Maiores rivalidades da NFL entram em campo por uma vaga no Super Bowl

De um lado, 15º duelo entre Manning e Brady rouba atenções em Broncos x Patriots. Do outro, rivais divisionais Seahawks e 49ers medem qual é a melhor defesa da liga

Por GloboEsporte.comRio de Janeiro

1. manning x brady - 15º round
2. san francisco 49ers x cidade de seattle - '12º homem'

A NFL chega ao seu último domingo de disputa antes do Super Bowl XLVIII, a grande decisão da principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, com dois duelos dignos do "grande jogo". 

Em campo, estarão as maiores rivalidades individuais e coletivas na atualidade. Primeiro, às 18h (de Brasília), o Denver Broncos recebe o New England Patriots no Sports Authority Field na final da AFC (conferência americana). Todos os olhos estarão voltados para os quarterbacks Peyton Manning, dos Broncos, e Tom Brady, dos Patriots, considerados os dois melhores em suas posições nos últimos 15 anos. Mais tarde, às 21h30m, o Seattle Seahawks enfrenta o San Francisco 49ers, no CenturyLink Field, pelo título da NFC (conferência nacional), em um confronto de times da mesma divisão que criaram uma grande rivalidade entre si, superando outras antigas rixas divisionais em intensidade.

 

Peyton Manning cumprimenta Tom Brady após 

último duelo entre os dois, em 2013

(Foto: Reuters)

manning x brady - 15º round

Ao contrário de um card de lutas, a atração principal desta noite no futebol americano é a que começa mais cedo e coloca frente a frente os dois melhores quarterbacks de suas eras. De um lado, Tom Brady: três vezes campeão da NFL, cinco Super Bowls disputados, oito finais de conferência, muito mais do que apenas o marido da modelo brasileira Gisele Bündchen. Do outro, Peyton Manning: recordista de passes para touchdown e jardas passadas numa só temporada, quatro vezes eleito Jogador Mais Valioso (MVP) da liga e uma do Super Bowl.

Será a 15ª vez que os dois se enfrentam em suas carreiras desde a temporada de estreia de Brady, em 2000, e a terceira na final da AFC. O jogador do New England Patriots leva ampla vantagem no confronto direto: são dez vitórias, contra quatro triunfos de Manning, todos eles pelo Indianapolis Colts, time que o dispensou em 2012, quando sofreu uma lesão no pescoço que ameaçou encerrar sua carreira. Em playoffs, Brady levou a melhor em duas ocasiões, em 2004 e 2005, e Manning venceu em 2007. Em todas, o vencedor acabou campeão. Desde que se juntou ao Denver Broncos, Manning encontrou o rival duas vezes na temporada regular e saiu derrotado em ambas.

Brady, muito mais que o marido da modelo brasileira Gisele Bundchen (Foto: AP)

 

Nas estatísticas gerais, entretanto, Manning leva vantagem em relação a Brady em quase todas. Ele tem 525 touchdowns marcados através de passe na carreira, contra 401 de Brady. Seu percentual de passes completados é de 67,9%, contra 63,7% do Sr. Bündchen. Em 2013, o quarterback dos Broncos superou dois recordes pertencentes ao rival: o de passes para touchdown numa só temporada, com 55 (Brady fez 50), e o de pontos marcados numa só temporada, com 603 (os Patriots fizeram 589 em 2007).

- É como comparar Picasso e Michelangelo - disse Wes Welker, wide receiver atualmente nos Broncos, mas que jogou em New England por seis temporadas antes de se juntar a Manning no ano passado.

Com tanto equilíbrio entre os dois, a diferença no jogo deve sair de outros elementos. O próprio Manning reconheceu durante a semana que considera o treinador adversário, Bill Belichick, o "melhor técnico contra quem já competi", e é dele que partem os mirabolantes esquemas defensivos que frustraram o quarterback em tantos duelos. O retrospecto do jogador dos Broncos contra Belichick é de apenas seis vitórias em 17 confrontos. Além disso, com uma linha de recebedores desfalcada, os Patriots têm confiado mais em sua defesa e no jogo corrido. Na última rodada dos playoffs, a equipe forçou quatro interceptações contra o Indianapolis Colts e obteve 234 jardas terrestres, de onde saíram também todos os seus seis touchdowns na partida, quatro deles com o running back LeGarrette Blount.

 

Bill Belichick, o comandante do New England 

Patriots (Foto: Getty Images)

Por outro lado, os próprios Broncos jogaram de forma mais conservadora em sua vitória sobre o San Diego Chargers. Apesar de contar com uma série de opções no jogo aéreo, Manning passou para apenas 230 jardas e dois touchdowns e confiou nos running backs Knowshon Moreno e Montee Ball para controlar o tempo de posse de bola com o jogo corrido. A dupla obteve 134 jardas terrestres na partida. A defesa também limitou os Chargers a apenas 259 jardas ofensivas. 

Além disso, Denver joga em casa neste domingo, com a altitude de mais de 1.564 metros acima do nível do mar a seu favor. Foi lá que Brady sofreu sua primeira derrota em jogos de playoff, em 2006. Manning tem um histórico desfavorável em jogos disputados com situações climáticas adversas, mas, neste domingo, não terá do que reclamar: a previsão do tempo é de sol, com temperatura máxima de 15°C, no horário da partida.

san francisco 49ers x cidade de seattle - o '12º homem'

A rivalidade entre Manning e Brady é comparável à de grandes atletas contemporâneos como Agassi x Sampras, Ali x Frazier, Johnson x Bird, Zidane x Ronaldo. A rixa entre Seattle Seahawks e San Francisco 49ers, por sua vez, já bate na porta de um Barcelona x Real Madrid, Atlético-MG x Cruzeiro, Internacional x Grêmio. O sentimento de inimizade e tensão entre os dois times da Divisão Oeste da NFC chegou a um ponto crítico nesta temporada. Os dois clubes se moldaram um ao outro e passaram a competir como numa corrida de armas até chegarem à decisão da conferência. Seus técnicos, Pete Carroll e Jim Harbaugh, se detestam desde que treinavam equipes universitárias. Seus estilos de jogo são praticamente idênticos e, por isso, ambos buscam obter uma vantagem a cada oportunidade. Quando os Seahawks contrataram o wide receiver Percy Harvin para reforçar seu jogo aéreo antes da temporada, os Niners contra-atacaram e levaram o wide receiver Anquan Boldin para seu elenco. Durante todo o campeonato, quando um jogador era cortado por uma das equipes, era contratado pouco depois pelo rival, disposto a descobrir os segredos escondidos por trás da outra equipe.

 

Marshawn Lynch é uma das apostas dos 

Seahawks para chegar ao Super Bowl 

(Foto: Agência Getty Images)

A rivalidade transbordou para fora de campo. Os Seahawks não querem nem deixar torcedores de San Francisco entrarem em seu estádio. O clube limitou as vendas de ingressos por cartão de crédito a apenas seis estados americanos e vetou as compras com origem na Califórnia. O CenturyLink Field estará tomado pelo "12º Homem"; não é o nome de uma torcida organizada, mas o apelido que os torcedores de Seattle carregam com orgulho por afetarem o jogo com suas vozes. O grupo bateu recordes de barulho nesta temporada, e sua gritaria é capaz até de simular terremotos: na última rodada dos playoffs, contra o New Orleans Saints, um laboratório da Universidade de Washington monitorou a área em volta do estádio e captou atividade sísmica, cuja magnitude não foi divulgada. O quarterback dos 49ers, Colin Kaepernick, sabe melhor do que ninguém a distração que toda essa barulheira causa: em dois jogos em Seattle desde 2012, o jogador produziu apenas um touchdown, quatro interceptações e 185,5 jardas de média.

O crédito por todo esse impacto, porém, tem de ser dado à defesa de Seattle, a melhor da NFL na temporada. Os Seahawks cederam apenas 14,4 pontos e 273,6 jardas por jogo, melhores marcas da liga, e nos dois jogos contra os Niners, incluindo a partida em San Francisco, permitiu médias baixas de 151 jardas aéreas e 131,5 jardas corridas. O ponto forte dos Seahawks é sua secundária, setor responsável por defender os passes, formada por Richard Sherman, Earl Thomas e Kam Chancellor, todos selecionados ao Pro Bowl - o jogo das estrelas do futebol americano. O ataque tem o comando de Russell Wilson, protótipo do quarterback moderno, capaz de escapar da pressão defensiva com as pernas e lançar passes em movimento, mas não terá Harvin como opção, descartado após sofrer concussões na última partida. A principal arma será novamente o running back Marshawn Lynch, que conquistou 140 jardas terrestres e dois touchdowns na vitória sobre os Saints na semana passada.

Colin Kaepernick lidera os 49ers contra Seattle na final da NFC (Foto: Getty Images)

 

Contra San Francisco, todavia, Lynch vai encontrar uma das defesas mais adeptas em parar o jogo corrido na NFL, que o limitou a menos de 100 jardas em ambos os confrontos em 2013. Na temporada, os Niners cederam apenas 95,9 jardas terrestres por jogo, a quarta melhor marca da liga, graças a uma linha de frente que inclui quatro jogadores de Pro Bowl: Justin Smith, Patrick Willis, NaVorro Bowman e Ahmad Brooks. No ataque, a força do running back Frank Gore e as corridas improvisadas de Kaepernick são as iscas para atrair a defesa e abrir corredores para as três opções aéreas do quarterback: o tight end Vernon Davis e os wide receivers Michael Crabtree e Anquan Boldin, este último campeão do Super Bowl no ano passado com o Baltimore Ravens, quando derrotou o próprio 49ers.

San Francisco, aliás, luta contra as probabilidades neste domingo: em 47 anos, o perdedor do Super Bowl conseguiu voltar à decisão apenas sete vezes, a última delas há 20 anos. Destas sete oportunidades, o vice-campeão do ano anterior conseguiu a redenção e o título apenas duas vezes, a última em 1973, quando o Dallas Cowboys deu a volta por cima e conquistou o título. Os Niners buscam seu sétimo título da NFC e sexto da NFL. Seattle ainda corre atrás de seu primeiro campeonato, após perder para o Pittsburgh Steelers em sua única aparição no Super Bowl até aqui, em 2006.

Jogos deste domingo:
18h - Denver Broncos x New England Patriots - Final da AFC
21h30 - Seattle Seahawks x San Francisco 49ers - Final da NFC

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/2014/01/maiores-rivalidades-da-nfl-entram-em-campo-por-uma-vaga-no-super-bowl.html