quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Cheerleaders processam NFL e dizem que vestiários viraram "salas de choro"

Ganhando US$ 5 a hora, elas tiveram direitos aprovados na Califórnia, como salário mínimo, horas extras e plano de saúde. Nova York pode aprovar legislação parecida




Por
Rio de Janeiro


cheerleaders, Superbowl, NFL (Foto: Reuters)Ganhando média de US$ 5 a hora, animadores lutam por melhores condições (Foto: Reuters)


Contar com a presença de líderes de torcida é uma tradição no futebol americano e em 26 de 32 franquias da NFL, liga americana da modalidade. Mas uma briga judicial começa a mudar o cenário das cheerleaders nos Estados Unidos. Ganhando US$ 5 (cerca de R$ 20) a hora durante os cinco meses do campeonato, elas costumam acumular outros trabalhos, mas agora pedem condições mais justas e dignas dentro na liga mais lucrativa do mundo, que emprega mais de 15 mil pessoas. Na segunda-feira, o estado da Califórnia aprovou uma lei que garantiu direitos básicos às animadoras, como salário mínimo, acordo de horas extras e plano de saúde. A proposta foi enviada ao governador para uma aprovação final.

cheerleader super bowl Denver Broncos x Seattle Seahawks (Foto: EFE)
Cheerleaders na partida entre o Denver 
Broncos e o Seattle Seahawks pelo 
Super Bowl (Foto: EFE)


As contestações judiciais estão perto de serem aprovadas ainda em outras regiões do país, como Nova York, que deverá receber uma legislação semelhante. Franquias como o Oakland Raiders e o Tampa Bay Buccaneers, por exemplos, irão indenizar suas cheerleaders com mais US$ 2 milhões (R$ 8 milhões) referentes a dívidas salariais. O New York Jets e o Cincinnati Bengals também estão sendo processados na Justiça. O Buffalo Bills foi acusado não pagar sequer o valor de US$ 5 a hora e, segundo as animadoras, são elas que precisam arcar com os custos de uniformes, maquiagem e cabelo.

Cheerleaders do New York tiram fotos sensuais para calendário de futevbol americano (Foto: Divulgação/New York Jets)Animadora do NY Jets no Caribe, em fotos para calendário (Foto: Divulgação/New York Jets)


- Trabalhar na NFL sempre havia sido um dos meus sonhos. Agora não diria que me arrependo pela experiência, mas houve tantos bonitos quanto cruéis - contou Tiffany, cheerleader entre 2010 e 2014, ao jornal "El Pais".

- Ninguém se dá conta do tempo e do esforço que requer a profissão. Juro que trabalhamos mais horas do que os próprios jogadores. Me davam alguns ingressos para que meu noivo pudesse ir às partidas. As viagens ao Caribe eram incríveis, mas no fim de tudo fazíamos fotos para um calendário que quem lucrava era a própria equipe. Fiz grandes amizades, e era lindo viver naquele ambiente do estádio nos dias de jogos - acrescentou.

Tiffany contou que sentia extremamente desvalorizada e destacou o aspecto negativo do trabalho. Segundo ela, as animadoras sofrem muitas cobranças que não condizem com a sua realidade. E revelou ainda que os vestiários se transformaram em um ambiente de sofrimento, apelidados de "salas de choro".

Você não se sente valorizada e eles te impõem regras absurdas. Entendo, por exemplo, que queiram que você tenha uma aparência atraente, mas te obrigam a se pesar nos dias de jogos e, se você passar uma grama, não te deixam sair do vestiário... Apelidamos o vestiário de "sala de choro". Porque ficávamos ali, castigadas, chorando e vendo o jogo pela televisão"
Tiffany, ex-cheerleader

- Você não se sente valorizada e eles te impõem regras absurdas. Entendo, por exemplo, que queiram que você tenha uma aparência atraente, mas te obrigam a se pesar nos dias de jogos e, se você passar uma grama, não te deixam sair do vestiário... Não há como controlar isso sempre. Por isso, apelidamos o vestiário de "sala de choro". Porque ficávamos ali, castigadas, chorando e vendo o jogo pela televisão... 

A NFL ainda classifica as animadoras de torcida como "funcionárias independentes". Por conta desta nomenclatura, a liga dá menos direitos às cheerleaders, porém, diante dos altos valores envolvidos em mais de 60 anos de campeonato, elas ganharam voz. No ano passado, a NFL teve um lucro de US$ 11,2 milhões (R$44,8 milhões). Em 2027, a expectativa é de que o valor alcance a marca de US$25 milhões (R$100 milhões). 

Cheerleaders do New York tiram fotos sensuais para calendário de futevbol americano (Foto: Divulgação/New York Jets)
Cheerleaders do New York Jets em fotos para 
calendário de futebol americano no Caribe 
(Foto: Divulgação/New York Jets)


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