domingo, 2 de dezembro de 2012

Prestes a deixar presidência, Dubeux avalia sua gestão à frente do Sport


Presidente destaca avanços nos cofres do clube, mas admite que no futebol ficou devendo títulos e uma melhor campanha no Brasileiro

Por Elton de Castro Recife

gustavo dubeux sport (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)Gustavo Dubeux assumiu a presidência do Sport
em 2011 (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

Questionado pela torcida, elogiado pelos atletas e querido entre os funcionários. Após dois anos à frente da presidência executiva do Sport, Gustavo Dubeux aproxima-se do final do seu mandato, que se encerra este ano, com a certeza de que gerir o Rubro-negro foi uma das tarefas mais difíceis da sua vida. Um dos empresários mais bem-sucedidos no ramo da construção civil do Recife, ele chegou ao clube com a missão de equacionar as dívidas leoninas e montar um grupo vencedor no futebol.

Passados 24 meses, Dubeux encerra o mandado com a certeza de que, no âmbito financeiro, conseguiu fazer o que projetou. Com os salários em dia, o mandatário gaba-se do fato de ter sanado os cofres do Leão e feito a receita do Sport dobrar em dois anos. Contudo, quando o assunto é futebol, a situação é muito diferente.

Com uma torcida exigente e acostumada a conquistar títulos, Gustavo Dubeux carrega nos dois anos que passou à frente do clube a mácula de não ter conquistado um único troféu no futebol profissional. Feito que, entre os rubro-negros, é dado como inaceitável. Para se ter uma ideia, a última vez que o clube passou dois anos sem levantar um troféu ocorreu há 26 anos, quando Roberto Massa era o presidente.

No entanto, apesar de reconhecer que enfrentou dificuldades dentro das quatro linhas, Gustavo Dubeux acredita que sua gestão deixará um grande legado também para o futebol profissional. Em uma conversa com a equipe do GLOBOESPORTE.COM, o presidente rubro-negro analisou o seu mantado e afirmou que deixava o cargo no clube com a sensação de dever cumprido.

Presidente, passados 24 meses o senhor chega ao término de sua gestão. Quando assumiu o clube, o senhor vislumbrava conquistar títulos e fazer com que o Sport equilibrasse as receitas. Qual sua analise sobre o seus resultados?
Chego com a minha consciência tranquila. Na parte administrativa fiz muito mais do que esperava. Conseguimos dobrar a receita do clube, fechamos contratos de patrocínios efetivamente fortes e conseguimos costurar um contrato de quatro anos sobre os direitos de transmissão que dará uma enorme tranquilidade ao meu sucessor. Lógico que o futebol não progrediu como esperávamos, mas esse prejuízo é emocional, não financeiro ou lesivo ao clube.

Na questão fiscal, sempre que perguntado, o senhor enfatiza as conquistas da sua gestão, mas quais foram os ganhos reais para o clube. Uma vez que esses números nem sempre chegam ao torcedor?
Realmente estamos negociando com a Caixa e estamos perto de conseguir isso"
Gustavo Dubeux

Não quero fazer críticas aos presidentes que vieram antes de mim, até porque todos deram o máximo e tentaram fazer o seu melhor. Porém, peguei um Sport com 50% das suas contas bloqueadas por conta das dívidas fiscais e trabalhistas. Encontrei um clube sem receita para montar um time em 2011, pois tínhamos direito a receber R$ 2,5 milhões do Clube dos 13, mas devíamos R$ 10 milhões. Para se ter uma ideia, estávamos fora da Timemania por conta de um debito de R$ 40 milhões e só pelo fato de abrirmos negociação isso caiu para R$ 28 milhões. Conseguimos parcelar nossa dívida em 36 meses e desbloqueamos 20% do orçamento e em maio tudo estará resolvido. Também tem a questão dos impostos, que estamos tentando liquidar todas as dívidas para conseguirmos estar com todas as certidões ficais até o término do meu mandato.
Especula-se que a celeridade para conseguir as certidões fiscais é por um desejo de assinar um contrato de patrocínio com uma empresa estatal, isso procede?
Não é que estamos pagando só para termos um patrocínio, mas isso realmente nos possibilita uma busca nesse sentido. Realmente estamos negociando com a Caixa Econômica Federal e estamos perto de conseguir isso. Porém, ainda temos contrato com a MRV que tem total prioridade para a renovação. Mas certamente isso também nos trará benefícios.

Se do lado financeiro existiram avanços, no futebol o senhor é muito criticado por parte da torcida. O que deu errado para que o Sport fracassasse nos Estaduais e fizesse uma campanha tão ruim do Brasileiro 2012?
Primeiro vamos dividir em dois anos. Em 2011, cheguei sem ter dinheiro para montar um time e só eu e minha equipe sabemos das dificuldades que tivemos. Mesmo assim, fomos à final do Pernambucano, onde fomos claramente prejudicados pelo juiz. Neste mesmo ano conseguimos o acesso. Se foi em primeiro ou em quatro não interessa. O que vale é o acesso. No segundo ano, montamos um bom time, mas perdemos a final para o Santa Cruz com mais uma ajuda do juiz. Porém, reconheço que o Brasileiro não foi da forma que queríamos, principalmente pelo time que temos.

hugo sport (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)Hugo foi uma das principais contratações do Sport
para o Brasileiro (Foto: Aldo Carneiro / PE Press)

O Sport demorou a entrosar dentro de campo, o senhor acredita que a demora para formular o elenco atrapalhou o time e que isso é foi um erro da diretoria?
Realmente demoramos para montar o grupo, mas não posso culpar meus diretores. Não é fácil conseguir bons jogadores quando se está em um clube do Nordeste. Você sempre é a 12ª ou 13ª opção, pois todo mundo quer jogar no Rio de Janeiro ou São Paulo. Para você ter ideia, Hugo só veio para o Sport devido a amizade com Cícero Souza (executivo de futebol), pois ficou sabendo que aqui a gente paga tudo certinho. Existiu uma demora, mas isso é um processo normal de um clube que volta da Série B.

Você falou de Cícero Souza e ele também é muito questionado pela torcida. Como o senhor avalia essas críticas e a participação dele no Sport?
As pessoas criticam porque ele sempre é o nosso porta-voz. É ele quem leva as notícias, boas ou ruins, e a cobrança é mais nele mesmo. Acho que isso é normal, a cobrança deve existir, mas também temos que reconhecer que atualmente o Sport é um clube organizado e respeitado. Então, temos que olhar por esse lado, também.

Outro ponto muito criticado foi a paciência que a diretoria teve com Vágner Mancini, que passou praticamente um turno inteiro no Sport, mas não conseguiu fazer o time jogar. Olhando agora, o senhor considera que a manutenção dele foi equivocada?
Não acho. Muitos falam que demoramos, outros falam que não. A verdade é que montamos um time no decorrer da competição e Vágner sofreu com isso. Então, tínhamos que dar um tempo maior para ele encaixar a equipe. Porém, quando vimos que não dava mais, decidimos tirá-lo. Mas se você olhar, a forma como Sérgio Guedes monta a equipe é bem parecida.

Embora tenha um elenco qualificado, o Sport pode ser rebaixado. Como o senhor encara a possibilidade de ver o time cair de divisão na sua gestão e o que isso atrapalharia o clube?
Primeiro que não trabalho com essa possibilidade, pois confio que iremos ficar na Série A. Porém, caso isso ocorra, lógico que será uma perda muito grande e muito dolorosa. Mas certamente o próximo presidente terá condições de fazer o time crescer rapidamente. Pois atualmente o Sport tem um elenco que, independentemente de divisão, tem contrato até a próxima temporada. O clube tem uma divisão de base, que voltou a disputar campeonatos e tem um Centro de Treinamento moderno e um orçamento fechado e com patrocinadores fortes. Então, apesar da dor, o clube seguirá forte. Mas acredito que faremos uma ótima Série A no próximo ano.

Dentre os benefícios que o senhor citou está o Centro de Treinamento, este é o maior legado da sua gestão?
Digamos que é uma grande conquista do Sport, pois quando cheguei já tínhamos o terreno. Porém, investimos forte, algo que se aproxima aos R$ 5 milhões, e construímos todos os equipamentos da base, com alojamento, restaurante, campos e no próximo ano a base ficará lá. No final do próximo ano teremos um hotel e todas as condições para o profissional. Então, isso é muito importante para fazer o Sport crescer.


Arena do Sport (Foto: Divulgação Sport)Arena do Sport espera aprovação da prefeitura do
Recife (Foto: Divulgação Sport)

O CT já é uma realidade, mas a construção da arena ainda é uma incógnita, como anda o projeto?
Não é uma incógnita, é uma realidade. Já conseguimos todas as liberações ambientais possíveis e estamos dependendo da última liberação da prefeitura que, deve acontecer entre dezembro ou janeiro. Mas temos a sinalização de que conseguiremos porque o projeto é viável e totalmente equilibrado. Com essa aprovação, levaremos para o Conselho e para os sócios, que decidirão sobre a construção. Tenho certeza de isso ocorrerá no mesmo período em que a Arena Pernambucano acaba de ficar pronta, para que a gente assine um convênio e vá jogar lá.

Levando em consideração que não foi fácil para o Governo do Estado construir a Arena Pernambuco, que o Corinthians precisou de uma grande ajuda do Governo Federal parar montar o seu estádio e que o Internacional-RS ainda sofre com os atrasos na obra do Beira-Rio, o que o Sport fará para que esse projeto saia do papel?
Essa é a questão. Se fossemos fazer apenas uma arena, certamente não sairia. Porém, fizemos um projeto que agrega uma série de investimentos que, juntos, fazem o projeto ser rentável. Foi basicamente o que o Grêmio fez e, com isso, teve facilidades no seu projeto. Teremos um shopping, um empresarial e outros investidores que nos darão essa sustentação juntos com a arena. Por isso, que não tenho dúvidas ao afirmas que os “espigões” são fundamentais. Não adianta ter utopia, tem que ter projeto. Contratamos uma empresa top para analisar a viabilidade dele e só demos prosseguimento quando tínhamos a certeza de que daria certo. Se for da vontade dos rubro-negros, teremos uma nova arena

.FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/sport/noticia/2012/12/preste-deixar-presidencia-dubeux-avalia-sua-gestao-frente-do-sport.html

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