Na terra da primeira cidade do país a conseguir independência do Império espanhol, seleção não cala 1.500 torcedores, mas vai lutar pelo 11º título seguido contra o Peru
Natália sobe alto para marcar um dos seus 13
pontos no jogo, ela foi a principal pontuadora
da semifinal (Foto: Fabio Leme)
Em 1811, Cartagena se tornava a primeira cidade colombiana a
expulsar os espanhóis e anunciar sua independência. O cartageneiro Rafael
Nuñez, 75 anos mais tarde, escreveu a primeira carta constitucional do país. Há
quem diga na região que “tudo de bom na Colômbia, começa em Cartagena”. Assim,
a capital do estado de Bolívar ganhou de seus habitantes o apelido de “o local
das boas notícias”. Com esse espírito, cerca de 1.500 torcedores lotaram o
Coliseu Northon Madrid para empurrar suas jogadoras em uma missão quase tão
difícil à de expulsar o Império espanhol: jogar com uma equipe praticamente sub-23 e derrotar as atuais bicampeãs
olímpicas.
- Eles estão investindo bastante no
trabalho de base, estão tentando, têm jogadoras com biotipo bastante
interessante, a principal jogadoras deles não está aqui. É um país que
tem história esportiva e gosta. Se continuar trabalhando com o biotipo
que tem, pode melhorar muito no futuro. Vimos jogadoras bastante
habilidosas, como o caso da Amanda (2), a Ivone, se trabalhar mais
forte, vai poder melhorar seu jogo, ela pega forte, ataca forte, bem
como a oposta número três, que ataca com muita velocidade na saída da
rede. A Colômbia, das últimas vezes que eu vi, melhorou. É por aí -
declarou Zé Roberto.
Tudo valia para mais um capítulo da bela história, cornetas,
surdos e muitas vaias foram armas contra o Brasil. Só que, desta vez, os guerreiros
banhados pelo mar do Caribe não fizeram a diferença. A tranquila vitória por 3 sets a 0 (25/16, 25/12 e
25/12) deu ao time de Zé Roberto a vaga na decisão do Sul-Americano diante das
peruanas – que mais cedo venceram a Argentina no tie-break. Para os
colombianos, a derrota soou como um aprendizado para próximas batalhas. De pé,
aplaudiram seu povo, especialmente as cinco atletas naturais de Cartagena, e
também se renderam às rainhas do vôlei mundial, que tiveram em Natália sua principal pontuadora, com 13 acertos.
- Para a gente é um campeonato importante, último do ano, importante
que a gente jogue bem. O maior respeito que a gente pode ter
com o adversário é levando a sério o jogo. Acho que isso a
gente fez com todos e vamos enfrentar o Peru amanhã com
força total também - declarou Natália.
Neste sábado, às 21h (de Brasília), a seleção vai em busca
do seu 11º título consecutivo na competição. O adversário será o Peru, maior
rival do continente até a década de 90. Essa será a 22ª final entre os dois países, em 31
edições – a peruanas levam vantagem 12 a 9.
COLOMBIANAS LUTAM, MAS NÃO SÃO PÁREO
Fabiana se impõe na rede e força erro de colombiana (Foto: Fabio Leme)
O
início com Natália na vaga de Mari Paraíba e Léia na de
Camila Brait foi promissor. Em pouco tempo, as brasileiras mostraram aos
fanáticos e empolgados colombianos que não seria o dia do “si, se puede”
(sim,
se pode). Com bolas nas mãos, Dani Lins imprimiu velocidade e variou as
jogadas. Sheilla mostrou categoria em toque no fundo. O ataque
colombiano sofreu com a defesa (6/1).
Porém, bastaram dois pontos seguidos das donas da casa, para a torcida
inflamar. As guerreiras bolivarenses diminuíram a diferença (9/6). O
calor da arquibancada
passou à quadra, e os dois lados ficaram afoitos e trocaram bolas até o
20º ponto. Na reta final, Dani procurou mais suas centrais, Fabiana e
Juciely tiveram êxito, e o Brasil
fechou a parcial em alta (25/16).
A terra das boas notícias viu sua seleção equilibrar o segundo
set (3/3) A passagem de Gabi pelo saque quebrou a recepção e a confiança da Colômbia (10/3).
O tempo pedido pelo técnico anfitrião surtiu efeito parcialmente (12/8), mas Natália
mostrou que não é uma visitante muito educada e, com três pancadas, retomou a
larga diferença para o Brasil (16/8). A ponteira foi o nome da fácil segunda
parcial, que ainda teve as entradas de Roberta e Monique na inversão e Mari
Paraíba no bloqueio e saque (25/12).
Cabisbaixas? Que nada. A seleção colombiana e sua torcida
mostraram o porquê da história escrita com muito sacrifício. A inferioridade
técnica parecia um mero detalhe em quadra. Nem os seis pontos seguidos das
brasileiras, que tinham Carol e Adenízia no meio, calaram o Coliseu Northon
Madrid e fizeram sua equipe jogar a toalha (9/3). Um ponto era o bastante para o
povo explodir (17/9). Mas, nessa altura, a vibração era mais empolgação do que
fé no milagre. Um novo capítulo da história de Cartagena não foi escrito 204
anos depois. A tropa brasileira mostrou ser mais forte e avançar à decisão do Sul-Americano (25/12).
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