sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Para poucas: Rafaela tenta manter o ''back number'' de campeã mundial

Carioca busca o bi na Rússia para continuar com identificação vermelha, exclusiva de campeões do mundo, mas também sonha com a dourada, de campeões olímpicos


Por Direto de Chelyabinsk, Rússia


rafaela silva back number campeã mundial judô (Foto: Reprodução/Twitter)Back number de Rafaela Silva, atual campeã mundial do peso-leve feminino (Foto: Reprodução/Twitter)

Back number é aquela identificação que o judoca estampa nas costas do quimono e que traz seu sobrenome e o país que representa. No fim do ano passado, a Federação Internacional de Judô (FIJ) inovou e deu uma exclusividade aos atuais campeões olímpicos e mundiais. Assim, Sarah Menezes lutará até os Jogos do Rio, em 2016, com o dourado, e Rafaela Silva, com o vermelho, pelo menos até o Mundial da Rússia. Os demais atletas competem com os azuis. Mas a carioca de 22 anos não se contenta em passar para outro judoca o back number pelo qual tanto batalhou. No dia 27 de agosto, em Chelyabinsk, ela pretende buscar o bicampeonato mundial e manter sua marca diferenciada. E vai além: já está de olho no dourado, que tem um prazo de validade maior.

- O back number de campeão olímpico você mantém por quatro anos. O de campeão mundial é só até o próximo mundial. Minha meta é conquistar o ouro na Rússia para manter o back number vermelho. Pelo menos esse ano, aí ano que vem me manter também para em 2016 mudar para o dourado.
Estou com o vermelho, mas o objetivo é o dourado - revelou Rafaela, que se tornou, no Rio, em 2013, a primeira judoca brasileira a conquistar um ouro em mundiais.

sarah menezes e rafaela silva back number grand slam de paris judo (Foto: Reprodução/Facebook)
Rafaela e Sarah posam com seus back 
numbers vermelho e dourado 
(Foto: Reprodução/Facebook)

Campeã mundial júnior em 2008 e dona de uma medalha de prata no mundial adulto, em Paris 2011, a atleta do Instituto Reação sabe do peso de defender um título, mas acredita que o status de campeã e toda a cerimônia que envolve a apresentação dos atletas momentos antes das lutas pode contribuir para um maior respeito das rivais:

(O adversário) Ele tem um respeito maior porque está vendo o seu back number ali nas costas. Então ele sabe que vai ser uma luta dura e vai te respeitar"
Rafaela Silva

 - A gente sabe que é uma responsabilidade. Quando você é chamado, eles te apresentam: "Rafaela Silva, do Brasil, a atual campeã mundial". O pessoal já vê o back number diferenciado e, geralmente, como a gente está bem ranqueada, é cabeça de chave e entra na frente do adversário, que está logo atrás. E ele tem um respeito maior porque está vendo o seu back number ali nas costas. Então ele sabe que vai ser uma luta dura e vai te respeitar - afirmou.

Ao contrário do ano passado, quando Rafaela chegou na ponta dos cascos para o Mundial do Rio, esse ano a atleta teve problemas durante sua preparação. Ainda na Europa, lesionou a mão esquerda, mas teve o aval da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para competir no Grand Slam de Tyumen, quando perdeu logo na primeira luta. Durante o treinamento de campo, na Alemanha, Rafaela não colocou o quimono e iniciou o trabalho de recuperação, já que não havia sido liberada pelos médicos para treinar.
Faltando apenas três semanas para o Mundial de Chelyabinsk, a campeã do mundo voltou a treinar, sempre com o monitoramento dos médicos da Confederação. Ela afirma que, com um curativo na mão, consegue treinar sem sentir dores:

- Eu já estava machucada na Alemanha. A Confederação ia me cortar do Grand Slam de Tyumen, antes do treinamento na Alemanha. Mas eu falei que precisava competir porque se eu fosse competir e no meio da competição tivesse uma lesão, eu queria ver como iria reagir. Deus me livre, mas se eu me machuco nas Olimpíadas, vou querer tentar continuar mesmo lesionada. Na Alemanha, eu não coloquei o quimono nem um dia. O médico não tinha me liberado para treinar, pediu ressonância. Fui liberada para treinar só agora. Estou com duas grandes inflamações no ligamento da mão esquerda, que me limitam de fazer alguns movimentos sem dor. Estou fazendo fisioterapia duas vezes por semana. Faço uma bandagem e estou conseguindo treinar sem dor. 


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Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ, e Rosicléia Campos, técnica da seleção feminina, garantem que Rafaela "zerou a lesão" e treina sem dores às vésperas do Mundial. Ele aposta que a carioca tem chances de lutar pelo título, apesar de a preparação não ter sido a ideal por conta da lesão.

- A Rafaela zerou a lesão, está sem dor alguma. Foram feitas reavaliações de imagem para o médico fazer uma melhor avaliação. E uma atleta como a Rafaela, que tem um lastro fisiológico, lastro técnico como chamamos, tem essa bagagem. Eu acredito que ela teve muita pouca perda, se é que teve alguma. A Rafaela suporta bem a dor. A única coisa que a gente não quer é colocar a integridade física dela em risco. Hoje ela está sem dor, pelo menos é o que ela relata, mas não descarto a possibilidade dela sentir dor durante a competição, já que o ritmo é mais puxado que nos treinos. Se isso acontecer, acho que ela tem a cabeça boa para suportar desde que não comprometa a condição de saúde dela. Ela se transforma em competição, é uma diversão para ela. É uma atleta diferenciada, pode fazer um bom Mundial - avaliou Ney.

- Ela está zerada, feliz, treinando sem dor e confiante. Acompanhei um pouco o treinamento dela nessa última semana. A Rafaela gosta e é movida a desafios. Tem o desafio de conquistar o bicampeonato. E eu vejo isso com ótimos olhos. A gente tem uma responsabilidade grande pelo ano passado. Acho que vem mais de uma medalha de ouro por aí - aposta Rosicléia.


O SporTV transmite o Mundial da Rússia, que começa dia 25 e vai até o dia 31 de agosto. O GloboEsporte.com acompanha as finais com brasileiros em ação em Tempo Real. As eliminatórias serão às 2h (de Brasília), enquanto as finais iniciam às 8h (de Brasília). Rafaela luta pelo bi no terceiro dia de disputas, 27 de agosto.

programação mundial de judô da rússia 2014 (Foto: programação mundial de judô da rússia 2014)


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/judo/noticia/2014/08/para-poucas-rafaela-tenta-manter-o-back-number-de-campea-mundial.html

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