Técnico afirma que não acredita mais nas promessas da diretoria e que, quando situação for resolvida, estará disponível para negociar
Paulo Autuori concede entrevista improvisada no
saguão de aeroporto (Foto: Raphael Zarko)
saguão de aeroporto (Foto: Raphael Zarko)
Autuori disse que tomou sua decisão às 12h da última sexta-feira, prazo final para o cumprimento da promessa de pagamento dos salários atrasados a funcionários e jogadores. E que a comunicou por e-mail, às 18h, ao diretor geral Cristiano Koehler.
- As pessoas estão sempre à espera que o Paulo possa empurrar um pouco as coisas com a barriga. Mas neste momento, se eu dissesse que estou acreditando, como acreditei em outros momentos, estaria mentindo - disse Paulo Autuori.
Sem dizer claramente durante a entrevista que estava fora do Vasco, apesar dos insistentes questionamentos, Autuori mostrou que a tendência é que se mude de São Januário para o Morumbi.
- Nos últimos anos o São Paulo me procurou algumas vezes, e hoje eu estaria feliz da vida se pudesse dizer "não" de novo, porque estaria confortável no clube em que estou. Mas não estou confortável. Uma vez resolvida a situação com o Vasco, estou aberto a qualquer possibilidade - afirmou o treinador.
Cristiano Koehler, Ricardo Gomes e o presidente Roberto Dinamite ainda vão se reunir com Paulo Autuori na noite desta segunda-feira, apesar de todas as sinalizações de que o treinador sairá. A virada do semestre sem o cumprimento da promessa de pagamento no dia 5 de julho foi determinante na decisão.
- Na sexta-feira, foi uma frustração enorme para todo mundo. Foi o prazo dado para a regularização... Havia uma expectativa enorme dos jogadores, como havia também a expectativa dos jogadores em relação à posição que eu iria tomar, porque eu tinha compromisso com eles. Eles sabem, as pessoas que estão envolvidas no grupo sabem. Sempre tomei posições em relação à minha responsabilidade como técnico. Não seria diferente em qualquer outra situação, como não foi nessa - disse o treinador.
Autuori mostrou preocupação com o futuro do Vasco, clube para o qual torcia na infância e na adolescência e que hoje está imobilizado, segundo suas palavras.
- A minha maior tristeza é me sentir completamente impotente. Esperava poder ter, junto com outras pessoas, muito mais capacidade de ação. Mas tem momentos na vida que transcendem a realidade. O Vasco transcende o futebol. As pessoas, a situação, a oposição... o Vasco hoje precisa de todos para tirar o clube dessa imobilização. Esse clube é muito grande, tem uma história linda, uma torcida fantástica, mas que tem que ser confrontado com a realidade - afirmou o treinador, que fez apenas 13 jogos pelo time.
O diretor geral Cristiano Koehler, em entrevista antes do desembarque do Vasco no Rio, afirmou que não via motivos para Autuori pedir demissão e que usaria como trunfo, para dissuadi-lo da decisão, possíveis novidades na semana - como o anúncio de novos patrocinadores e um acordo com a Fazenda Nacional para a obtenção de certidões que possibilitem o clube ficar livre de penhoras.
Paulo Autuori desembarca ao lado do diretor de futebol Ricardo Gomes (Foto: Raphael Zarko)
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