segunda-feira, 1 de abril de 2013

Bolt diz 'até logo' ao Rio, mas deixa planos de aposentadoria e futebol


Após passagem movimentada pela Cidade Maravilhosa, astro das pistas
revela intenção de encerrar carreira em 2016 e fazer tentativa nos gramados

Por Lydia Gismondi Rio de Janeiro


As roupas da moda, o relógio caro, a coleção de carros e a quantidade de ouro acumulada em inúmeras vitórias escondem a história simples de Usain Bolt. A infância simples foi marcada por corridas pelos campos de grama alta do vilarejo rural de Sherwood Content, cidade natal do jamaicano de 26 anos. Com o dinheiro ganho em sua primeira grande competição, comprou uma máquina de lavar roupas para sua mãe, Jennifer. Se o velocista tivesse nascido no Brasil, a corrida provavelmente seguiria a trajetória da bola nas ruelas de alguma favela do país e ele traçaria, quem sabe, o caminho de um Neymar ou um Ronaldo Fenômeno para vencer. O jeito irreverente, a inocente malandragem e o gingado na dança parecem diminuir ainda mais a distância entre o ídolo do atletismo e o país de Pelé. Ou do velocista e o jogador de futebol.

Nos últimos quatro dias, o jamaicano se aproximou mais do Brasil e do povo brasileiro. Estrela do evento "Bolt Contra o Tempo", quando venceu a prova dos 150m rasos na Praia de Copacabana, no domingo, o homem mais rápido do mundo não se cansou de elogiar as praias, as mulheres e o futebol do país. Chegou ao Rio dizendo que queria conhecer Neymar e se arriscou até em uma partida de futevôlei.

Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, Bolt contou sobre sua vontade de encerrar a carreira justamente na Cidade Maravilhosa, nas Olimpíadas de 2016, revelou a conquista na pista da qual ainda sente falta e, principalmente, falou sobre um dos assuntos de que mais gosta: futebol. Acostumado a desafiar o tempo, o bicampeão olímpico quer, daqui a três anos, desafiar também a lógica e se tornar rival dos ídolos Cristiano Ronaldo e Neymar nos campos.
Clique no mosaico abaixo e veja uma galeria de fotos da passagem de Bolt pelo Rio.

MOSAiCO - Usain bolt no rio de janeiro (Foto: Editoria de Arte) Usain Bolt se divertiu nos quatro dias da visita ao Rio de Janeiro (Foto: Editoria de Arte)

Confira aqui a entrevista completa com o homem mais rápido do mundo!
GLOBOESPORTE.COM: Você realmente tem como objetivo virar jogador profissional de futebol depois de 2016?
Usain Bolt: Quero tentar para ver se eu consigo. Isso seria uma grande coisa para mim. Seria muito empolgante.


Para você, quem foi o maior jogador de futebol de todos os tempos?
Existem tantos grandes jogadores que eu não posso dizer quem é o maior. Existiram tantos grandes jogares ao longo dos anos... Eu não vi muitos deles. Então, acho que não posso julgar quem é o maior.


Mas parece que é muito fã do Zidane, certo?
Ele é um grande jogador. Eu cresci vendo o Zidane jogar. Mas ouvimos muito sobre Pelé e Maradona. Esses caras que a gente vê os vídeos e tudo mais.


Dos jogadores que estão em ação no momento, quem é o seu preferido?
Sou fã do Cristiano Ronaldo porque ele jogava pelo Manchester United. Eu o vi jogando e o conheci pessoalmente. Sou fã dele. Não acompanho muito o futebol brasileiro, mas, para mim, o Neymar é o que faz o futebol brasileiro ser tão grande. Gosto de vê-lo jogar. Assisti a alguns vídeos para ver o jogo dele, mas não costumo assistir muito.


Na sua última visita ao Brasil, disse que queria aprender a sambar. Já teve alguma evolução?
Não muito... (risos). Não tenho muito tempo para praticar. Na verdade, achei um lugarzinho na Jamaica que tem samba. Já falei com o cara, e ele disse que, quando eu tivesse um tempo, deveria ir lá para aprender alguns passos. Em algum momento vou aprender.



Você costuma pensar em parar de correr? Pensa muito na sua aposentadoria?
Acho que depois das Olimpíadas do Rio vou parar. É quando quero me aposentar. As pessoas dizem que eu deveria continuar por mais alguns anos. Vamos ver. Mas meu objetivo é parar depois do Rio.


A rotina cansativa te faz sentir falta de algumas coisas que tem vontade de fazer?
Depois dos 30 eu vou ter mais tempo para mim. Vou poder fazer mais coisas, relaxar mais, vou poder tentar jogar futebol...


Acredita que alguém pode superar o que já fez no atletismo?
Recordes são feitos para serem quebrados. Sempre existiram grandes atletas. Acho que, com o tempo, isso vai acontecer. Não agora, ou talvez não enquanto eu estiver vivo, mas em algum momento alguém conseguirá.

Quais são suas metas para as Olimpíadas de 2016, no Rio?
Eu só quero defender meu título. Quero voltar aqui e provar ao mundo que posso ser grande, posso ser um dos melhores.


Existe algo que ainda queira conquistar no atletismo?
Já fiz de tudo nos Jogos Olímpicos, mas não estive nos Jogos da Commonwealth (competição entre as ex-colônias britânicas). Acho que, na próxima temporada, vou competir na Commonwealth (em Glasgow, na Escócia). É uma das coisas que quero fazer e que ainda não fiz. Seria maravilhoso. E espero vir ao Rio para defender meu título e mostrar ao mundo que sou um dos melhores que já existiram.

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