Ídolo dos tricolores pelo gol marcado na decisão do Carioca de 95, ex-atacante é figura controversa entre os rubro-negros, apesar de títulos, gols e muitos jogos
Os
gols e os dribles na Libertadores e no Mundial de 1983 fazem de Renato
Gaúcho – em Porto Alegre, o Portaluppi – um mito para os torcedores do
Grêmio. A barrigada histórica na decisão do Carioca de 1995 contra o
Flamengo o transformou em ídolo no Fluminense. E foi naquele lance, um
único lance, que ele virou figura controversa entre a torcida do
Flamengo. Com exceção do Tricolor gaúcho, clube que defendeu em 262
partidas, Renato nunca jogou tanto por outra equipe como no Flamengo. De
1987 a 1998, foram quatro passagens pela Gávea e uma relação de ódio e
amor eterna. Em 213 jogos, fez 68 gols. E ganhou títulos importantes. Em
87, campeão brasileiro. Em 90, da Copa do Brasil. Nas Laranjeiras, por
exemplo, onde a idolatria é muito maior, jogou 71 vezes, fez 26 gols e
ganhou apenas o estadual de 95.
Mas se é o Rei do Rio
para os tricolores das Laranjeiras, quase sempre é tratado pelos
rubro-negros como plebeu. Culpa da barriga. Renato costuma ouvir vaias
dos torcedores do Flamengo em jogos beneficentes no Maracanã. Foi assim
em 2009 e em 2013, nas partidas promovidas por Zico. E nas duas vezes
lidou com naturalidade. Em uma delas, sentenciou que trabalharia na
Gávea como treinador em algum momento da carreira.
– Alguns
torcedores não me perdoam por causa do gol de barriga, mas eu tenho um
carinho muito grande pela torcida, pelo clube e tenho certeza de que um
dia vou trabalhar no Flamengo. Aí a torcida vai estar do meu lado –
disse Renato à época.
Renato em dois momentos: campeão pelo Flu,
em 1995, e em ação pelo Flamengo
(Foto: Editoria de Arte)
A
situação se repetiu em 28 de dezembro do ano passado. Em entrevista ao
GloboEsporte.com, tratou o assunto com a conhecida irreverência. E não
deixou de contar vantagem.
– Vão sempre pegar (no meu
pé). No dia a dia os flamenguistas me amam. Até no dia da minha
apresentação (em janeiro, no Fluminense) tirei foto com um no hotel. Só
que lá (Maracanã) é a maneira de pegar no pé, mas no fundo eles gostam
de mim. Até pelo que fiz pelo próprio Flamengo. Levo na boa, sei que
gostam de mim. Sou profissional. Quando era jogador, vestia a camisa do
Flamengo e me dedicava totalmente. Fui campeão de um lado, campeão do
outro. Joguei no Botafogo. É difícil para um jogador atuar em três
grandes do Rio e ser ídolo de três torcidas. Só não joguei no Vasco, mas
fui ídolo como treinador do Vasco. Muito difícil ser querido pelas
quatro torcidas. No momento em que estiver de um lado, as outras vão
provocar. Quando cruzo com flamenguistas, pedem fotos, autógrafos. Mas
no estádio o que eu vou fazer?
Renato Gaúcho fala sobre o Fla-Flu de sábado (Foto: Fernando Cazaes / Photocamera)
Renato
revê o Flamengo e sua torcida novamente como adversário neste sábado.
Os times se enfrentam no Maracanã, às 19h30m (de Brasília), pela sétima
rodada do Carioca. Do lado tricolor, ele esfria aquela certeza de que
trabalhará novamente na Gávea, mas não descarta.
– Sou
profissional, estou no Fluminense, me sinto muito bem aqui. Quando
vesti a camisa do Flamengo como jogador, sempre procurei honrar, como em
todos os clubes por que passei. Joguei alguns anos, ajudei em alguns
títulos. Sempre fui profissional. Continuo sendo como treinador, mas
agora estou numa grande equipe, que tem uma grande torcida. Sempre vou
fazer o melhor pelo Fluminense. O meu futuro? Não sei. Sou profissional.
Espero ficar muitos anos aqui, mas vida de treinador vocês sabem como
é. Estou muito feliz aqui.
Como jogador do
Fluminense, Renato enfrentou o Flamengo seis vezes e não perdeu. Foram
quatro vitórias, dois empates e cinco gols marcados.
– É, jogando eu me dava bem (risos) – brincou.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/rj/futebol/campeonato-carioca/noticia/2014/02/rei-na-barriga-amor-e-odio-temperam-relacao-de-renato-com-o-flamengo.html
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