segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Xodós em Sochi, jamaicanos dão adeus: 'Podemos dominar o esporte'


Sochi 2014 sochi 2014 

Alexander Zubkov e Alexey Voevoda, da Rússia, ficam com ouro. Mas dupla caribenha domina a festa e comemora diante da torcida: 'Jamaica ainda está viva'

Por Direto de Sochi, Rússia

Não é preciso ser o mais rápido para ser querido. Em Sochi, os jamaicanos tiveram performances abaixo dos adversários, ficaram longe de qualquer possibilidade de medalha e encararam até problemas como o extravio de seu trenó no vôo de ida para. Mas nada disso importava. Muitas vezes conhecidos pela frieza, os russos se deixaram levar pelo calor caribenho. Embalada pelo sucesso do filme ''Cool Runnings'' ("Jamaica Abaixo de Zero", em português), a dupla de bobsled país ficou marcada pelo carinho dos espectadores no Complexo Sanki nos Jogos de Inverno e pela simpatia com que encarou a disputa. E eles vão deixar saudades.

Torcedores vibram demais com a participação jamaicana no bobsled (Foto: Reprodução / SporTV) 
Torcedores vibram demais com a participação 
jamaicana no bobsled (Foto: 
Reprodução / SporTV)
 
Líder e veterano do time jamaicano, o piloto Winston Watts tentou conter a emoção. Em vão. O atleta de 46 anos abriu o coração ao falar que a participação de seu país nos Jogos de Inverno tem que sempre ser tratada como festa. Com o habitual bom-humor diante da imprensa, brincou com o fato de seu país não ter frio e mandou até um recado aos times brasileiros de bosled. Ele acredita que com muito trabalho, sua equipe pode obter ainda mais força e conhecimento na modalidade.

- Estamos tão felizes que pudemos estar aqui. A Jamaica não tem nada de inverno, só temos altas temperaturas e o sol brilhando, as praias. O único lugar onde os jamaicanos podem ver o gelo é no frezeer (risos). É tão maravilhoso que pessoas tropicais possam deixar um país tropical, vir aqui e competir tão bem. Não importa se não temos esportes de inverno, podemos dominar o esporte como esses caras que moram aqui. E eu te garanto, os brasileiros que estão aqui entendem o esporte. Ele são ótimas pessoas e atletas, e eles estão com vontade, com fome - disse Winston Watts, que prometeu torcer pelo quarteto do Brasil, liderado pelo piloto Edson Bindilatti.

bobsled jamaica Winston Watts Marvin Dixon sochi olimpiadas de inverno (Foto: AFP) 
Emoção na despedida: Winston Watts agradece 
o carinho do público (Foto: AFP)
 
Membro do time de bobsled em 1994, 1998 e 2002, Watts tenta evitar qualquer clima de despedida. Ele ainda não sabe se estará na próxima edição dos Jogos Olímpicos, mas diz que planeja ser treinador e ajudar a desenvolver ainda mais o projeto de seu país. Antes de Sochi, Winston abandonou sua aposentadoria para comandar o país na busca pela vaga e na disputa da competição. O veterano também teve que se movimentar para arrecadar fundos para o time.
- Eu espero me tornar um técnico. Deixo isso para os mais jovens. Mas eu não vou dizer adeus, não sou um cara que desiste, eu sou um lutador. - disse o simpático esportista.

Jamaica no bobsled (Foto:  Amanda Kestelman ) 
Não faltaram bandeiras do Bob Marley entre os 
espectadores (Foto: Amanda Kestelman )

Com mais uma lanterna na disputa da terceira bateria, os jamaicanos deram adeus às Olimpíadas de Sochi com o tempo de 2m55s40 no somatório de todas as performances e 58s17 na última (a melhor de todas, já que eles tinham feito 58s42 e 58s81 nas duas outras). Como ficaram entre os 10 últimos, Watts e Dixon não participaram da descida final. Mas não faltou afago dos presentes. Os gritos de "Jamaica! Jamaica! Jamaica!" ecoavam no Complexo Sanki e os dois competidores foram ovacionados no final da prova.

Atleta avisa: 'A Jamaica está viva'
No calor da emoção e em clima de nostalgia, Winston Watts classificou a participação jamaicana como um grande jornada. Por mais que o clima na despedida do Complexo Sanki era de festa, ele também relembrou os problemas enfrentados deu um aviso. 

- Os obstáculos são muitos. Fundos e questões financeiras foram um problema. Somos gratos e felizes pelo que fizeram aqui pela gente, muitas pessoas nos ajudaram. Foi bom ver os fãs, a mídia e mostrar ao mundo que a Jamaica ainda está viva. Temos os atletas mais rápidos do mundo (velocistas). Nosso país é um dos melhores lugares para praticar bobsled - completou.

 Jamaica do bobsled (Foto: Amanda Kestelman) 
Jamaicanos imitam o compatriota Usain Bolt 
diante dos jornalistas (Foto: Amanda Kestelman)

Companheiro de Watts, Marvin Dixon fez coro ao companheiro e comemorou a presença nas Olimpíadas de Inverno de Sochi. Ele prometeu disputar pelo menos mais dois ciclos olímpicos nas pistas de gelo.

- Me sinto feliz. Me sinto em casa. Eu amo isso, as pessoas são legais. Então amanhã eu vou festejar. Sou novo, quero estar aqui mais vezes disputandos os Jogos Olímpicos  - relatou o atleta, de 30 anos.

Em pista 'caseira', russos levam o ouro
Uma das equipes da Rússia confirmou o favoritismo na disputa de bobsled nas Olimpíadas de 2014. Com apoio da torcida da casa, Alexander Zubkov e Alexey Voevoda, que nasceu em Sochi, levaram a medalha de ouro, com o tempo de 3m45s39 na soma das quatro descidas. Apenas os 20 melhores disputam a última bateria. A dupla local conhecia muito bem a pista e soube aproveitar a vantagem.

A prata ficou com os suíços Beat Hefti (3m46s05) e Alex Baumann. Os americanos Steven Holcomb e Steven Langton (3m4627) fecharam o pódio.


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