Com 38 anos de Confederação Brasileira de Vôlei, Helcio Macedo se orgulha por ter trabalhado com quase todos os medalhistas olímpicos da década de 90 até hoje
O primeiro flerte aconteceu em 1975, mas o “casamento” entre o
professor de educação física Helcio Macedo e a Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV), que contou com um empurrãozinho do então presidente da entidade, Carlos
Arthur Nuzman, só engatou no ano seguinte. De lá para cá são nada menos do que
38 anos dedicados ao vôlei brasileiro e muitas histórias para contar. A dois
meses de completar 84 anos, o chefe da delegação da equipe feminina da
modalidade, que estreia nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, no Chile, contra
a Colômbia, neste sábado, às 20h (horário de Brasília), fez quase de tudo na
CBV. Até treinador da seleção feminina principal, em 1980, ele já foi. Mas o
que seu Helcio gosta mesmo é de ensinar. Há quase quarenta anos na função de
chefiar os times brasileiros nas principais competições de base pelo mundo, por
suas mãos passaram todos os medalhistas olímpicos da década de 90 para
cá, com exceção do líbero Serginho. Mas o motivo é óbvio.
- Ele nos ensina muito todos os dias. É uma espécie de
professor por tudo que já passou dentro do vôlei. Ele conversa muito com a
gente e está sempre procurando mostrar os bons e maus exemplos. É sempre muito carinhoso com todas e acho que
é normal impor algumas regras. Somos privilegiadas de tê-lo por perto - afirmou
Gabriela, que está na seleção desde 2012.
Mas os métodos do chefe não chegam a causar estragos. Apesar de tantos anos no comando das seleções de base, Helcio garante que nunca teve problema para segurar o ímpeto ou conter a inquietação das jovens promessas. Muito pelo contrário, gentil e doce com as meninas e todos ao seu redor, ele destaca o comprometimento de todos nesses 38 anos de serviços prestados ao vôlei brasileiro.
- Além de formar atletas, a filosofia de trabalho da CBV também sempre teve como objetivo educar esses jovens. Eles sempre entenderam isso e nunca tivemos problemas muito graves. É normal que às vezes aconteçam alguns atritos, mas a tarefa mais difícil talvez seja mostrar a eles o caminho certo nesse mundo liberal de hoje em dia (risos) - disse.
O envolvimento de Helcio com a seleção brasileira, no entanto, começou muito antes de ser convidado por Nuzman para trabalhar na CBV. Em 1951, o ex-levantador do Olímpico, clube de Belo Horizonte da época, fez parte da primeira seleção campeã sul-americana. A aposentadoria das quadras veio em 1957, mas o vôlei continuou no sague. Antes de formar gerações de medalhistas olímpicos, foram dez anos na presidência da Federação Mineira da modalidade.
Há quatro décadas vivendo do vôlei e para o vôlei, seu
Helcio coleciona histórias e algumas revelações guardadas a sete chaves. Entre
os inúmeros craques que viu começar, alguns fizeram histórias e são lembrados
com carinho. Mas a gentileza do chefe da delegação do vôlei feminino no Chile é
tanta que ele se desculpa se caso um dia sua memória falhe.
Entre muitas das curiosas histórias vividas ao longo dessas
quase quatro décadas, duas foram lembradas por ele. Os personagens são dois
craques, mas que causaram impressões distintas logo nas suas primeiras avaliações.
Mas nem sempre as coisas aconteceram naturalmente. Fabi e
Fernanda Venturini, por exemplo, chegaram para serem avaliadas como ponteiras.
A primeira, pela baixa estatura, virou líbero, a segunda, apesar de alta, foi
convencida a jogar como levantadora. As apostas foram tão acertadas que ambas
se tornaram as melhores do mundo nas suas posições.
O amor de seu Helcio pelo vôlei não influenciou tanto assim
as futuras gerações dos Macedo. Dentre seus cinco filhos, do casamento de 55 anos com dona Rosa Macedo, e sete netos, apenas
Marcela, de 21 anos, seguiu seus passos. Levantadora reserva da equipe adulta do
Minas Tênis Clube, a jogadora com passagens pela seleção infanto enche o avô de
orgulho, mas ao mesmo tempo foi motivo de preocupação.
- É uma situação complicada e me incomodou muito no começo. Sei que ela tem talento e não tive influência nenhuma na sua convocação, mas fiquei com muito receio de atrapalhar o futuro dela no vôlei de alguma forma pelo que as pessoas poderiam pensar. Conversei muito com ela sobre isso. Hoje ela não faz mais parte da seleção, mas ainda acredito que ela possa ter uma carreira de sucesso – aposta o avô coruja.
* O repórter viaja a convite da CBV
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/jogos-sul-americanos/noticia/2014/03/vesperas-de-fazer-84-anos-chefe-do-volei-segue-lapidando-futuras-joias.html
Prestes
a completar 84 anos, 38 deles vividos
dentro do vôlei, o chefe da
delegação do vôlei
feminino em Santiago, Helcio Macedo, está
sempre
atento a encontrar nossas promessas
(Foto: Marcello Pires)
- Como a figura do líbero não existia até 1997, o Serginho
nunca participou das seleções de base. Só por isso não trabalhei com ele. Isso só comprova como realmente ele é um
fenômeno na sua posição. Mas me orgulho de poder ter trabalhado com todos os
outros. O mais gratificante é ser tratado com carinho e respeito cada vez que
encontro com cada um deles. Sempre fazem questão de me agradecer – explicou.
Tudo indica que futuramente a história se repetirá. Gabriela,
ponteira de apenas 17 anos do Maringá e apontada por Helcio como uma das quatro
promessas, ao lado da oposto Loraine, da central Laisa, e da também
ponteira Lana, da equipe que lutará pelo ouro com os principais
rivais em Santiago, todos representados por suas equipes principais, é só elogios ao “chefe”.
É uma espécie de professor por tudo que já passou dentro do vôlei
Gabriela, sobre Helcio
Mas os métodos do chefe não chegam a causar estragos. Apesar de tantos anos no comando das seleções de base, Helcio garante que nunca teve problema para segurar o ímpeto ou conter a inquietação das jovens promessas. Muito pelo contrário, gentil e doce com as meninas e todos ao seu redor, ele destaca o comprometimento de todos nesses 38 anos de serviços prestados ao vôlei brasileiro.
- Além de formar atletas, a filosofia de trabalho da CBV também sempre teve como objetivo educar esses jovens. Eles sempre entenderam isso e nunca tivemos problemas muito graves. É normal que às vezes aconteçam alguns atritos, mas a tarefa mais difícil talvez seja mostrar a eles o caminho certo nesse mundo liberal de hoje em dia (risos) - disse.
O envolvimento de Helcio com a seleção brasileira, no entanto, começou muito antes de ser convidado por Nuzman para trabalhar na CBV. Em 1951, o ex-levantador do Olímpico, clube de Belo Horizonte da época, fez parte da primeira seleção campeã sul-americana. A aposentadoria das quadras veio em 1957, mas o vôlei continuou no sague. Antes de formar gerações de medalhistas olímpicos, foram dez anos na presidência da Federação Mineira da modalidade.
01
HISTÓRIAS COM CRAQUES DO VÔLEI
Giba esteve em quatro Olimpíadas
(Foto: Getty Images)
(Foto: Getty Images)
-
Sinceramente, talvez o Giba tenha sido o mais completo de
todos que passaram pelas minhas mãos. Ele sempre foi um menino
espetacular na
base e mesmo baixo para os padrões do vôlei mundial se tornou o melhor
do mundo. O Nalbert também foi outro jogador espetacular, principalmente
pela
liderança que exercia sobre os companheiros. Mas são tantos atletas que
fico
com medo de cometer alguma injustiça e esquecer nomes importantes –
destaca seu
Helcio.
- O Carlão era desengonçado, sem jeito e num primeiro
momento achei até que não daria jogador. Ele na verdade queria ser goleiro e
chegou a ser dispensado. Mas sempre foi guerreiro e nunca desistiu. Deu no que
deu, e ele até hoje ele é lembrado como nosso eterno capitão. Outra situação
marcante aconteceu com a Jaqueline. Ela uma menina jovem, simples e muito humilde. Chegou em São Paulo para a primeira
avaliação de ônibus e sequer tinha material para treinar. Mas rapidamente
mostrou que era guerreira e tinha talento. Era dedicada nos treinos, superou
vários problemas de contusão e foi bicampeã olímpica. Nunca tivemos dúvidas de
que daria certo – contou.
02
'vovô' hELCIO
- É uma situação complicada e me incomodou muito no começo. Sei que ela tem talento e não tive influência nenhuma na sua convocação, mas fiquei com muito receio de atrapalhar o futuro dela no vôlei de alguma forma pelo que as pessoas poderiam pensar. Conversei muito com ela sobre isso. Hoje ela não faz mais parte da seleção, mas ainda acredito que ela possa ter uma carreira de sucesso – aposta o avô coruja.
* O repórter viaja a convite da CBV
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/jogos-sul-americanos/noticia/2014/03/vesperas-de-fazer-84-anos-chefe-do-volei-segue-lapidando-futuras-joias.html
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