Convocada pela primeira vez aos 28 anos, ponteira do Minas quer aproveitar cada momento no grupo da seleção, não faz opção por Grand Prix ou Pan e elogia Jaqueline
Mari Paraíba treina em Saquarema com a seleção feminina de vôlei (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Uma convocação tardia, mas com um sabor especial. Aos 28 anos, a ponteira Mari Paraíba
percorreu um longo caminho - muitas vezes incerto - para chegar pela
primeira vez à seleção brasileira feminina de vôlei. Depois de dez dias
junto com o grupo chamado para se dividir entre o Grand Prix e os Jogos
Pan-Americanos de Toronto, ambos em julho, a jogadora do Minas olha para
trás e acredita que tudo chegou no momento certo, mesmo que já não
esperasse mais por uma chance entre as comandadas do técnico José
Roberto Guimarães.
- Sempre penso que tudo acontece
no momento certo. Talvez não tenha acontecido antes porque eu não
estivesse preparada. Deus escreve certo por linhas tortas. Em alguns
momentos você não entende o que acontece, mas hoje estou aqui. Talvez
não esperasse hoje estar aqui e estou. É ter paciência e trabalhar que
um dia as coisas vêm - disse.
Em julho de 2012, Mari
Paraíba foi capa de uma revista masculina e pouco depois deixou as
quadras, ainda sem saber sobre futuro. Antes de decidir voltar às
quadras, ainda passou pelo vôlei de praia. Agora, no Centro de
Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema, no Rio de Janeiro, ela vive
uma nova experiência no regime de concentração da seleção.
Restando pouco mais de um ano para a
realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a ponteira sabe que a partir de
agora cada chamado da seleção é um passo a mais rumo à sonhada
competição.
- Fica a sensação de “será que posso
ir?”, “dá para chegar lá?”. Agora é trabalhar bastante e tentar evoluir
em alguns fundamentos. É o que vou fazer aqui dentro, o que puder sugar e
aprender de outras atletas e do Zé, vou fazer - avisou, sem citar
preferência por disputar o Pan ou o Grand Prix, que coincidem em datas
em julho: “Nem tenho que ter (preferência), o que o Zé achar melhor vou
estar superfeliz”.
Aos 28 anos, Mari Paraíba defenderá a seleção
principal pela primeira vez
(Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Ao
convocar Mari pela primeira vez, o técnico, que comanda a seleção
feminina desde 2003 e tem dois ouros olímpicos no currículo com as
meninas do Brasil (além de outro com a seleção masculina nos Jogos de
Barcelona 1992), foi só elogios à ponteira.
- É uma
jogadora interessante com a característica de ponteira passadora,
característica não muito simples de se arrumar no mundo, é uma carência
mundial e ela nos dá essa opção que é importante. Apesar de seus 28
anos, é uma jogadora que fisicamente tem condições de nos ajudar no
futuro - avaliou Zé Roberto.
Zé Roberto comanda treino (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Mari
Paraíba acredita que, mesmo que isso possa ser um diferencial, não será
o que a fará se destacar diante de outras jogadoras da posição.
-
Tem outras, não só eu aqui dentro, que são ponteiras passadoras. Para
me destacar aqui dentro tenho que ter algo a mais, então vou procurar de
alguma forma fazer o melhor que puder e crescer será muito importante.
A
partir do próximo dia 18, Mari e a seleção ganharão o reforço de outra
jogadora da mesma posição, e um espelho para a paraibana: Jaqueline. As
duas jogaram juntas na última temporada da Superliga e Mari ressalta a
importância da amiga para se destacar no Minas, onde terminou com o
sexto melhor ataque e a oitava melhor recepção da competição.
-
Sempre admirei muito a Jaque, principalmente como jogadora, e nesse ano
puder conhecer ela como pessoa. Sempre me ajudou bastante dentro de
quadra, tento sempre reparar nela, que é, para mim, a melhor
ponteira-passadora do mundo hoje em dia. O que puder sugar ainda mais
dela e aprender vai ser muito bom - concluiu Mari.
O
técnico Zé Roberto Guimarães trabalha hoje com 18 jogadoras em
Saquarema, ainda no aguardo, principalmente, das atletas do Rio de
Janeiro, que disputam o Mundial de Clubes nesta semana, na Suíça, e
também do Osasco, finalista da Superliga. Jogadoras que atuam no
exterior e Jaqueline também são aguardadas para as próximas semanas. Zé
Roberto terá 32 jogadoras para dividir entre o Grand Prix e o Pan, além
de amistosos que acontecem em junho e agosto.
Mari treina em Saquarema (Foto: Alexandre
Arruda/CBV)
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