Número 2 do mundo leva segundo Grand Slam da carreira e é o primeiro tenista da casa a ser campeão do masculino desde Fred Perry em 1936
Enfim o troféu de vencedor do mais tradicional torneio do tênis está nas mãos de um atleta do país anfitrião. Fazia tanto tempo desde o último triunfo de um britânico na chave masculina de Wimbledon (em 1936, com o tri de Fred Perry em cima do alemão Gottfried von Cramm) que o mundo, naquela época, começava a viver a tensão de uma Segunda Guerra Mundial. Setenta e sete anos depois do feito de Perry, o embate foi entre Grã-Bretanha e Sérvia dentro da quadra central do All England Club, em Londres. E o tenista da casa, Andy Murray, após chegar perto de quebrar o jejum com o vice-campeonato de 2012, dessa vez levou a melhor na decisão deste domingo. Ele derrotou ninguém menos que o número 1 do mundo, Novak Djokovic , por 3 sets a 0 (6/4, 7/5 e 6/4).
Apesar de não ter perdido sets na final, Murray deixou o All England Club mudo momentos antes de confirmar o título. O escocês chegou a ter um triplo match point no último game da partida e todo o público só quebrava o silêncio quando, no decorrer de cada ponto, o vice-líder do ranking chegava próximo da vitória. Somente na quarta chance de fechar o jogo é que o torcedor pôde soltar o grito que estava entalado na garganta há tanto tempo.
- Foi um pouco diferente de 2012. No ano passado, foi um dos momentos mais difíceis da minha carreira, então para conseguir ganhar o torneio de hoje... Eu não sei como eu cheguei até o último game, imagina jogá-lo! Já enfrentei Novak muitas vezes e acho que ele vai entrar para a história como um dos tenistas que mais lutam. Ele se recuperou de pontos perdidos muitas vezes anteriormente e quase fez isso de novo hoje. Eu entendo o quanto todo mundo queria ver um campeão britânico. Espero que tenham gostado, eu tentei o meu melhor - avaliou Murray, recebendo os aplausos efusivos da arquibancada.
Murray beija troféu de campeão de Wimbledon, segundo Grand Slam vencido por ele (Foto: Agência Reuters)
Sem acreditar no feito que acabara de realizar, Murray beijou a grama sagrada de Wimbledon e depois permaneceu incrédulo sentado no banco. Então ele foi comemorar à la Marion Bartoli na final feminina de sábado. Subiu até o box de sua equipe e celebrou com o técnico Ivan Lendl, com os companheiros, com a mãe Judy Murray e com a namorada Kim Sears.
Murray agora tem dois títulos de Grand Slam na carreira. O primeiro foi no US Open do ano passado, em que ele superou o mesmo Djokovic numa final de cinco sets. Nas cinco partidas de Grand Slams em que os dois se enfrentaram como profissionais, essa foi a segunda vitória do britânico e a primeira vez que ele ganhou do sérvio em sets diretos.
Apesar do triunfo em cima de Djokovic, Murray vai permanecer como vice-líder do ranking da ATP quando a lista for atualizada nesta segunda-feira com os resultados das últimas duas semanas. O britânico aparecerá com 9.360 pontos, enquanto Nole manterá o primeiro posto com 12.310.
Murray foi comemorar o título de Wimbledon bem perto dos torcedores (Foto: AFP)
Murray teve um início promissor de partida, dando à torcida na quadra central um primeiro momento de vibração. Djokovic, porém, diminuiu a exaltação do povo britânico ao sair de um 0-40 para confirmar o serviço no primeiro game de jogo. Cometendo muitos erros não forçados, o sérvio praticamente teve que correr atrás do prejuízo durante toda a parcial. Murray conquistou uma quebra na sétima tentativa que teve, e Nole respondeu devolvendo em seguida. O britânico, mesmo cometendo duas duplas faltas consecutivas, reabriu vantagem depois de lutar bastante contra Djoko e contra o sol durante um game de cerca de dez minutos. As falhas na hora de botar a bola em jogo nesse game foram apenas pontuais. Na base do saque, Murray fechou o primeiro set com 83% de aproveitamento nos pontos de primeiro serviço, cinco aces, 11 winners a mais (17 contra 6) e 11 erros não forçados a menos que o rival (6 contra 17).
Djokovic escorregou duas vezes durante a final,
mas não sentiu lesão (Foto: Agência Reuters)
mas não sentiu lesão (Foto: Agência Reuters)
Vencendo por 4/3, Djokovic ficou sem desafios ao recorrer erradamente à revisão eletrônica pela terceira vez no set, vendo assim uma nova quebra ir embora. Isso lhe custou caro e o levou à loucura quando pediu, mais à frente, a marcação de uma bola fora de Murray. Ele abriu os braços para o juiz de linha e reclamou demais com o de cadeira. O replay na televisão mostraria que o sérvio estava equivocado. Três pontos depois, Andy conquistou a quarta quebra na partida e, assim como na parcial anterior, soltou o braço no saque para vencer de zero o game de serviço, que lhe deixou a um set de quebrar o jejum britânico.
Djokovic cresce, mas Murray se sagra campeão
Uma quebra no primeiro game de serviço de Djokovic, confirmada por um desafio pedido por Murray, fez o torcedor no All England Club vibrar ainda mais. Nole teve uma sequência de sete pontos jogados fora por erros próprios nesse início de set e por pouco não tomou outra quebra.
Murray se joga no chão e fica incrédulo com
conquista do título de Wimbledon (Foto: Reuters)
conquista do título de Wimbledon (Foto: Reuters)
Murray, no entanto, não se deu por vencido e foi para cima de Djokovic. Em um momento muito mais de alta do rival, o britânico se recuperou rapidamente. Ele contou com erros do sérvio, devolveu a quebra e depois empatou em 4/4 com uma bola vencedora na paralela. Se o público se agitou com esse ataque de Andy, comemorou muito mais quando ele, sem medo de arriscar, quebrou pela sétima vez o serviço de Nole.
Sacando para o título, Murray novamente se beneficiou do próprio saque até chegar ao 40-0. Wimbledon então ficou tomado por um silêncio absurdo, à espera do ponto da vitória. Djokovic, como um grande estraga-prazeres, evitou as três vezes o grito de Murray e de todo o All England Club. Depois da igualdade, ele até teve três break points no game. Apesar da insistência de Nole em se manter vivo no jogo, quis o destino que fosse feita história neste domingo. Djoko mandou um smash na mão do adversário, que depois jogou a bola em cima do sérvio para conquistar outro match point. Esse, Murray não deixou escapar. O título, enfim, veio após uma bola do número 1 do mundo na rede.
Djokovic e Murray se abraçam após o número 2 do mundo vencer o jogo em sets diretos (Foto: Reuters)
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/Wimbledon/noticia/2013/07/murray-bate-djoko-fatura-wimbledon-e-quebra-jejum-britanico-de-77-anos.html
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