhar com ele. Depois fui gerente e quando ele foi para Minas Gerais fiquei no lugar. Trabalhei 22 anos dentro do Santos futebol Clube, desde o setor alimentício até auxiliando as diretorias.


FONTE::
http://globoesporte.globo.com/sp/santos-e-regiao/noticia/2014/02/fanatico-fc-santista-tatua-escudo-ate-na-testa-para-recordar-titulos.html

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