Fábio Bernardes, de 15 anos, está entre os oito melhores do mundo no tênis em cadeira de rodas. Mãe e técnico relembram trajetória do garoto no esporte
Fábio está entre os oito melhores do mundo na categoria (Foto: Semana Guga Kuerten/Divulgação)
Mas a história de Fábio no esporte começa bem antes disso, em Ituiutaba. Foi na outra cidade do interior de Minas Gerais que ele começou a praticar esportes. O garoto chegou fazer natação e basquete, mas sem muito sucesso. Aos nove anos, os pais de Fábio decidiram se mudar para Uberlândia em busca de melhor qualidade de vida para o garoto, que nasceu com mielomeningocele, uma malformação na coluna.
Segundo o treinador de Fábio, Raphael Oliveira, a mudança de cidade fez o jovem ter o primeiro contato com o esporte no qual viria a seguir carreira.
- Passeando pelo Praia Clube, eles me viram dando um treinamento para o João Batista (outro tenista cadeirante da cidade). Eles chegaram na beira da quadra e o João, sempre extrovertido, convidou o Fábio para jogar. Dei uma raquete para ele e ele começou a brincar batendo umas bolinhas. Na hora vi que ele era muito habilidoso, pois acertou um monte de bolas sem nunca ter pegado em uma raquete – relembrou o técnico.
Raphael ressalta que a intenção inicial não era praticar o esporte em alto rendimento. Tudo começou como apenas mais uma atividade para Fábio. Mas, depois de receber o convite dos pais do garoto para o treinar, o relacionamento entre a família e o técnico ficou mais estreito e sério.
- Na medida em que os treinos foram começando, fui buscar conhecimento e até veio um técnico da seleção brasileira amigo meu para nos ajudar. Aumentamos os treinamentos. No primeiro torneio, ele já chegou na semifinal, o que despertou um certo interesse em todo mundo. Os pais me perguntaram se eu queria treiná-lo para o alto rendimento, e eu logo disse que era o sonho de qualquer profissional – contou Raphael.
Raphael se propôs a treinar garoto e hoje
acumula títulos ao lado de Fábio (Foto:
Raphael Oliveira/Arquivo pessoal)
A história também é destacada pela mãe de Fábio, Beatriz Filgueiras, que apontou Raphael como peça chave na trajetória do garoto no esporte.
- Acho que uma pessoa importantíssima é o Raphael. Quando o Fábio começou, buscamos os melhores profissionais e ninguém se dispôs a dar aula para ele. Todos diziam que não sabiam se ia dar certo. O Raphael topou o desafio, correu atrás. Entrou em contato com o Comitê e conseguiu que viessem dar umas instruções para o Fábio. Se não fosse ele...
TRAJETÓRIA VITORIOSA
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- Em 2011, ele foi vice-campeão das Paralímpiadas Escolares. Já em 2012, 2013 e 2014, ele venceu na categoria de 12 a 15 anos. Em outubro de 2013, ele foi para o Parapan-americano de Jovens, em Buenos Aires, onde foi bronze no individual e na dupla, e prata na dupla mista, com uma garota brasileira. Em 2014, foi o auge. Ele só não venceu um dos torneios que participou – afirmou Beatriz.
Dentre todas as conquistas, o técnico Raphael ressaltou que duas delas tiveram um peso maior para conseguir a vaga no torneio a ser disputado na França.
- Em 2014, tivemos duas conquistas importantes, pois foram vitórias contra um argentino que briga diretamente com o Fábio no ranking. Nós vencemos o Butija Wheelchair Tennis Cup, em Belo Horizonte, e o Torneio Profissional de Tênis em Cadeira de Rodas, na Semana Guga Kuerten. Esses títulos foram fundamentais para a nossa classificação – comentou.
MUNDIAL
Segundo o técnico, o objetivo já havia sido traçado desde o início do ano, quando o garoto ainda era o 16º no ranking mundial.
- Ele iniciou o ano com esse objetivo de se classificar para o Mundial, então precisava estar entre os oito melhores. Ele estava na 16ª posição. Fizemos nosso calendário e as contas dos pontos necessários e vimos que se fôssemos campeões de pelo menos quatro campeonatos, conseguiríamos alcançar nosso objetivo - revelou Raphael.
Fábio fechou bem 2014 e técnico espera bom
desempenho no mundial (Foto: Raphael
Oliveira/Arquivo pessoal)
Com tão pouca idade e já disputando uma competição de nível mundial, a mãe de Fábio revelou a ansiedade do atleta e da família.
- Nós estamos muito ansiosos, inclusive ele. Também estamos otimistas, acreditando que podemos trazer um título. A gente sabe que é difícil porque são os oito melhores do mundo, mas a gente acredita que ele vai fazer o melhor e, mesmo se não trouxer nenhum título, a experiência já é válida – observou Beatriz.
O técnico Raphael Oliveira se mostrou confiante no trabalho realizado com o jovem, que pode resultar em um título mundial para o país.
- A gente não deixa de acreditar hora nenhuma. Ele tem potencial, é muito habilidoso, esforçado, raçudo. Se vestir mesmo a camisa e mostrar o seu jogo, acredito que a gente possa buscar uma boa classificação, como uma semifinal. Depois disso, é tipo uma loteria. Não descarto a hipótese de uma final. Vamos com um objetivo traçado e vamos buscar a todo custo. Tem dado certo. Por ser um mundial, sonhamos com isso – concluiu.
* Colaborou Caio Nunes sob supervisão de Raphael Lemos
FONTE:
http://glo.bo/1B4NcLU
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