sábado, 30 de março de 2013

O match point que ninguém viu


“Como esse jogo não passou na TV, ninguém sabe como foi um dos match points. O Janowicz bateu uma bola a 3 mil quilômetros por hora na direção da minha cabeça. Ela ia para fora e eu fui tentar abaixar, mas a bola beliscou a minha raquete no final. Na verdade, a gente praticamente ganhou aquele jogo. Faltou só eu dar um Matrix mais rápido para sair da bola”.

O lance, descrito acima por Bruno Soares, aconteceu no Masters 1.000 de Indian Wells, nas semifinais. Um centímetro de diferença na bola do polonês ou um décimo de segundo a menos na reação do mineiro, Soares e Alexander Peya teriam se classificado para a final do importante torneio californiano. Janowicz e Treat Huey venceram o match tie-break por 12/10 e avançaram. A jogada também descreve o quanto a parceria parece estar perto de um grande resultado em um torneio como um Masters 1.000 ou um Grand Slam.

Depois daquele jogo, brasileiro e austríaco perderam a estreia no Masters 1.000 de Miami (Fernando Verdasco e David Marrero venceram por 7/5 e 6/4) e encerraram o primeiro trimestre da temporada 2013. Antes do encerramento do evento na Flórida, Soares e Peya ocupam a quinta posição no ranking do ano e estão na zona de classificação para o ATP Finals, que reúne as oito melhores parcerias.

Conversei rapidamente com Bruno Soares por telefone nesta terça-feira, e o mineiro, como sempre, foi otimista. E, convenhamos, com todos os motivos do mundo para mostrar confiança e acreditar em belos resultados no futuro. Em 2013, ao lado de Peya, ele soma um título em São Paulo e três semis: Memphis, Acapulco e Indian Wells. Leiam o papo abaixo.

Agora que terminou a primeira parte da temporada, com um Grand Slam, dois Masters e dois ATPs 500, que balanço você faz de 2013?
A gente voltou muito satisfeito. Tirando Miami, em todas semanas a gente esteve nas cabeças. O mais importante, que eu já venho falando, é que a gente está jogando muito bem. A gente está sentindo que a maioria dos jogos a gente está dominando e, no mínimo, está tendo chances de ganhar. Isso deixa a gente com a confiança boa para o resto da temporada. Em Acapulco e Indian Wells, faltou muito pouco para pegar uma final. Faltou até um pouquinho de sorte, mas a gente não pode reclamar desde que a gente começou a jogar junto. Foram inúmeros títulos, a porcentagem de aproveitamento nossa é muito alta. Não dá para reclamar. Em Indian Wells, houve ali aqueles dois match points. Como esse jogo não passou na TV, ninguém sabe como foi um dos match points. O Janowicz bateu uma bola a 3 mil quilômetros por hora na minha cabeça. A bola ia para fora e eu fui abaixar. A bola beliscou a minha raquete no final. Na verdade, a gente praticamente ganhou aquele jogo.
 Faltou só eu dar um Matrix mais rápido para sair da bola, mas como não deu…

E Miami?
Em Miami, pegamos um jogo duro e foi, do ano, o jogo em que a gente menos esteve bem. A gente não jogou mal, mas a gente não estava afiado. Acho que muito mais por mérito deles também, que entraram com uma tática muito agressiva, de não deixar a gente jogar, o que acabou dando certo. Mas até agora estamos muito satisfeitos com a temporada. A gente está entre as melhores duplas do ano em termos de nível e de ranking e vem jogando muito bem. O mês de março é bastante complicado, especialmente para quem está com ritmo. A gente perde porque fica muito tempo parado. Acabou Acapulco e ficamos oito dias até nossa primeira rodada em Indian Wells. Então você tem a sensação de que está recomeçando o ano. Apesar de eu gostar muito de Indian Wells e Miami, eu não gosto do formato de dez dias. Você fica muito tempo parado. É complicado, mas o balanço até agora está muito bom.

O quinto lugar no ranking da temporada era o esperado?
Eu acho que era o esperado. A gente terminou o ano passado de uma forma muito forte. Quando a gente conversou, a gente tinha uma linha de pensamento muito parecida. Nós acreditamos que estamos entre as melhores duplas do mundo e que a gente pode estar nas cabeças, que a gente pode ser top 10, ganhar Masters 1.000 e Grand Slams. É uma linha de pensamento que eu já acreditava, mas a gente provou para a gente mesmo com os resultados do fim do ano passado. A gente entrou este ano já com uma meta bem ousada, não só de ter um bom ano. A gente quer mesmo ir para as cabeças.


Seu próximo torneio é Monte Carlo? Com um título em São Paulo e uma semi Acapulco, a mudança de piso não deve ser um problema para vocês, imagino…
Uma coisa positiva da nossa dupla é jogar bem em todos os pisos. Isso é importante porque o ano inteiro a gente vai ter chance de brigar por grandes resultados. Algumas duplas se complicam em algum tipo de piso e sabem que, chegando lá, a coisa é complicada. A gente sabe que consegue jogar legal, em nível alto, em todos os pisos. Com nosso estilo de jogo, a gente se permite mudar de piso, saindo de São Paulo (saibro) e indo para Memphis (quadra dura) e depois voltando para Acapulco (saibro), porque a gente se adapta rápido.

Sem ir na toalha (para ler em até 25 segundos):
- Depois de Miami, na pior das hipóteses, Soares e Peya cairão para o sexto posto no ranking de duplas da temporada, o chamado Doubles Team Rankings. Existe a possibilidade de brasileiro e austríaco manterem a quinta posição na lista da ATP.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/platb/saqueevoleio/2013/03/28/o-match-point-que-ninguem-viu/

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