Dirigente também aponta qual foi a contratação mais fácil e a mais díficil no Galo e ainda revela que elenco montado para a temporada de 2013 custou R$ 140 milhões
Para Maluf, o termo cartola é pejorativo. Ele se considera um executivo (Foto: Maurício Paulucci)
Ele revela, por exemplo, como entrou para a carreira de cartola no futebol e como se dá o processo de contratações dentro do Galo. Maluf ainda contou qual foi a contratação mais difícil desde que chegou ao Atlético-MG.
2014
- Temos um planejamento, acho que o momento é dele ficar interno. Não podemos falar disso. Mas é normal em todo clube você ter uma mudança de 15% a 20% dos jogadores todo ano. Estamos atentos e vão haver estas mudanças como aconteceu no decorrer desses anos todos.
Eduardo Maluf, diretor de futebol do
Atlético-MG, no seu gabinete de
trabalho (Foto: Maurício Paulucci)
Santíssima trindade
- Quando eu trabalhei no Cruzeiro, nós tínhamos um orçamento, e dentro daquele orçamento sentávamos eu e o técnico. Aí definíamos quais eram as contratações para o ano seguinte. Sentávamos com o presidente e aí a gente se acertava. No Atlético-MG, o Kalil é um presidente mais participativo e assíduo. Quando chega setembro, outubro se começa a ver quais as carências do time para os próximos anos com o técnico. Todo mundo tem voz. E ali, chegando a um consenso de dois ou três nomes, a gente vai lá e faz a contratação. Na maioria das vezes o contato é feito por mim. Muitas vezes, eu faço o contato e o empresário vem a Belo Horizonte, senta com o Alexandre (Kalil) ou comigo. É uma coisa muito tranquila, a forma de contratar. Só que a responsabilidade é de todos nós, naquilo que deu certo e naquilo que deu errado.
Contratações: a mais fácil e a mais difícil
Em junho de 2012, o Atlético-MG negociava para contratar Juninho Pernambucano. Na mesma época, Ronaldinho se desligava do Flamengo, com uma separação nada amigável. A demora da resposta do veterano ídolo do Vasco fez a diretoria atleticana mudar de prioridades. Com sigilo total, o craque apareceu para treinar na Cidade do Galo e foi apresentado para surpresa de todos. Eduardo Maluf, perguntado qual foi a contração mais difícil no Galo, respondeu que foi Tardelli, mas resolveu falar mais da contratação mais fácil. A de Ronaldinho Gaúcho.
- A contratação melhor que o Atlético-MG fez, de impacto no mundo inteiro, foi a do Ronaldinho. E posso te falar que foi uma das mais fáceis. Eu e o Kalil estávamos no Rio, para acertar com Juninho Pernambucano. O Juninho pediu um prazo e nesse tempo o Cuca ligou e falou da briga que o Ronaldo tinha tido no Flamengo, que ele já tinha ligado para o Assis, que estava no Rio. Eu e o Alexandre encontramos com o Assis no outro dia, pela manhã, e com 45 minutos estava acertado o contrato do Ronaldo. Aí depois viajou o jurídico do Atlético-MG, com o Alexandre, para Porto Alegre, para sentar com o Ronaldo, conversar, mostra o que era o Atlético-MG. Eu vejo que o sucesso das contratações é o sigilo. E aqui, nós conseguimos manter sigilo em quase todas as contratações. A mais difícil de concretizar foi a do Tardelli. Nós queríamos, demorou, vazou, teve muito imbróglio e ela foi uma contratação difícil. Eu acho que o grande sucesso nosso é porque não vazam nossas contratações. São duas pessoas que cuidam, eu e o Kalil. E nós não deixamos com que vaze. Quando você tem um grande jogador, e aconteceu isso com o Ronaldo. A hora que vazou que o Ronaldo estava disponível foi numa quinta-feira, e nós acertamos na sexta. A partir daí ele teve quatro ou cinco propostas.
Elenco milionário
Nós tivemos a criatividade de buscar jogadores sem fazer valor de investimento. Temos uma folha de pagamento dentro de um patamar bacana, que, completa, gira entorno de R$ 6 milhões mensais”
- Eu vejo o que vale este elenco do Atlético-MG. Nós mantivemos muitos jogadores de 2012 para 2013 e chegaram poucos jogadores. Nós gastamos pouco e tivemos esse lado comercial de trazer a grande maioria dos jogadores sem custo de investimento, só com o custo de salário. Isso foi uma das grandes coisas que nós conseguimos equacionar. Investimos R$ 25 milhões, o que é pouco. Mas é relativo, se você olhar para trás, no início da formação do time de dois anos, aí chega neste valor de R$ 140 milhões. Mas eu prefiro falar quanto que vale o nosso elenco hoje. O elenco hoje nosso vale mais do que 150 milhões de euros (cerca de R$ 500 milhões). Você tira por base o Bernard, que não custou nada para o clube e foi vendido pro 25 milhões de euros. Foram poucos jogadores que nós investimos: Guilherme, André, Réver, Jô , Victor. O Jô custou três milhões de dólares, divididos em 30 pagamentos de 100 mil. O Tardelli nós compramos também. A grande maioria dos nossos jogadores não teve investimento de compra. Marcos Rocha, Leonardo Silva, o Junior Cesar. O Leandro Donizete custou R$ 400 mil. O Pierre nós trocamos no Daniel Carvalho. O Fernandinho não custou nada. Se você dá luva para o jogador e ele tem salário, você soma a luva no salário e faz a média. Nós tivemos a criatividade de buscar jogadores sem fazer valor de investimento. Temos uma folha de pagamento dentro de um patamar bacana, que, completa, gira entorno de R$ 6 milhões mensais.
Lábia ou dinheiro no bolso?
- Eu acho que você tem que ser comercial. Você não pode, só porque tem dinheiro, fazer uma contratação fora do mercado, do que vale. Tem que ter bom senso. Hoje, todo mundo quer jogar no Atlético-MG. Eu não preciso de lábia. A fama quando é ruim ela corre, o Atlético-MG passou por isso durante muito tempo. Mas quando ela é boa, ela corre também. Não precisa de lábia mais.
Relação com a torcida
Eduardo Maluf é só elogios à torcida do Galo,
que, para ele, é impressionante
(Foto: Maurício Paulucci)
Carreira antes do Galo
- Eu comecei no Valério, eu era presidente. Em um conselho técnico do Campeonato Mineiro, eu consegui reunir os clubes do interior. Naquela oportunidade, consegui mudar a forma de disputa. Ficou a forma de disputa que os clubes do interior queriam. Então eu tive uma proposta, tanto do Paulo Cury, do Atlético-MG, quanto do Zezé Perella, para que eu viesse a ser um dos diretores das duas equipes. Logo depois que acabou o meu mandato eu me tornei gerente de futebol do Cruzeiro.
Cartola não, executivo do futebol
- Isso foi um termo que se criou na época em que as pessoas que respondiam pelo futebol eram executivos que mudavam as regras do jogo. Um campeonato era definido e depois alterado no tapetão. Essa pessoa não tem mais espaço no futebol. Todos os times da Séria A e quase todos da Série B têm um executivo que é uma pessoa que tem de estar ali para cumprir o que é determinado. Eu vejo os grandes diretores de futebol hoje, como diretores executivos do clube. É na mão dessa pessoa que fica na maior parte do tempo, a função de gerir o time de futebol.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/atletico-mg/noticia/2014/01/papo-reto-maluf-abre-o-jogo-e-diz-que-20-do-elenco-atleticano-deve-mudar.html
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