segunda-feira, 4 de março de 2013

‘Maduro’ após Olimpiada, Rafael se diz pronto para marcar o amigo CR7


Lateral do United terá nesta terça-feira a missão de marcar o 'melhor do mundo’ CR7 e diz ter evoluído após críticas sofridas nos Jogos de Londres

Por Felipe Rocha, especial para o GLOBOESPORTE.COM Manchester, 

Rafael é daqueles que fogem das respostas prontas. O lateral-direito do Manchester United não tem medo de revelar sua opinião. Fala com firmeza para defender seus pontos de vista. Característica que o jovem de 22 anos também leva para dentro de campo. Apesar da pouca idade, não são poucas as partidas em que essa personalidade forte já ficou evidente. Para o bem, e para o mal.

Na véspera de enfrentar o Real Madrid pelo jogo de volta das oitavas de final da Liga dos Campeões, quando terá a ingrata missão de marcar Cristiano Ronaldo, Rafael conversou com o GLOBOESPORTE.COM, que acompanha a partida em Tempo Real nesta Terça, às 16h45m, e relembrou da ajuda que recebeu do craque português, então seu companheiro nos Diabos Vermelhos, quando chegou ainda adolescente à Inglaterra.

- É uma ótima pessoa, muito humilde e um grande amigo. Ele nos ajudou muito no começo, quando eu e meu irmão chegamos aqui com 15 anos. A gente não falava inglês e ele foi o cara que ajudava a gente a conversar com as pessoas. Imagina quando você é jovem e está jogando ao lado do Cristiano Ronaldo. Aí, você quer mostrar que é bom de bola, quer mostrar algo a mais e ele dava uns toques, apoiava, mostrava o caminho – lembra o brasileiro.



Rafael durante entrevista (Foto: Felipe Rocha)Rafael lembrou primeiros passos no United, ao lado do irmão Fábio e do amigo CR7 (Foto: Felipe Rocha)

Amizade à parte, Rafael terá novamente no duelo desta terça-feira a tarefa de tentar parar CR7. Função que diz ter feito com sucesso apenas na segunda metade do jogo no Santiago Bernabéu. O simples fato de ser escolhido para marcar Cristiano Ronaldo, quem o brasileiro considera o melhor jogador do mundo, mostra a confiança que Alex Ferguson deposita em Rafael. Não é pra menos. O lateral vive novamente uma boa fase com a camisa do Manchester United. Evolução que ele garante ser fruto das críticas sofridas após a decepção nos Jogos Olímpicos de Londres.

- Bateram muito em mim, sabe? Quando batem assim, a pessoa cresce bastante, não tem jeito. Depois da final, escutei muita coisa que não gostaria de escutar de novo. Por isso, depois daquilo fiquei mais maduro e evoluí bastante – revelou.

Rafael comentou ainda sobre o episódio da discussão com o zagueiro Juan no gramado de Wembley na final da Olimpíada, falou sobre sua relação com Alex Ferguson e rechaçou que o Manchester United esteja em vantagem diante do Real Madrid.


Confira abaixo o bate-papo completo:

GLOBOESPORTE.COM: Como controlar a ansiedade na véspera de um jogo como esse contra o Real Madrid?

Rafael: Não é fácil, é sempre um jogo diferente. É um sonho para qualquer jogador enfrentar o Real Madrid na Champions, um jogo que todo mundo quer participar. Essa partida será especial também por causa do retorno do Cristiano Ronaldo a Manchester, o clima é o melhor possível. Nosso time está concentrado e vai entrar em campo em busca da vitória. Tomara que a gente consiga a vaga.



Benzema no jogo do Real Madrid contra o Manchester United (Foto: Reuters)Rafael ajuda na marcação de Benzema no jogo entre Real e United, pela Champions(Foto: Reuters)

Considera uma boa vantagem jogar pelo empate sem gols em casa?

Vantagem? Não tem vantagem nenhuma, está empatado. Jogamos pelo 0 a 0, o que é bom, lógico, mas está em aberto. São duas grandes equipes e quem estiver mais concentrado em campo vai conseguir a classificação. Não podemos ter o pensamento de que temos qualquer vantagem, seria um erro.

Qual postura o Manchester precisa ter em sua opinião? Sair pro jogo ou esperar o Real?

Jogando em casa, a gente vai pra ganhar. Se ficar esperando o Real Madrid e torcendo pelo 0 a 0, acaba sofrendo um gol e complica. Tem que esquecer o resultado da primeira partida e fazer o que estamos acostumados em nosso estádio. Tentar impor nosso ritmo e mostrar nosso melhor futebol. O Manchester é grande, joga em casa, e vai buscar a vitória.

Como foi marcar o Cristiano Ronaldo no Bernabéu?

Cara, meu primeiro tempo no Bernabéu não foi bom. Acho que eu queria fazer tudo ao mesmo tempo: tirar a bola, sair jogando, não dar espaço. E não é bem assim que as coisas funcionam no futebol. No segundo tempo, acertei bastante e me dei melhor. Fui mais calmo e atento e tive um desempenho mais firme. Marcar o Cristiano Ronaldo nunca será fácil para nenhum defensor, mas vou estar totalmente concentrado para fazer o melhor possível e ajudar o meu time. Espero ir ainda melhor no Old Trafford  e ajudar o Manchester a sair com a classificação.

Vai marcá-lo outra vez na terça-feira?

Mesma coisa, quando ele cair pelo meu lado do campo eu que irei marcá-lo, estou pronto. Ele se movimenta bastante, se mexe o tempo todo, mas toda a hora que estiver do meu lado, sou eu que tenho que marcar o Cristiano Ronaldo. E não é só ele, às vezes cai o Di Maria por ali, o Özil, e todos sabem da qualidade deles. Eu vou tentar me manter concentrado durante os 90 minutos, porque se eu mantiver a concentração com certeza vou fazer uma boa partida e ajudar meus companheiros a conseguir a classificação que nossa torcida tanto quer.

Como era sua relação com o CR7 na época em que ele jogou no Manchester?

Era a melhor possível. É uma ótima pessoa, muito humilde e um grande amigo. Ele nos ajudou muito no começo, quando eu e meu irmão chegamos aqui com 15 anos. A gente não falava inglês e ele foi o cara que ajudava a gente a conversar com as pessoas. E, dentro de campo, ele também nos ajudou bastante, cara. Imagina quando você é jovem e está jogando ao lado do Cristiano Ronaldo. Aí, você quer mostrar que é bom de bola, quer mostrar algo a mais e ele dava uns toques, apoiava, mostrava o caminho. Sempre me incentivou bastante, me dando confiança.


cristiano ronaldo e os gemeos rafael e fabio do manchester united (Foto: Arquivo Pessoal)Cristiano Ronaldo ajudou nos primeiros anos dos gemeos Rafael e Fabio no United (Foto: Arquivo Pessoal)

Você já disse algumas vezes que acha o Cristiano Ronaldo o melhor do mundo. É isso?

Já falei várias vezes que acho isso, sim. Pra mim, o Cristiano Ronaldo é melhor que o Messi. Mais completo. Talvez a vantagem do Messi seja jogar num time melhor, que joga junto há mais tempo. Por isso, acaba tendo mais destaque.

E o Real chega embalado depois de vencer o Barça duas vezes...

É verdade, o moral deles com certeza está lá em cima, mas o nosso também está. Respeitamos o Real Madrid, mas conseguimos um bom resultado fora e queremos fazer valer o fator casa.

Mudando de assunto, como é trabalhar com um técnico que tem mais anos no cargo do que você de vida? Como é a sua relação com o Alex Ferguson?

Muito boa, também. Sou suspeito pra falar dele, porque me ajudou muito desde o começo. Sou o que sou hoje por causa dele. Se ficarmos aqui falando sobre o Ferguson, só terei as melhores coisas do mundo pra falar dele. Como pessoa e como profissional. Trabalhar com alguém com a experiência dele é um privilégio para mim. E não precisa nem falar muito, tudo o que ele conquistou já diz tudo.
 

Rafael e Juan batem boca final Brasil x México (Foto: AFP)Rafael discutiu com o zagueiro Juan na final da
Olimpíada, em Londres (Foto: AFP)

Depois da derrota na final da Olimpíada, você teve uma excelente sequência de jogos pelo Manchester e não saiu mais do time. Coincidência ou o que aconteceu nos Jogos de Londres te fez amadurecer?

Todo mundo fala que a gente cresce nas derrotas. Com certeza, foi o que aconteceu comigo. Bateram muito em mim, sabe? Quando batem assim, a pessoa cresce bastante, não tem jeito. Depois da final, escutei muita coisa que não gostaria de escutar de novo. Por isso, depois daquilo fiquei mais maduro e evoluí bastante.

O episódio da discussão com o Juan na decisão foi superado? Falou com ele depois daquele dia?

Já foi superado, mas talvez se aquela discussão não acontece, as pessoas não teriam me criticado tanto. Era o final da partida, eu estava saindo já, ia ser substituído. Acho que naquela bola eu não tinha o que fazer. A única saída era tentar um toque de letra. Aí, ele veio falar comigo e não gostei.
 Mas isso é do futebol, bola pra frente. Está tudo resolvido. Falamos no vestiário só, mas tudo certo.

Tem expectativa de ser convocado pelo Felipão?

Primeiro tenho que fazer meu trabalho bem no Manchester United. Se fizer, o Felipão estará analisando e com certeza vai me dar uma chance na Seleção. Por isso, eu só penso em seguir trabalhando duro no meu clube.
 Todo jogador sonha em defender a Seleção e não sou diferente.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/liga-dos-campeoes/noticia/2013/03/maduro-apos-olimpiada-rafael-se-diz-pronto-para-marcar-o-amigo-cr7.html

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