Capitão na conquista da Copa do Brasil de 2006, ex-volante quer um novo fim para sua história no Rubro-Negro, admite erros e culpa Cuca pela despedida em 2009
Jônatas tem no currículo passagens
por Flamengo, Espanyol, Botafogo
e Figueirense (Foto: Editoria de Arte)
- Penso (em voltar ao Flamengo), e não penso lá na frente. Penso hoje. É um sonho que tenho. Sei que é complicado com 31 anos, mas espero fazer um grande campeonato seja onde for e conseguir um grande contrato. Se for no Flamengo, melhor. Como saí, não foi legal. Foi um momento complicado, com problema com o Cuca, contrato com o Espanyol... Não foi como eu queria. Sonho encerrar a carreira no Flamengo e vou em busca disso.
O Jônatas que atendeu o GLOBOESPORTE.COM parece diferente. Aos 31 anos, diz não ter arrependimentos, mas admite os muitos erros no passado. Tanto que culpa somente a si mesmo pela vida pacata que leva no Ceará. Uma responsabilidade, no entanto, o ex-volante faz questão de dividir: a de não ter dado certo em seu retorno ao Flamengo, em passagem que acentuou sua derrocada no futebol.
- Acredito que o Cuca criou essa situação, achou que eu o mandei embora em 2004 e ficou com isso em 2009. Só ficou feliz quando me mandou embora. Minha saída foi por causa dele, que fez de tudo para isso. Percebi, falei com o Kléber Leite e saí. Não tenho mágoa, é coisa que não faz mais parte da minha vida. Estou feliz, diferente e em um momento novo. Não quero mais passar por isso.
A final de 2006Fla vence Vasco por 1 a 0, gol de
Juan, e leva a Copa do Brasil
dia de herói
Em 2005, Jônatas faz o gol da vitória do Fla sobre
a Ponte Preta
por coberturaEm 2006, Jônatas brilha e decide o clássico com
o Botafogo
Depois de um longo período sumido, você esteve no Maracanã para semifinal contra o Goiás. Qual foi a sensação de voltar a ficar tão próximo do Flamengo, de participar de uma partida tão importante?
Foi um dia especial. Passou um filme na minha cabeça, lembrei do jogo com o Ipatinga (semifinal de 2006). Ser torcedor é diferente, complicado, dá vontade de entrar em campo. Prefiro jogar. Fora, o sofrimento é maior. Estou torcendo muito e a expectativa para final é boa. O grupo merece o título, o Léo como capitão. Vou torcer muito. O Flamengo pode fazer um grande jogo lá (em Curitiba) e conseguir um bom resultado no Maracanã. A torcida leva junto.
A sensação que fica é mais de tristeza por não jogar ou alegria por poder matar a saudade desse ambiente?
Depois do jogo, fui ao vestiário e tive a sensação de ver todo mundo, aquela alegria. Falei com o Léo Moura, André Santos, comissão técnica... Dá um aperto no coração. Faz tempo que não sinto isso, que não faço mais parte. São dois anos fora. Mas ao mesmo tempo, foi especial. Deu vontade de voltar, de participar de novo, sentir a responsabilidade, a cobrança, viver o clima de vestiário.
Tudo que você viu e viveu naquele dia foi determinante para que você tivesse certeza de que quer mesmo voltar a ser um jogador profissional?
Melhorou ainda mais nos treinamentos, a vontade, a dedicação. Dá vontade de retornar rápido, cria ansiedade, o que nem é legal. Tenho que ter calma. Nunca gostei de ver jogo por me sentir mal, mas ali foi algo muito positivo. Foi bom rever os amigos, estar perto da torcida, ver o reconhecimento.
Há quem diga que a Cabofriense quer contratá-lo para o Carioca. Procede?
Não sei em relação a time. Fui ao Rio ver o jogo, conversei com o meu empresário, Eduardo Uram, e ele disse que queria me ajudar. Não sei como isso está sendo trabalhado. Ouvi falar de Cabofriense, Boavista, situações que apareceram, mas não me procuraram. Até dezembro, quero ter uma posição para voltar a ser profissional.
Esse projeto de voltar jogar passa também pelo desejo de voltar a vestir a camisa do Flamengo? Você acha que precisa terminar a história no clube de uma outra maneira?
Penso, e não penso lá na frente. Penso hoje. É um sonho que tenho. Sei que é complicado com 31 anos, mas espero fazer um grande campeonato seja onde for e conseguir um grande contrato. Se for no Flamengo, melhor. Como saí, não foi legal. Foi um momento complicado, com problema com o Cuca, contrato com o Espanyol... Não foi como eu queria. Sonho encerrar a carreira no Flamengo e vou em busca disso.
Você saiu do Flamengo como capitão, campeão e convocado para Seleção. De lá para cá, as coisas não deram muito certo. Há algum tipo de arrependimento por não ter aproveitado aquele momento no clube, fazer parte de uma geração que acabou conquistando o Brasileirão anos depois?
Não me arrependo, mas senti falta de algumas coisas, principalmente por causa do retorno (em 2008). Queria ter participado de 2009. Estava lá no início, mas teve um momento que não tinha clima para ficar. Não me arrependo porque errei em alguns momentos e tenho que assumir essa responsabilidade. Tenho uma grande parcela de culpa pelo que vivo hoje. Deixei de ter uma história mais bonita no futebol. Sobre sair, o momento não era bom financeiramente e quem estava acima da média para ser vendido era eu. Minha saída ajudou o clube, e essa era minha intenção. Recursos entraram. Realizei meu sonho de ir para Europa, mas não deu certo por questões que não vêm ao caso. Fico triste por decisões que não tomei, mas hoje sou muito feliz. Mais ainda por saber que vou voltar a jogar futebol.
Quais foram esses erros?
Às vezes, era muito cabeça dura. Nunca fui marrento ou arrogante, como tinham uma visão de fora. Não sou assim. Sou reservado, não gosto de câmera, aparecer... Gosto de treinar e jogar. Hoje, passa um filme na cabeça do que fiz errado e sei que vou ter que lidar com essa situação. São coisas que me prejudicaram em alguns momentos. Mas não me arrependo por ter sido assim, só tenho que saber lidar com a situação agora quando voltar.
Você admitiu que teve um problema com o Cuca e um episódio em especial ficou marcado, na Copa do Brasil de 2005, quando você retrucou uma ordem no vestiário dizendo que “pic* joga, não marca”. Acha que isso acabou prejudicando e deixando uma imagem negativa que você não conseguiu tirar?
Naquela situação, o Cuca foi infeliz. Era coisa interna, coisa que eu e o Léo Moura sempre brincamos, e fiquei com o rótulo. Eu falava um pouco mais, não tinha preocupação com quem estava ouvindo, e o Cuca levou isso para o lado ruim, de que eu era marrento, mandava no Flamengo. Não foi nada disso. Nunca quis prejudicá-lo, e ele sempre teve isso na cabeça. Até hoje, ninguém vai poder falar que falei mal dele para dirigente ou jogador. Foi uma mágoa criada sem eu ter feito nada. Problemas de vestiário devem ser resolvidos ali dentro. Quando vazou para imprensa, eu, que nunca gostei mesmo de falar, não dei minha versão e fiquei como marrento, uma situação como se tivesse raiva dele. Acredito que ele criou essa situação, achou que eu o mandei embora em 2005 e ficou com isso em 2009. Só ficou feliz quando me mandou embora. Minha saída foi por causa dele, que fez de tudo para isso. Percebi, falei com o Kléber Leite e saí. Não tenho mágoa, é coisa que não faz mais parte da minha vida. Estou feliz, diferente e em um momento novo. Não quero mais passar por isso. Não sei se ele me prejudicou em outro lugar, mas com certeza prejudicou no Flamengo. Estou tranquilo. Para mim, está resolvido.
Você é amigo do Léo Moura, um cara que está prestes a completar 500 jogos pelo Flamengo, pode também ser capitão em um título de Copa do Brasil e fez história, principalmente depois da sua saída. Você se enxerga nele? Acha que poderia ser você esse ídolo hoje?
Vejo com um carinho e felicidade enormes a história que ele construiu. Se era para eu ter feito isso ou ser eu no lugar dele, é algo que nunca passou pela minha cabeça. Fico feliz por ele ter se transformado em um ídolo, uma referência. É um cara do bem, um ser humano fantástico. Se eu puder retornar para completar a minha história, vou querer. Mas isso depende de várias coisas, não só de mim.
Você disputou três finais de Copa do Brasil, ganhou uma e perdeu duas. Quais ensinamentos dessas decisões devem ser levados em conta para que o Flamengo conquiste o tri diante do Atlético-PR?
São situações diferentes. Quando fomos campeões contra o Vasco, era um rival, outra ótica do jogo. Não podíamos perder. Tem isso muito forte no Rio. Já em 2003, pegamos o melhor time do Brasil. Era o Cruzeiro da tríplice coroa, campeão brasileiro, fantástico. Nosso time era bom, mas o Cruzeiro colocou a melhor qualidade em campo. Venceu com méritos, é algo que não tem muito a dizer. Contra o Santo André (2004), houve um pouco de acomodação pelo 2 a 2 lá (em São Paulo). Tínhamos a vantagem do empate, relaxamos um pouco e entramos desligados. O Santo André veio para jogar (venceu por 2 a 0). O Flamengo agora tem que entrar 100% focado, fazer um bom jogo em Curitiba e ganhar no Maracanã. Nossa torcida não existe, leva junto. É preciso entrar ligado. Todo mundo gosta de jogar contra o Flamengo, é diferente.
Você vai ao Rio para o jogo do dia 27?
Estou pensando em ir. Tem essa situação de não saber para onde vou (jogar) e não posso confirmar. Se estiver no Rio, vou dar um jeito. Até para dar um abraço no Léo Moura como bicampeão da Copa do Brasil.
E qual sua situação atual para voltar a jogar? Ainda está muito longe do ideal?
Tive que antecipar os treinamentos para não estar tão abaixo quando me apresentar a algum clube. Não estou 100%, treinar com personal não é a mesma coisa, mas preciso de um grupo, reviver toda essa situação e me readaptar. Sinto falta disso. Assim, fisicamente as coisas se ajeitam logo.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2013/11/final-faz-jonatas-despertar-e-sonhar-com-retorno-ao-fla-vou-buscar-isso.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário