Fernanda Garay e Gabi, do vôlei, Bia e Branca Feres, do nado sincronizado, e Isabel Swan, da vela, contam como mesclam a força do esporte e a delicadeza feminina
Elas
conquistaram o mundo, invadiram o mercado de trabalho, passaram a
dividir com os homens as tarefas domésticas e a criação dos filhos. Tudo
isso sem perder o charme e a delicadeza. Assim como em vários âmbitos,
no esporte não foi diferente. Misturando força e beleza, as atletas
chamam a atenção não apenas por suas demonstrações de resistência, com
duros ciclos de treinos e competições, mas também pela feminilidade,
percebida em pequenos detalhes. Neste sábado se comemora o Dia
Internacional da Mulher, e representantes de algumas modalidades falaram
sobre o desafio de coordenar a carreira esportiva, muitas vezes repleta
de símbolos masculinizados, com as nuances do universo feminino, que
felizmente tem sido cada vez menos alvo de preconceito na sociedade.
Garay se prepara antes de entrar em quadra na Turquia (Foto: Divulgação)
.
- Na verdade, toda a mulher é vaidosa e acho que ao longo dos anos a gente vai se conhecendo melhor e descobrindo coisas boas. Vamos pegando a prática. No começo da minha carreira eu não pensava nisso, mas depois descobri as maquiagens e acabei sendo conquistada por esse mundo.
Aqui na Turquia não é diferente. As mulheres são incrivelmente bem arrumadas e maquiadas.
Assim que cheguei, eu via as jogadoras do meu time se preparando antes das partidas e não queria ficar de fora. Elas me fizeram alcançar meu objetivo de vida: passar delineador (risos). Além disso, elas pintam as unhas sempre uma hora, quarenta minutos antes dos jogos, para não estragar o esmalte.
Fê Garay mostra que aprendeu com as
companheiras turcas a passar o
delineador (Foto:
Arquivo pessoal )
Apaixonada por rímel, blush e pincéis de maquiagem, Fê Garay, que tem no currículo nada menos que uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, já pensou em trocar as quadras por um salão de beleza, e afirma que se não fosse jogadora de vôlei, gostaria de trabalhar com estética.
- Sempre me imaginei trabalhando em um salão de beleza e agora que eu aprendi a fazer a unha, estou me superando. Pensei em fazer um curso de estética e de cabeleireira porque acho esse universo incrível.Uma mulher pode estar muito mal, sem grana, em crise, mas se faz uma mudança no cabelo, uma maquiagem, melhora tudo, porque mexe diretamente com a auto estima.
Vaidosa, Garay aprendeu técnicas de beleza
com as novas companheiras de equipe
(Foto: Arquivo pessoal)
Também adepta dos procedimentos de beleza, Gabi, ponteira do Rio de Janeiro, não dispensa os cuidados diários com a pele do rosto e com o corpo, mas não se considera uma pessoa que exagera na vaidade.
Gabi não dispensa os cuidados
diários com a pele do rosto e
corpo (Foto: Divulgação)
Se por um lado o esporte ganhou cada vez mais espaço para essas feminilidades, por outro, ainda há um resquício de preconceito. Bia e Branca Feres, atletas do nado sincronizado, já foram vítimas de críticas por terem optado por pela carreira esportiva, mas se negaram a dar ouvidos aos comentários negativos, e com a beleza aliada ao talento, se destacam cada vez mais nas piscinas.
- Às vezes até as próprias mulheres criticam e torcem o nariz para a gente. Por parte dos homens, é diferente. Ser atleta é sempre motivo de orgulho e admiração. O mais importante é a gente ser feliz fazendo o que ama.
Bia e Branca afirmam que já sofreram
preconceito por terem escolhido a
carreira esportiva (Foto:
Reprodução / Instagram)
Representantes de um esporte predominante feminino, as atletas incentivam o discurso de igualdade entre os sexos e afirmam que não se incomodariam se o nado sincronizado masculino fizesse parte do programa olímpico algum dia.
- Existem homens que praticam nado sincronizado. São poucos, mas os que já assistimos eram incríveis. É uma questão cultural e de história mesmo. Esse tabu vai demorar para ser quebrado.
Está sendo quebrado na dança e a gente já consegue perceber isso com clareza. Quem sabe, daqui alguns anos, a gente não possa assistir a um padadê (dupla mista) aquático.
Isabel Swan se divide entre a força e a delicadeza no esporte (Foto:
Arquivo pessoal )
- Temos que ter raça e força no vento forte, mas ser uma bailarina a bordo no vento fraco, fazendo movimentos muito suaves. Então, dependendo do vento, mudo. Procuro manter minha delicadeza, embora o esporte as vezes exija ser uma guerreira.
Seja na quadra, na piscina ou no mar, as atletas pretendem comemorar o Dia Internacional da Mulher com a esperança de que o sexo feminino conquiste cada vez mais espaço.
- Espero que a mulher consiga seguir conquistando o respeito da sociedade. Que consiga diminuir e quem sabe acabar com a desvalorização e o preconceito - afirma Gabi.
- Precisamos ser olhadas e reconhecidas como seres que pensam, produzem, participam e cooperam - completa Isabel.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/outros-esportes/noticia/2014/03/no-dia-da-mulher-atletas-falam-sobre-vaidade-e-luta-pelo-fim-do-preconceito.html
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