Ponteira até então, jogadora de 32 anos vira líbero para estender carreira e buscar vaga nos Jogos Olímpicos de 2016. Melhor da história na função, Serginho é só elogios
Sassá volta à seleção depois de quase três anos longe (Foto: Alexandre Arruda/CBV)
A última imagem de Sassá com a camisa da seleção brasileira
feminina de vôlei era do dia 16 de julho de 2012, quando, num treino, a então
ponteira se machucou e foi a última a ser cortada antes da lista para os Jogos
Olímpicos de Londres. Quase três anos depois, o cenário é o mesmo, no Centro de
Desenvolvimento do Voleibol na cidade na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Mas a
função, agora, é outra. Restando pouco mais de um ano para os Jogos do
Rio 2016, Sassá está de volta à seleção após
chamado do técnico José Roberto Guimarães, mas a disputa será pela vaga de
líbero. Serginho, considerado o maior jogador da história do vôlei na posição, também
é só elogios à campeã olímpica.
- Há uns dois anos vinha pensando bastante nessa posição, é
uma decisão muito difícil e que estava muito em dúvida. Com certeza a
ligação do Zé (Roberto) pedindo para que voltasse à seleção nessa posição
foi uma resposta para essa questão que vinha pensando há muito tempo.
No vôlei de hoje, a potência de ataque é muito forte, as meninas que estão aparecendo
são muito fortes e altas, então vinham tendo uma certa dificuldade - explicou a
ex-ponteira e agora líbero, ainda surpresa com a convocação.
- Foi uma surpresa. Já tinha comentado com o Zé alguns anos
atrás, mas era bem precoce (o desejo de ser líbero). Quando ele me ligou, não
esperava. Estava com outro tipo de programação. Já não pensava mesmo, estava
focada só nos trabalhos fora da seleção. Estava com férias organizadas para
viajar. Foi uma surpresa e fiquei muito feliz por fazer parte dessa entidade
que é a seleção brasileira, e com muito orgulho, tanto para mim como para meus
amigos e familiares. É um grande prazer estar de volta - disse a jogadora,
que passaria férias com os pais nos Estados Unidos: “Foi por uma causa e um
sonho muito maior, não vai faltar oportunidades para viajar depois”.
Durante o período de treinos das seleções feminina e
masculina em Saquarema, Sassá terá a oportunidade de trocar experiências com um
dos maiores jogadores da seleção masculina. Serginho, aos 39 anos, está de volta ao grupo
de Bernardinho, mas avisou que é ele quem vai assistir aos treinos da nova
líbero do Brasil.
O técnico Zé Roberto, que tem no grupo Camila Brait e Léia para a posição, mostrou que a confiança na experiência de Sassá é grande, e lembra que a jogadora, mesmo quando a preocupação principal era o ataque, sempre se destacou no fundo de quadra com importantes defesas.
-
No fundo da quadra, ela tem a característica de fazer as
outras jogadoras jogarem pelo que ela representa. Ela sempre passou
muito bem, defendeu
bem e atacava muito bem. Hoje, aos 32 anos, permanece com um fundo de
quadra impecável. Como ela tem esse quesito, seria legal dar essa
oportunidade,
a Sassá sempre se cuidou fisicamente. Disse: “Não podemos chamar a
Sassá?”. Muita gente diz que “seleção não é lugar de experiência”,
mas com ela não é experiência. Nos momentos mais críticos do jogo, em
outros
tempos, ela foi quem sempre segurou esse fundo de quadra como ninguém.
Ela vem
somar com seu comportamento, com sua atitude e o com prazer de estar
aqui.
Acho
que vale à pena - afirmou o comandante, que deverá priorizar a
participação da
jogadora no Grand Prix, ao invés do Pan de Toronto: “A gente vai tentar
canalizá-la
um pouco mais para o Grand Prix. Mas vamos ver ao certo ainda".
Sassá já treina com o grupo da seleção
brasileira que está em Saquarema
(Foto: Alexandre Arruda/CBV)
Na transição para a nova função, Sassá admitiu que a
principal dificuldade será segurar o ímpeto na hora do ataque da equipe.
- Primeiro tenho que colocar na cabeça que não vou
poder mais atacar, acho que é uma coisa que vai pegar bastante. Já joguei de
líbero improvisada em algumas equipes e puxava fundo-meio como se fosse
atacante do fundo - analisou.
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Pensando justamente na nova posição em quadra, a jogadora decidiu focar sua carreira fora da seleção também como líbero, e por isso deixou o Praia Clube e acertou com o Brasília.
- Como consegui essa oportunidade na seleção, se fechasse
como atacante no clube ia ter quer dividir o trabalho, ia ter que treinar como
líbero e não deixar de atacar na próxima temporada. Coloquei como
disponibilidade no mercado essa opção de jogar só como líbero. O Brasília
abraçou essa causa e conseguimos fechar contrato.
O sonho, agora, não tem como ser outro: voltar aos Jogos
Olímpicos, desta vez no Rio de Janeiro, no ano que vem. Sassá tem uma medalha
de ouro conquistada em Pequim 2008. No currículo, a ex-ponteira soma ainda mais duas
prata em Mundiais, cinco ouros em Grand Prix, uma prata em
Jogos Pan-Americanos, entre outras conquistas.
Sassá volta à seleção brasileira agora em nova função: líbero (Foto: Divulgação/Praia Clube)
- Sabemos que estamos treinando focadas no objetivo das
Olimpíadas do Rio. No dia a dia não tem como não pensar. Quando você menos
esperar as Olimpíadas já estão batendo na porta, então temos que aproveitar ao
máximo os treinamentos para chegar na melhor forma possível. Tenho que
sonhar (em ir aos Jogos). Agora, com essa oportunidade, não posso deixar de
acreditar em nenhum momento. Enquanto houver chance, tenho que acreditar sim -
concluiu Sassá.
O técnico Zé Roberto tem hoje 18 jogadoras à disposição em
Saquarema, ainda no aguardo de atletas do Rio de Janeiro e Osasco, finalista da
Superliga. Jogadoras que atuam no exterior e Jaqueline também são aguardadas
para as próximas semanas. Zé Roberto terá 32 jogadoras para dividir entre o
Grand Prix e o Pan, além de amistosos que acontecem em junho e agosto.
*colaborou Danielle Rocha
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