terça-feira, 27 de agosto de 2013

Nove anos após Atenas, Virna festeja legado e exalta seleção de Zé Roberto

Ex-ponteira do Brasil acredita que derrota para a Rússia em 2004 marcou a virada que o esporte precisava para se firmar no cenário mundial e olímpico

Por Murilo Borges Campinas, SP

Virna não segurou o choro naquele 26 de agosto de 2004. Não só ela, diga-se de passagem. Camisa 10 e uma das mais experientes jogadoras da seleção feminina de vôlei, a ponteira não conseguiu colocar o país pela primeira vez – até então – em uma final olímpica. Justo na semifinal mais ganha da história do Brasil. Cinco match points desperdiçados no quarto set, virada no tie-break e a queda diante da Rússia. Difícil pensar, assim que a partida acabou, no que uma derrota desta magnitude ajudaria o vôlei nacional no futuro. Hoje, nove anos depois, já é possível.

vôlei Virna olimpíadas Atena 2004 (Foto: Getty Images) 
Virna lamenta eliminação nos Jogos Olímpicos de 2004: aprendizado para o futuro (Foto: Getty Images)
 
Já aposentada das quadras, Virna ainda não adquiriu a habilidade de assistir à derrota para a Rússia, nos Jogos Olímpicos de Atenas. Mas sabe que colaborou para as conquistas das duas Olimpíadas seguintes. Nos treinos pela seleção e pelos clubes, ajudou no desenvolvimento de expoentes da atual equipe, como a líbero Fabi, as centrais Thaisa e Fabiane e a ponteira Jaqueline (que, por conta da gravidez, não integra a seleção no momento).

– Joguei três Olimpíadas. Em 1996 e 2000, tinha a convicção que não éramos o melhor time. Mas quando fomos para Atenas, sabia que éramos a melhor equipe do mundo. E nós fracassamos. Ali foi um grande aprendizado, para saber que ninguém é imbatível. Foi uma acordada para a geração seguinte. O próprio Zé tirou lições daquela derrota. Doeu muito perder aquele jogo da forma – diz a ex-jogadora ao GLOBOESPORTE.COM.

Aquela derrota está engasgada. Não consigo assistir aquele jogo até hoje. Me dá uma angústia, uma dor no peito. Me faz mal. Até hoje não se encontra o porquê da derrota. A única solução que tenho é que não era hora do título"
Virna
 
As lições foram bem aprendidas pelas jovens de hoje. Desde o tropeço em Atenas, o Brasil de José Roberto Guimarães levou, além de duas Olimpíadas, a Copa dos Campeões (2005) e o tricampeonato do Grand Prix (2005, 2007 e 2008), título que a seleção tenta reconquistar a partir desta quarta-feira, no Japão. Apesar de não ter participado diretamente de todas essas campanhas, Virna diz que as medalhas são frutos de anos de trabalho. E, nisso, se inclui.
– Esses títulos vieram da geração da Vera Mossa, da Isabel, da Jaqueline. Elas que plantaram a primeira sementinha. Depois veio a gente. A nossa geração revolucionou o cenário do vôlei brasileiro. A primeira medalha foi em 1996, quando tínhamos Cuba pela frente. Aos poucos as garotas começaram a se agregar ao grupo e saber como funciona a seleção. O bastão foi passado de geração para geração. Isso foi bacana, e elas adquiriram maturidade.

vôlei Virna olimpíadas Atena 2004 (Foto: Getty Images) 
Ex-jogadora foi uma das expoentes da geração passada na seleção feminina (Foto: Getty Images)
 
Depois de passar com louvor pelos dois últimos ciclos olímpicos, o Brasil tem o desafio de conquistar tudo novamente, e com um agravante – jogar em casa. Com a experiência adquirida em quadra, Virna confia no bom desempenho das meninas de Zé Roberto, que, para ela, formam a equipe mais forte da atualidade. Sem um esquadrão como Cuba, que tanto atrapalhou nos anos 90, a ex-ponteira confia na tradição verde e amarela.

– O vôlei da nossa época era muito difícil. A Cuba era bicampeã olímpica, uma equipe praticamente imbatível. Hoje não existe mais isso. Só Brasil e os Estados Unidos seguem em alta. Hoje o Brasil é a equipe a ser batida no mundo. É bicampeão olímpico, tem inúmeros títulos. O time é muito forte e acho que tem muitas chances de ser tricampeão.

O GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os passos da seleção de Zé Roberto no Japão. A estreia brasileira acontece às 3h30m (de Brasília) desta quarta-feira, contra os Estados Unidos. Sérvia, Itália e China, além das donas da casa, disputam o título do Grand Prix 2013.

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