sexta-feira, 3 de abril de 2015

Parceiro de Emanuel, Ricardo planeja jogar com filho antes de se aposentar

Veterano de 40 anos briga por vaga nos Jogos de 2016 ao lado do atual parceiro, mas admite que pretende encerrar carreira em dupla com Pedro, de apenas 18 anos


Por
Salvador e João Pessoa

 
vôlei de praia, Ricardo, com o filho Pedro (Foto: Arquivo pessoal)Ricardo, bem jovem, com Pedro no colo
(Foto: Arquivo pessoal)


Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, prata em Sydney 2000, bronze em Pequim 2008 e quinto colocado em Londres 2012, o baiano Ricardo trabalha de maneira árdua ao lado de seu parceiro Emanuel para conquistar seu maior objetivo no momento, a vaga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Neste fim de semana, se tornou o campeão da temporada 2014/2015 e da etapa da Bahia do Circuito Brasileiro. Mas, aos 40, o veterano também tem uma outra missão na cabeça: encerrar a carreira jogando com o filho Pedro, de 18 anos, que começa a trilhar seus rumos no vôlei de praia. 

O atleta se diz orgulhoso pelo fato de o jovem ter seguido seu caminho. Mas ele lembra que nem sempre o garoto se interessou pela modalidade. Na verdade, Pedro não gostava do vôlei de praia por conta das inúmeras viagens e compromissos que tiravam o pai de casa. 

- Em nenhum momento falei para ele ser jogador, foi opção dele. Acho que por uma defesa de criança, não gostava. Fazia outros esportes e não queria saber do vôlei. Foi depois do Pan de 2007. Levei ele e a Giulia (a irmã de 12 anos). Os dois vivenciaram e aquilo deu um clique nele. O Pedro começou a jogar naquele ano e, como vinha demonstrando a vontade de querer treinar, eu falei: "Vou parar de jogar atuando com você no Circuito" - revelou Ricardo, que é casado com Luciana e, além de Pedro e Giulia, ainda tem outro filho, Nicolas, de apenas quatro anos.

vôlei de praia, Ricardo, com o filho Pedro (Foto: Arquivo pessoal)Pedro, de 18 anos, ao lado do pai Ricardo, de 40 (Foto: Arquivo pessoal)


Ricardo se sente um privilegiado. Afinal, muitos atletas sonham que seus filhos sigam o vôlei de praia, mas poucos têm a chance de jogar com eles. Na realidade, o baiano já atua ao lado do filho nos treinamentos. Pedro é vice-campeão brasileiro sub-19 e, em breve, jogará na categoria sub-21. Para o pai, o garoto ainda tem muito a melhorar para disputar com atletas de alto nível da elite do Circuito Brasileiro, por exemplo, mas já está acima de seu nível quando o veterano começou, aos 19.

- A maioria dos atletas pensa em ter filho com mais de 30, tornando isso difícil. Fui prematuro (risos). Será muito marcante. Vejo a dedicação dele e me alegra muito. Precisa amadurecer, mas, tecnicamente, é muito bom nos fundamentos. A experiência de jogo vem das competições. Pode ser um grande atleta, só não pode ter pressa das coisas acontecerem. Será no momento certo. Ele é muito emocional, perde, soca, acha que não vai dar, mas é muito novo. Se ele tiver que ser um atleta profissional, vai ser. 

Apesar do planejamento de atuar ao lado de seu filho, Ricardo ainda não sabe quando isso irá ocorrer ou quando vai se aposentar das areias. Enquanto estiver jogando “em alto nível”, pretende seguir adiante. O foco agora é o trabalho com Emanuel rumo a 2016, comandado pela técnica Leticia Pessoa, no Rio de Janeiro. 

vôlei de praia, Ricardo, com o filho Pedro (Foto: Arquivo pessoal)
Pedro na conquista do Torneio de Verão sub-19 
ao lado de George  (Foto: Arquivo pessoal)


Pedro também se considera privilegiado por treinar com o pai. O jovem diz que Ricardo passa muito conhecimento e, quando os treinos ficam duros e os erros aparecem, dá conselhos para ajudar a melhorar seu jogo. Apesar de se dizer ansioso com a promessa de integrar a dupla familiar, como fã, prefere que Ricardo adie a aposentadoria.

- Como todo jogador mais experiente, é meio que um técnico dentro de quadra, ele chega, fala como é, como tem de fazer, qual é jeito certo, consegue me guiar. (Jogar com ele) é uma coisa que fica na minha cabeça. Acho que, como qualquer torcedor, quero que ele continue jogando por muitos anos. É um show vê-lo dentro de quadra. Todo mundo concorda que ele é um craque. Espero que adie a aposentadoria por uns cinco anos – concluiu.

Ricardo e Emanuel, vôlei de praia (Foto: Paulo Frank / CBV)
Ricardo retomou parceria com Emanuel 
em agosto de 2014 e já conquistou título 
 do Circuito Brasileiro. Ele chegou a 
seis, e o parceiro, a nove conquistas 
(Foto: Paulo Frank / CBV)


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