Um dos líderes do movimento se solidariza com elenco do Corinthians e diz que busca amparo legal para tomar atitudes já neste meio de semana: 'Vamos bater nisso'
Roberto soltou o verbo contra o futebol brasileiro (Foto: Guto Marchiori)
- Chegou a hora de mudar, e nós vamos bater nisso. Estamos nos organizando para parar o campeonato, estudando uma medida legal para fazer isso. Uma coisa tem de estar clara. Em algum momento, vamos ter de mudar e, para mudar, tem de ter confronto, pacífico, mas confronto. Vamos ter de bater de frente com muitas pessoas, e o momento chegou. Alguém vai sair prejudicado. Provavelmente quem puser a cara. Mas eu não estou nem aí. Tenho uma filha e preciso brigar por um futuro melhor para ela usufruir. O momento é esse. Se o negócio não for na base do diálogo, vai ter de ser na atitude - disse Roberto, projetando medidas práticas já para a rodada do meio de semana ou para o fim de semana.
- Estamos organizando para quarta ou domingo fazer alguma coisa, amparados pela lei, para não prejudicar ninguém. Quando atingirmos isso (amparo legal), pode ter certeza que vai acontecer. Precisamos unir o maior número possível de gente, para fazer uma questão também que não vá deixar ninguém desamparado. Ou pune todo mundo, porque falam até da exclusão das equipes.
Então que exclua os 20 times.
Em aproximadamente 20 minutos de papo, Roberto abriu o jogo e não poupou críticas ao rumo do futebol brasileiro. Para o goleiro alvinegro, a invasão de cerca de 100 torcedores ao CT do Corinthians, no último sábado, foi a gota d´água para o Bom Senso bater de frente com as autoridades. Sempre com posição firme, ele revelou que, depois de saber do meia Douglas o que realmente aconteceu com o elenco corintiano, tentou, junto com Paulo André, cancelar a rodada do fim de semana do Paulistão e que entrou em campo no domingo sem nenhuma vontade.
- Eu, como cidadão, estava com vontade zero de entrar em campo. Tentamos paralisar a rodada, mas não conseguimos. Infelizmente, as pessoas não pensam nas outras. Ficam no ar condicionado e não estão nem aí para o que vai acontecer. Fazem campanhas pela paz, mas, no momento de privilegiar a paz, agem totalmente diferentes.
- Ontem (domingo), eu e o Paulo André avisamos o árbitro que, qualquer incidente, tiraríamos os times de campo, mesmo que eu fosse punido, mandado embora depois. Eu estava pronto para qualquer situação. Se acontecesse algo, eu chamaria os meus colegas. Se eles não saíssem, eu saia. Mas também não paralisamos a partida para não sofrer represálias e também, principalmente, porque entendemos que o torcedor de bem poderia ser prejudicado. Por isso que recuamos.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Roberto:
Sobre a invasão no Corinthians:
"O que vi e pude perceber foram atletas abalados. Nós fizemos o gol cedo, três minutos. Eu olhei para eles (atletas do Corinthians) e vi que a carga psicológica era muito alta. Eles empataram. Fizemos o segundo gol. Observei de novo. E o semblante passagem a mensagem de que a coisa realmente ia ficar feia".
"Conversei com o Douglas. Conheço ele desde os tempos do infantil do Criciúma. Ele me falou umas coisas (sobre a invasão ao CT) que são totalmente fora da realidade do futebol, não existe. Ontem, se minha família estivesse aqui, eu falaria para não vir ao estádio, porque, ao meu ver, não era um jogo seguro"
Crise de credibilidade do futebol brasileiro:
"É a maior crise do futebol brasileiro. O futebol está feio. Horrível. Eu sempre sonhava jogar, quando era pequeno, porque era um espetáculo. Via a torcida, a festa, criança entrando em campo. Mas o nível técnico está muito baixo, com os atletas se arrastando em campo. É ano de Copa. Então vamos usar a Copa do Mundo contra eles"
.
"É o que está acontecendo. As famílias, as pessoas do bem, que deveriam estar no estádio, não estão. É um reflexo do que acontece no país. Impunidade, inversão de valores. Você desarma um cidadão de bem e não os bandidos, facilita a vida de quem age de maneira errada, não dá punições adequadas, não investe em educação, em transporte".
A Copa e o Brasil:
"O foco é: se exploda o resto e viva a Copa do Mundo. Se os professores estão recebendo mal, bombeiros, policiais, as pessoas mal tratadas. Vamos esquecer, porque temos de fazer a Copa do Mundo para mostrar para os outros".
"Mas vamos por tapumes, esconder as coisas feias, porque é ano de Copa do Mundo. Eu, como cidadão, estou totalmente, envergonhando. Não sei qual o interesse que as pessoas defendem. Jogo como ontem, tinha 5 mil. Esperava 15 mil, pelo menos mais de 10 mil, com famílias, crianças".
Os ideais do Bom Senso:
"Na nossa função, temos de fazer a sociedade entender que não dá para continuar assim. O cara entrar no meu trabalho e tentar me agredir. Uma senhora que trabalha é agarrada por um cara que tem 10, 15 vezes a força dela. É inadmissível. Aqui, a torcida da Ponte protestou, xingou, beleza, mas não passou disso. A partir do momento que tem violência, é outro nível".
"É um jogo de xadrez. Você mexe uma peça e espera o outro mexer. Se as pessoas acham que têm o poder, e elas têm, mas nós também temos. Nós que entramos em campo. Será preciso bater de frente, e nós vamos bater. Do jeito que está, não pode continuar. Se não vai tomar uma proporção que não vamos conseguir controlar. O futebol já está perdendo. Está horrível já. Futebol não é mais espetáculo".
"Esse movimento (Bom Senso FC), nós fizemos para todos criarem um espírito de cidadão. Têm atletas mais instruídos, outros menos. Nós estamos tentando melhorias no futebol. Realmente é difícil. Alguns estão nos grupos de discussão só com o nome, não trocam ideia, não escrevem nada. Ontem, estávamos querendo parar a rodada, mas precisávamos da opinião de todos. O negócio está ficando bom. Conseguimos unir vários jogadores já. Mas vai levar algum tempo. Não é de uma hora para outra".
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sp/campinas-e-regiao/noticia/2014/02/por-paralisacao-bom-senso-vai-bater-de-frente-avisa-capitao-da-ponte-preta.html
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