Jogadores dos clubes de São Paulo precisam de grande reviravolta para terem vaga no Mundial de 2014. Última vez que isso ocorreu, futebol ainda era amador
Felipão tem poucas boas opções no futebol
paulista (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
paulista (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
O grupo de 23 atletas do técnico Luiz Felipe Scolari deverá ser formado em sua maioria por nomes que atuam fora do país. Entre os que ainda permanecem no Brasil, são favoritos jogadores de times de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, de onde vieram os dois últimos campeões brasileiros (Cruzeiro e Fluminense).
Seria mais um indício do mau momento do futebol paulista, que ficou fora da disputa da Libertadores deste ano após 15 anos de participações consecutivas. Nos clubes do estado, estrangeiros como o chileno Valdivia e o uruguaio Alvaro Pereira devem ir ao Mundial. Eles também podem se gabar de terem formado alguns dos principais jogadores da Seleção, como Neymar, no Santos, e Oscar, no São Paulo. E também há quem ainda sonhe com uma vaga, como o atacante Luis Fabiano, do São Paulo, e o volante Ralf, do Corinthians. Mas, hoje, a tendência é uma equipe brasileira sem paulistas.
A Copa das Confederações do ano passado, conquistada pelo Brasil, teve três representantes do estado. Neymar e Paulinho já deixaram Santos e Corinthians, respectivamente, enquanto o meia Jadson entrou em péssima fase no São Paulo, onde hoje amarga a reserva e tem sua forma física contestada.
Em Copas do Mundo, a presença de paulistas sempre foi habitual, mas o desaparecimento já havia sido indicado em 2010, quando apenas Robinho, em passagem relâmpago pelo Santos, esteve na África do Sul. O atacante era um dos principais jogadores da seleção brasileira comandada pelo técnico Dunga.
Não foi a primeira vez que só um atleta do estado vestiu a amarelinha num Mundial. Em 1998 e 1990, Zé Carlos e Ricardo Rocha, ambos do São Paulo, foram convocados. No último título nacional, o penta em 2002, havia cinco jogadores locais. O principal destaque foi o goleiro Marcos, que sempre defendeu o Palmeiras.
Mais antigamente, São Paulo chegou a ser o grande fornecedor da Seleção. O recorde de convocações ocorreu no bi mundial, em 1962. Foram 14 paulistas, com destaque para os santistas Gilmar, Mauro, Mengálvio, Zito, Coutinho, Pepe e o maior deles, Pelé. As vagas mais cobiçadas pelos atletas do país não se restringiram aos quatro grandes. Portuguesa, Ponte Preta, Guarani e até a Portuguesa santista, com o meio-campo Argemiro, em 1938, foram fonte de mão-de-obra para a Seleção.
Nos dois primeiros Mundiais, a ausência de paulistas se deu por motivos políticos. Em 1930, Rio de Janeiro e São Paulo se viam envolvidos em disputas de poder econômico. O cenário era o pano de fundo para o desentendimento entre a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que comandava o futebol no Brasil e não convidou para integrar a comissão técnica na Copa do Uruguai nenhum membro da Apea (Associação Paulista de Esportes Atléticos).
Em represália, a Associação vetou a participação de jogadores do estado. Os cariocas formaram toda a seleção brasileira. Quatro anos depois, na Copa da Itália, o futebol já estava se profissionalizando em São Paulo, prática condenável pela CBD. Em nova briga, mais uma vez a equipe viajou muito desfalcada e não durou mais do que uma partida.
Se os brasileiros de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo não estão em alta com Felipão, de alguns desses clubes devem sair jogadores para outras seleções na tão esperada Copa no país. No Chile, o técnico Jorge Sampaoli pode levar o meia Valdivia, do Verdão, e o lateral Mena, do Peixe. Três uruguaios também batalham uma vaga: Eguren e Victorino no Palmeiras e Alvaro Pereira no São Paulo. Os três participaram da campanha de 2010, quando a Celeste foi derrotada na semifinal pela Holanda.
O Tricolor contratou ainda o colombiano Pabón, que chegou a ser convocado por José Pekerman durante as Eliminatórias, mas desde 2012 não joga pela seleção. O Timão certamente teria seu artilheiro Paolo Guerrero no Mundial, mas o Peru esteve longe de conseguir uma vaga.
Entre os brasileiros, o Campeonato Paulista pode representar a redenção para quem já gozou de muito prestígio na seleção brasileira. Luis Fabiano, Alexandre Pato, Ganso, Jadson, Arouca... São jogadores que já vestiram a Amarelinha, mas perderam espaço. A maior esperança vem das palavras de Scolari, que já anunciou novidades na próxima convocação para o amistoso contra a África do Sul, no início de março.
Enquanto isso, o técnico se arma com gente que há pouco tempo brilhava em campos paulistas, como Neymar e Paulinho.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2014/02/selecao-brasileira-pode-ir-copa-sem-paulistas-depois-de-80-anos.html
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