sábado, 8 de março de 2014

Saiba mais dos Jogos Sul-Americanos: países intrusos, musas e estrelas

Olimpíadas da América do Sul começam nesta sexta com nações de fora do continente, mulheres bonitas e campeões olímpicos em Santiago, no Chile

Por São Paulo
Começaram os Jogos Sul-Americanos - as Olimpíadas da América do Sul. Com quase 4.000 atletas de 14 países, a competição distribui mais de 300 medalhas de ouro e tem o Brasil como favorito para terminar na primeira posição do ranking. Entretanto, mesmo com a presença de alguns campeões olímpicos, o evento não tem o glamour de uma edição dos Jogos de Verão, nem uma vila para abrigar os atletas, que ficarão em hotéis espalhados pelo Chile. 

Conheça um pouco mais sobre este evento, considerado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como o primeiro grande passo rumo aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

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Argentina líder

Fernanda Lauro canoagem (Foto: Federação argentina de canoagem)Fernanda Lauro mostra sua coleção de medalhas(Foto: Federação argentina de canoagem)

Não há dúvidas de que o Brasil é a principal potência esportiva da América do Sul, é o país com mais medalhas olímpicas e mais medalhas em Jogos Pan-Americanos. Mas, quando o assunto é "interno", os argentinos ainda são melhores. Em nove edições, os hermanos venceram sete e têm, no total, 2.044 medalhas - sendo 796 de ouro. O Brasil soma 540 ouros, e 1.431 no total, tendo terminado apenas uma vez os Jogos Sul-Americanos na liderança. Na história da competição, já foram entregues 8.720 medalhas para 15 países.

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intrusos

Irving Saladino (Foto: Divulgação/IAAF)Irving Saladino com a bandeira do Panamá
(Foto: Divulgação/IAAF)

Na América do Sul temos 12 países, mas nos Jogos Sul-Americanos, 14. Erro geográfico? Não. A Organização Desportiva Sul-Americana (ODESUR) convida desde 1998 Panamá e Aruba para participarem dos Jogos, devido à proximidade com o sub-continente. Aruba fica apenas a 30 km da Venezuela, e o Panamá já faz parte da América Central, mas é fronteiriço com a Colômbia. Mas a gentileza para por aí. Os países não costumam levar medalhas. Em 2010, por exemplo, cada uma das nações ganhou apenas dois bronzes.

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BRASIL SEDE EM 2002

Jogos Sul-Americanos (Foto: Divulgação/COB)Logo dos Jogos Sul-Americanos de 2002
(Foto: Divulgação/COB)

Poucos se lembram, mas o Brasil sediou os Jogos Sul-Americanos uma vez, em 2002. O país recebeu essa incumbência menos de um ano antes do evento, depois da desistência da Colômbia, já eleita e passando por uma crise econômica e política à época. Curitiba, São Paulo, Belém e Rio de Janeiro abrigaram a competição, muito elogiada pela Organização Deportiva Pan-Americana (ODEPA) que, duas semanas depois, escolheu o Rio de Janeiro como sede do Pan-Americano de 2007.

Na ocasião, o Brasil terminou na liderança do quadro de medalhas, com 329 pódios (146 ouros, 94 pratas e 89 bronzes), subindo ao pódio em todos os esportes. A edição de 2002 é a única na história em que o Brasil terminou em primeiro no quadro de medalhas, deixando a Venezuela na segunda posição, e a Argentina em terceiro.

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MUSAS

Leryn Franco Atletismo (Foto: Reprodução / Instagram)
Leryn Franco treina visando os Jogos 
Sul-Americanos (Foto: Reprodução / Instagram)


Alessandra Marchioro natação (Foto: João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)A musa Alessandra Marchioro é aposta da natação brasileira (Foto: João Gabriel Rodrigues)

A mulher sul-americana é considerada uma das mais bonitas do mundo, e os Jogos são um belo palco para o desfile das musas. A paraguaia Leryn Franco, do lançamento do dardo, é a mais conhecida delas. No entanto, a Argentina vai com um time forte no hóquei na grama, esporte pelo qual ganharam medalha nas últimas quatro edições das Olimpíadas. Apelidadas de Leonas, elas fazem a alegria do público masculino. A Venezuela, conhecida por sempre ganhar o concurso “Miss Universo”, tem Alejandra Benítez, ex-esgrimista, como ministra do esporte e musa do país. O Brasil não fica atrás e levou para o Chile a velocista Ana Cláudia Lemos, a ginasta Jade Barbosa e a nadadora Alessandra Marchioro.

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STRIKE

Para muitos, o boliche é apenas uma forma de se divertir, mas para quatro integrantes da seleção brasileira, é um esporte e pode render medalhas para o Brasil. Entre strikes e spares, Renan Ferreira, Marcelo Suartz, Roseli Costa e Roberta Rodrigues tentam tirar o ouro dos favoritos colombianos. São disputadas as provas individuais e de duplas, e a medalha é definida por meio dos resultados de seis partidas. Uma partida perfeita são 11 strikes, que valem 300 pontos.

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HEXA

Na última edição dos Jogos Sul-Americanos, o Brasil teve dois atletas que voltaram com excesso de bagagem na mala. Julio Almeida, do tiro esportivo, e Angélica Kvieczynski, da ginástica rítmica, ganharam seis medalhas de ouro cada um. O atleta do tiro tem, na carreira, 12 títulos na competição, além dos seis de 2010, um em 1994 e cinco em 2006. Este ano, Angélica tem chances de mais cinco ouros, e Julio disputará "apenas" duas provas.

Angélica Kvieczynski no Mundial de Ginástica Rítmica (Foto: Reuters)
Angélica Kvieczynski viaja para Santiago em 
busca de mais medalhas (Foto: Reuters)


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REDUÇÃO

Há quatro anos, os Jogos Sul-Americanos distribuíram 485 medalhas de ouro. Na patinação velocidade, por exemplo, foram 26, no ciclismo 28, na canoagem 24. A organização do evento, reduziu, e muito, as disputas para esse ano. Em 2014, serão 18 no ciclismo, na patinação apenas 6, e na canoagem 12. A grande maioria dos esportes teve a diminuição no número de disputas, com o objetivo de aproximar o programa de provas dos Jogos Pan-Americanos e, claro, dos Jogos Olímpicos. Assim, serão entregues ao todo 318 medalhas de ouro nos Jogos Sul-Americanos de 2014, uma redução de 35% no número de provas. Portanto, não se assuste caso o Brasil não aumente o número de medalhas com relação a 2010, quando voltou para casa com 133 ouros.

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HOTEL

Jogos Sul-Americanos (Foto: Divulgação Jogos Sul-Americanos 2010)
Medellín construiu a primeira 'Vila 
Sul-Americana' (Foto: Divulgação 
Jogos Sul-Americanos 2010)

São quase 4.000 atletas no evento, mas Santiago não preparou uma vila para os atletas, um local só para as estrelas da competição. Portanto, as delegações ficarão em hotéis espalhados pela cidade. A única edição da história em que uma vila foi construída foi em 2010, em Medellín, na Colômbia, em que a "casa" dos atletas recebeu muitas reclamações, como buraco nas paredes e falta de internet.

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ESTRELAS

Yane Marques (Foto: Reuters)
Yane Marques foi medalha de bronze nos Jogos 
Olímpicos (Foto: Reuters)

As delegações levaram para o Chile quase todos os principais nomes de seus países. A Argentina, por exemplo, convocou o campeão olímpico de taekwondo, Sebastián Crismanich, da categoria 80kg. A Colômbia terá em sua delegação a campeã olímpica de ciclismo BMX, Mariana Pajón, e até o Panamá, convidado, traz sua principal estrela, o campeão olímpico do salto em distância Irving Saladino. Os venezuelanos contam com o  campeão olímpico de esgrima Rubén Limardo. Pelo Brasil, os destaques são Arthur Zanetti, Thiago Pereira e Yane Marques, medalhistas de ouro, prata e bronze nos Jogos de Londres.

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O PRIMEIRO DE MUITOS

Historicamente, os Jogos Sul-Americanos marcam a carreira de alguns atletas como a primeira competição multiesportiva da vida. Foi o que aconteceu com Thiago Pereira, em 2002, quando com 16 anos conquistou quatro medalhas. Em 2006, foi a vez de Jade Barbosa "aparecer" para o Brasil com cinco ouros e, na última edição, em 2010, o gigante judoca Rafael Silva conquistou dois ouros e uma prata, se apresentando para o país.

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E O FUTEBOL?

As disputas do futebol masculino nos Jogos Sul-Americanos nunca foram importantes, tanto que o Brasil esteve pela última vez em 1986, quando o time tinha o volante tetracampeão Dunga como principal jogador. Em 2014, a idade máxima dos jogadores é de 17 anos e, mais uma vez, o Brasil não levará representantes. Argentina, Chile Colômbia, Equador, Paraguai e Peru participam do masculino. No feminino, o Brasil não levou suas principais atletas mas, mesmo assim, é favorito ao título da competição, que conta também com Colômbia, Uruguai, Chile, Venezuela, Bolívia e Argentina. 

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GUGA

Gustavo Kuerten (Foto: Globoesporte.com)Três anos depois, Guga ganhava Roland Garros(Foto: Globoesporte.com)

Quando tinha apenas 18 anos, Gustavo Kuerten, participou e ganhou uma medalha de bronze nos Jogos Sul-Americanos de 1994, em Valência, na Venezuela. Três anos depois, seria o primeiro brasileiro a ganhar Roland Garros. Em 2014, a equipe de tênis do Brasil é formada por Rogério Dutra Silva, Fabiano de Paula e Bruno Sant'Anna no masculino, e Gabriela Cé, Paula Gonçalves e Laura Pigossi no feminino. O chileno Paul Capdeville e o argentino Facundo Begnis são os principais nomes da competição.

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HORTÊNCIA

Na primeira edição da história dos Jogos Sul-Americanos, em 1978, o Brasil foi representado apenas no basquete e saiu com a medalha de ouro. O time, comandado pela jovem Hortência, terminou com o título ao vencer a Bolívia na final. Em 2014, a família da ex-jogadora estará representada, já que seu filho João Victor Oliva, que nasceu às vésperas das Olimpíadas de Atlanta 1996, integra o time brasileiro de hipismo adestramento.

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BRASIL EM CASA

Seleção Brasileira Copa do Mundo 1962   (Foto: Getty Images)Seleção Brasileira na Copa do Mundo 1962
(Foto: Getty Images)

Santiago traz ótimas lembranças para o esporte brasileiro. Foi na capital chilena que o Brasil conquistou o bicampeonato mundial de futebol, em 1962, no Estádio Nacional, mesmo palco da abertura dos Jogos Sul-Americanos. Já o basquete masculino brasileiro conquistou o primeiro título mundial, em 1959, jogando em Santiago. Vale lembrar, porém, que nenhuma dessas seleções estará esse ano nos Jogos, já que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)  optou por não levar um time, e a Confederação Brasileira de Basquete(CBB) não encontrou tempo no calendário para montar um time.

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JOGOS PARASULAMERICANOS

Pela primeira vez na história, serão realizados os Jogos Parasulamericanos, com sete modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, levantamento de peso, tênis de mesa e tênis em cadeira de rodas. A competição tem início no dia 26 de março, uma semana após o fim dos Jogos Sul-Americanos. 

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NADA DE HEGEMONIA

A Organização Desportiva Sumericana (ODESUR) exige que o pódio tenha ao menos a presença de dois países. Nos Jogos de 2010, por exemplo, a Colômbia conquistou as três primeiras posições em uma prova do ciclismo BMX, mas o bronze acabou com o quarto colocado, o brasileiro Renato Rezende. 

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THIAGOS EM SANTIAGO

Thiago Braz salto com vara (Foto: Osvaldo F./Contrapé)Thiago Braz do salto com vara
(Foto: Osvaldo F./Contrapé)

Entre os 490 atletas da delegação brasileira nos Jogos, o nome Thiago é o mais recorrente. São nove atletas com esse nome: Thiago Braz (atletismo), Thiago Santos (handebol), Thiago Nardin (ciclismo), Thiago Rocha (futsal), Thiago Pereira e Thiago Simon (natação), Thiago Almeida (remo), Thiago Maihara (rúgbi) e Thiago Monteiro (tênis de mesa).

Entre os xarás, Thiago Braz será o que mais terá de correr, já que sai do Campeonato Mundial Indoor, esse fim de semana, na Polônia, direto para o Chile, onde tenta o título sul-americano.

Já o mais famoso é Thiago Pereira, que participa pela terceira vez do evento, e tem no currículo a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, ano passado. Thiago Almeida e Thiago Monteiro já representaram o Brasil em edições de Olimpíadas.


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BRIGA PELO VICE

Todos os Comitês Olímpicos Nacionais admitem o favoritismo do Brasil para liderar o quadro de medalhas, devido a expectativa para os Jogos Olímpicos de 2016 e ao fato de, pela primeira vez na história do evento, o país levar grande parte de seus principais atletas. O interessante será ver a luta pela segunda posição. A Colômbia, campeã em 2010, não terá mais o "fator casa" a seu favor, e pode sofrer com a redução de provas nas suas principais fontes de medalhas, como ciclismo, patinação e boliche. Os líderes da história da competição, os argentinos, têm no remo e no hóquei na grama as principais fichas para ficar na segunda posição, enquanto a Venezuela aposta nas lutas para deixar os rivais para trás. O Chile, que tem a maior delegação por ser sede do evento, não deve assustar os primeiros colocados do quadro.

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IMAGINA NO SUL-AMERICANO

Velódromo (Foto: Divulgação)Velódromo inaugurado na semana passada
(Foto: Divulgação)

Foram gastos U$ 45 milhões (cerca de R$ 110 milhões) nas obras dos locais de competição dos Jogos Sul-Americanos. Duas sedes foram construídas e outras cinco instalações foram reformadas para o evento. O restante dos locais não precisou passar por grandes mudanças. O velódromo, por exemplo, foi oficialmente inaugurado na semana passada, com a presença do presidente do Chile, Sebastián Piñera.

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VESTUÁRIO

Entre todas as modalidades do programa dos Jogos Sul-Americanos, a esgrima é a única em que o atleta compete com 100% do corpo coberto. Os esgrimistas são obrigados a usar máscara, roupas compridas, com mangas longas, meia e tênis. Melhor para as jogadoras de vôlei de praia, que jogam só de biquini, e que estarão tranquilas nas tardes de março na capital do Chile, em que as temperaturas ultrapassam os 30ºC.

Cleia Guilhon luta esgrima (Foto: EFE)
Cleia Guilhon competiu no Campeonato Mundial 
de Esgrima com as cores brasileiras no
 rosto (Foto: EFE)


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