quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Depois de quase ter braço amputado, Tulio diz não temer dificuldades

Jogador sofreu o risco ter o braço amputado depois de um acidente de moto. Ponteiro do Montes Claros Vôlei é um dos maiores pontuadores da Superliga.

Por Montes Claros, MG

Túlio Vôlei (Foto: Fredson Souza) 
Um dos maiores pontuadores da Superliga, Túlio 
enfrenta o bloqueio em treino do Montes Claros 
(Foto: Fredson Souza)
 
O carioca Tulio Nogueira se destaca em quadra e é um dos preferidos da torcida do Montes Claros Vôlei graças a sua alegria, garra, descontração e atenção com os fãs, atitudes que o jogador mantém mesmo diante de situações difíceis.

Dedicação e simpatiia são marcas registradas do jogador Tulio Nogueira (Foto: Fredson Souza)Dedicação e simpatiia são marcas registrada do jogador Tulio Nogueira (Foto: Fredson Souza)
 
Aos 27 anos, 13 deles dedicados ao vôlei, Túlio começou sua trajetória no final de 1999, quando fez um teste para o clube Canto do Rio, em Niterói. O técnico Sardinha logo identificou o talento do adolescente de 14 anos e o encaminhou para o Fluminense. Em 2002, passou pela Seleção Brasileira Infanto, mesmo ano que sofreu um grave acidente de motocicleta quando voltava para casa em Maricá (RJ) e quase teve o braço direito amputado.

- A roda de um caminhão soltou e bati de frente com ela. Lembro-me de tudo, as duas horas que fiquei no chão com fratura exposta no braço e na perna, e as pessoas em volta tentando ajudar. Entre eu ter caído de moto e ter entrado na sala de cirurgia foram oito horas - conta Tulio.

O jogador ficou no Centro de Terapia Intensiva por cinco dias e outros 18 dias internado num hospital da Sul Zul do Rio de Janeiro, passando por sete cirurgias.

- No momento do acidente a primeira coisa que pensei foi no meu vôlei. Quando estava caído no chão perguntava se meu braço e minha perna estavam mexendo. Mas foi só um pensamento de momento, uma questão de desespero daquela hora. Já no hospital sempre acreditei que eu iria me recuperar e voltar a jogar.

As primeiras perspectivas não eram boas. No início, o objetivo dos médicos era salvar o braço, que corria o risco de ser amputado. Com 5 cm de perda óssea no braço, parte do osso da bacia foi retirada para fazer um enxerto.

 
com o irmão Ramon Muller, que participou do programa No Limite, a mãe Marinalva Galvão e o pai Saul Muller (Foto: Arquivo Pessoal)com o irmão Ramon Muller, que participou do programa Hipertensão, a mãe Marinalva Galvão e o pai Saul Muller (Foto: Arquivo Pessoal)
 
O quarto de Tulio vivia cheio de amigos e familiares que saiam mais motivados pelo atleta que sempre foi otimista e encarou aquele momento com tranquilidade e leveza.

- As pessoas ficam com receio de visitar alguém que está no hospital. Mas quando elas viam que eu estava bem, ficavam felizes. Não questiono o fato daquilo ter acontecido comigo. Não faz sentido buscar essa resposta. Esta situação me fez pensar sempre positivamente diante de um momento difícil. Conheci pessoas maravilhosas que entraram na minha vida naquele momento como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Sou grato por isso.

Durante quase um ano, seis vezes por semana, Tulio dedicava duas horas por dia à fisioterapia. O progresso foi espantoso para os médicos. A força da família também foi fundamental neste processo de recuperação. 


Regristro de Tulio Nogueira ainda na infância com a família. (Foto: Arquivo Pessoal)Regristro de Tulio Nogueira ainda na infância com a família. (Foto: Arquivo Pessoal)
 
- Minha mãe ficou todos os dias comigo no hospital. Meu pai deixou o trabalho neste período de recuperação para me ajudar. E a relação que tenho com meu irmão é sensacional, é dele que eu sempre tenho saudade. Minha família é muito alegre, divertida e me apoia muito.

Já no início de 2013, voltou a jogar pelo Fluminense, e, no segundo semestre, o carioca foi então defender o clube Pinheiros, em São Paulo, onde ficou até 2005.

- O técnico Silvio sabia que eu tinha sofrido o acidente e me ajudou muito neste retorno ao vôlei. Tive um progresso bom, apesar das dores iniciais - lembra.

Em 2006, último ano de juvenil, foi campeão pelo time de Salto (SP). No mesmo ano, pelo Vôlei Futuro de Araçatuba, começou a jogar na Superliga, onde permaneceu até 2008.

O time estava pronto e precisava de uma cidade e Montes Claros  por sua vez amava o vôlei
Tulio Nogueira
 
 Conquista de títulos
Em Santo André ficou até 2010; passou duas temporadas jogando pelo São Bernardo e depois pelo Cruzeiro até 2013, quando foi campeão mineiro, vice no mundial de clubes, campeão sul-americano de clubes e vice da Superliga.

- Foi uma temporada muito produtiva para mim.Ganhei muita experiência, como disputar uma final de mundial. Tudo isso conta como experiência para estar mais preparado em competições acirradas. Não joguei muito, mas estava com um bom ritmo de treinamento. Era difícil entrar como titular, pois o jogador que estava nesta posição já realizava um bom trabalho - lembra.

Passagem pela Seleção

Na Seleção Brasileira de Novos, Tulio disputou jogos preparatórios para as Olimpíadas de Londres e amistosos na Áustria e República Tcheca.

- No Brasil há muitos atletas bons. Na Seleção existem ciclos e um número pequeno de vagas. É realmente um grupo seleto – salienta.

Estudando Educação Física, o jogador participou dos jogos mundiais universitários na China.

Em Montes Claros

Tulio conta que viu a oportunidade de jogar em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, como um desafio para se destacar em quadra.
 
Ritmo de jogo e união são qualidades do time, diz Tulio Nogueira. (Foto: Arquivo Pessoal)Ritmo de jogo e união são qualidades do time, diz Tulio Nogueira. (Foto: Arquivo Pessoal)
 
- O time estava pronto e precisava de uma cidade, e a cidade, por sua vez, amava o vôlei. É claro que existe uma pressão, pois havia um grande time aqui. Mas estamos trabalhando duro.
Temos um ritmo de jogo muito bom, com um grupo aguerrido e unido. Estes são nossos pontos fortes - salienta.


A equipe de Montes Claros ocupa a oitava colocação da Superliga, com cinco jogos - quatro derrotas e uma vitória.

Para Túlio, sua determinação e positivismo o ajudam na vida e na quadra. Ao mesmo tempo, se considera uma pessoa perfeccionista.Ele conta que está sempre concentrado nos treinos e nos jogos, com uma dedicação completa ao vôlei.

- Levo uma vida tranquila e regrada com alimentação e bem estar. Adoro praia e sempre estou visitando minha família no Rio. Gosto de estar em contato com a natureza, refletir e tocar violão. É difícil me ver de mau humor - confessa.

  
Nos momentos de folga, Tulio Nogueira gosta de surfar nas praias cariocas. (Foto: Arquivo Pessoal) 
Nos momentos de folga, Tulio Nogueira gosta de 
surfar nas praias cariocas. (Foto: Arquivo Pessoal)
 
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