Conhecido por força da torcida e passado glorioso, clube de Roterdã perde espaço no cenário nacional, mas mantém tradições, como não pronunciar o nome do rival Ajax
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Os
clássicos representam o momento favorito dos fãs de futebol. Muitas
vezes, vencer o arquirrival é mais importante do que conquistar
campeonatos. Na Holanda, dois times opõem em campo não só uma disputa
esportiva, mas entre cidades concorrentes. De um lado, da capital
Amsterdã, o Ajax,
campeão nacional nos últimos três anos e líder na atual temporada. Do
outro, um clube que é dono de uma das torcidas mais fanáticas e
violentas do planeta: o Feyenoord, da também conhecida Roterdã, que
perdeu espaço no cenário holandês nos últimos anos, mas mantém o orgulho
das próprias características e raízes.
Homenagem à torcida Feyenoord no
estádio De Kuip: orgulho do clube
(Foto: Rodrigo Faber)
Recebe não só jogos de futebol, mas outras atividades rentáveis durante o ano inteiro. Com os títulos nacionais consecutivos, a equipe se consolidou como a grande força da nação no esporte.
Relação dos shows históricos no estádio do Feyenoord: Bruce Springesteen e Rolling Stones (Foto: Rodrigo Faber)
Dona do maior porto marítimo da Europa, Roterdã tem uma palavra intimamente ligada à sua história: trabalho. Em 1940, a cidade ficou em ruínas após um bombardeio da Alemanha nazista. E até hoje a população local se orgulha de ter reconstruído tudo e revitalizado o local, do zero. O clima é familiar: no Feyenoord, é notável o carinho de todos os funcionários não só pelo clube, mas pelo município. Ao mesmo tempo em que conta com estrutura de cidade grande, Roterdã mantém o positivo "tom de vilarejo".
Estádio De Kuip, em Roterdã: cidade
reconstruída após bombardeio nazista
e 'tom de vilarejo' (Foto:
Rodrigo Faber)
Quando o assunto é futebol, as expressões se tornam incomparavelmente mais sérias. A reportagem do GloboEsporte.com visitou e conheceu detalhes da estrutura do Feyenoord. Sem conquistar um título holandês desde a temporada 1998/99, o clube viu os concorrentes PSV e Ajax dominarem a elite nacional - ganhando, juntos, 12 dos 14 campeonatos disputados. Ainda assim se manteve firme. As glórias podem estar no passado, mas o orgulho de ostentar uma história repleta de conquistas está guardado na memória de toda Roterdã.
DOCE passado
Telas mostram time que conquistou a Europa e o mundo, em 1970 (Foto: Rodrigo Faber)
As glórias do passado estão todas fielmente retratadas nos corredores que tão acesso ao Estádio De Kuip e no acanhado, mas organizado, museu do clube. Camisas de jogadores que fizeram sucesso são penduradas e colocadas nos lugares de maior exposição da parte interna do local. A torcida, é claro, também tem sua imagem reproduzida em grandes painéis e a vibração exibida em vídeos dentro do museu.
Troféus da Champions e do Mundial no
museu do clube, entre outras relíquias
(Foto: Rodrigo Faber)
Revelado no clube, o atacante Van Persie, atualmente no Manchester United, é lembrado com muito carinho pelos funcionários do Feyenoord. Fruto das categorias de base, ele permaneceu na equipe profissional entre 2001 e 2004, quando partiu para o Arsenal. O sueco Henrik Larsson, que "explodiu" para o futebol europeu em Roterdã, também tem uma camisa com seu nome exposta no local.
Van Persie e e o sueco Henrik Larsson
têm espaço cativo no museu do
Feyenoord (Foto:
Rodrigo Faber)
rivalidade e ódio
Tabela de classificação perto do vestiário não mostra o nome do Ajax (Foto: Rodrigo Faber)
- Se fosse naqueles lá, de Amsterdã, você não teria o direito de fazer isso aqui. Jamais.
Alguns passos após a entrada do vestiário, uma tabela de classificação chama a atenção. Nela, além do Feyenoord, destacado com caneta vermelha, na quarta colocação, estão o Twente, vice-líder, o Vitessse, terceiro colocado, e o PSV, quinto. Todos com os devidos pontos registrados. Na liderança, porém, um espaço em branco. Questionado sobre o motivo da ausência, o guia foi claro: não é permitido que o nome do Ajax sequer seja pronunciado nas delimitações do Estádio De Kuip.
- Aqui não se fala o nome desse time em nenhuma circunstância. Não escrevemos, citamos ou fazermos qualquer referência. Se for mesmo necessário, tratamos eles pelo número do Código Postal (CEP) do estádio. A torcida do Feyenoord é bem rígida nisso. Se você simplesmente citar o nome daqueles aqui, pode ser agredido - resumiu, com expressão fechada.
- Sabe como é... O povo de Amsterdã é mais de conversa, falar tudo certo e se vangloriar. Aqui nós somos mais... - completou, encerrando a frase com dois tapas sobre o braço esquerdo, em riste, e uma cara de poucos amigos.
A violência entre as torcidas de Ajax e Feyenoord é um dos principais problemas do futebol na Holanda. Em 2009, a federação local proibiu que torcidas visitantes frequentassem os clássicos entre as duas equipes. O confronto é conhecido no país como "De Klassieker" ("O Clássico", em holandês). Além das brigas, casos de xenofobia por causa das origens judias do Ajax também foram registrados diversas vezes.
Mikey Wilson, torcedor do Feyenoord,
em 2002: foto virou ícone da
intolerância entre torcidas (Foto:
Jasper Juinen/Reuters)
KOEMAN NO COMANDO
No momento, o Feyenoord é comandado pelo ex-zagueiro-artilheiro Ronald Koeman. Famoso pela passagem de seis anos pelo Barcelona, na primeira metade da década de 90, o holandês não terá o contrato renovado ao final desta temporada. Embora tenha conseguido restabelecer a equipe após alguns anos brigando contra o rebaixamento, o treinador já deixou claro à diretoria que não seguirá à frente do time.
A SEIS rodadas do fim da atual edição do Campeonato Holandês, o Ajax, do também ex-jogador Frank de Boer, é líder, com seis pontos de vantagem na ponta e um jogo a menos. O último confronto com o Feyenoord foi no dia 2 de março, e o time de Roterdã levou a pior. Após sair na frente com gol do italiano Graziano Pellè, os donos da casa levaram a virada do líder, com gols de Sigborsson e Veltman.
Ronald Koeman no comando do
Feyenoord: de saída confirmada
após a temporada (Foto: AFP)
Não é possível assegurar que o Ajax conquistará o tetracampeonato, aumentando ainda mais a hegemonia no futebol nacional, mas uma certeza é absoluta: o nome do time da capital continuará sem ser ouvido em Roterdã.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2014/03/mundo-afora-feyenoord-orgulho-e-resistencia-no-futebol-holandes.html
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