Juliane Fechio e Sandra Merouço, respectivamente psicóloga e nutricionista do clube praiano, falam como é trabalhar em um ambiente tão masculino como o do futebol
A
mulher pede passagem no futebol. Presença cada vez maior nas
arquibancadas, elas já ocupam espaços antes dominados pelos homens. Não
só na arbitragem, mas também nas comissões técnicas – muitas vezes
dividindo a responsabilidades com a missão de serem mães. Neste sábado,
quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, o GloboEsporte.com
apresenta as duas profissionais que se dedicam, diariamente, ao bem
estar do melhor time do Campeonato Paulista até o momento: o Santos.
Dentre as mulheres, a nutricionista Sandra Merouço é quem está há mais tempo no clube: desde 1998, a convite de Vanderlei Luxemburgo, então técnico do Peixe, após um episódio no qual metade do elenco sofreu com uma infecção gastrointestinal. O mesmo treinador, aliás, levou-a para a comissão técnica do time principal, em 2004 – antes ela trabalhava com a base.
Entra técnico, sai técnico; entra diretoria, sai diretoria, e Sandra continua no Santos. Alcançar o reconhecimento no clube não foi fácil. Um trabalho de “formiguinha”, segundo ela, ainda mais porque, de acordo com a especialista, pouco se falava sobre alimentação no futebol há 15 anos.
– No começo, realmente foi difícil. Acho que porque os jogadores não conheciam o trabalho. Talvez, para eles, o nutricionista fosse um “chef de cozinha”. Com a molecada é mais fácil, já que você faz meio que um trabalho de mãe. Eles não têm os vícios de um atleta profissional há uns quatro, cinco anos e diz, às vezes "mas sempre joguei assim". (A permanência) Acho que é resultado do trabalho. Viram que funcionava, gerava desempenho, evitava lesões – conta Sandra.
A
psicóloga Juliane Fechio, por sua vez, chegou ao Santos em 2011, também
para trabalhar na base, mas foi promovida à comissão do profissional
por outro ex-técnico do Peixe, Muricy Ramalho. De lá para cá, teve até o
trabalho destacado publicamente pelo meia Felipe Anderson (hoje no
Lazio, da Itália), que a agradeceu, em uma entrevista coletiva, pelo apoio psicológico.
O desconhecimento no mundo do futebol sobre o papel do nutricionista quando Sandra chegou ao Peixe não difere muito, segundo Juliane, do que ainda paira sobre o trabalho do psicólogo do esporte. De acordo com ela, são poucos os clubes que apostam nesse tipo de profissional.
– O futebol ainda tem muito preconceito (com o psicólogo do esporte). Há um conceito de que é coisa para louco. Então, quando cheguei, fui sendo inserida aos poucos (no grupo). Quando me tornei familiar, aí sim o Muricy me apresentou. A manutenção do profissional está relacionada à criação de confiança. Quando comecei a trabalhar com o futebol queria me manter por ao menos seis meses, e já estou há três anos (no Santos) – descreve.
– É questão de como você se coloca, qual a sua postura. Tem de ter esses cuidados. Entendo que em algumas funções, como a de preparador físico ou fisioterapeuta, que lidam mais diretamente com o atleta, acho que a profissional ser mulher poderia tirar um pouco a liberdade (do jogador). Mas em outras áreas estamos ganhando esse espaço. Nos clubes e palestras das quais participo sobre futebol dá para perceber uma presença feminina cada vez maior – destaca Sandra.
– Sempre falo que não é qualquer mulher que pode estar num CT. Você tem de ser discreta, ter postura. E eles respeitam, não tenho problema. Creio que a mulher tem mais facilidade para criar vínculos de confiança com o atleta. Acho que é um ponto forte – diz Juliane, que tem a ajuda de médicos, massagistas e até dos vídeos divulgados pela Santos TV, que mostram os bastidores do vestiário, para conhecer melhor os jogadores com os quais trabalha.
Em
meio à corrida vida no futebol, elas ainda lidam com o papel de esposas
e mães. As duas, no entanto, encaram tudo com naturalidade e agradecem
apoio e compreensão de filhos e maridos.
– Meus filhos eram pequenos quando eu comecei no futebol, então eles estão acostumados e até acham legal. Acho que têm orgulho (risos). Meu marido é médico e também trabalha no Santos (na base). No começo ele até ficou um pouco preocupado por eu ter de trabalhar entre tanto homem, mas é tranquilo. Tudo é questão de postura. Não só no futebol, mas em qualquer área que você trabalha – diz Sandra, que é mãe de um rapaz de 24 anos e uma moça de 21.
– Quando você decide trabalhar com futebol, abre mão de algumas coisas. Mas é uma opção. Eu trabalho com o que sempre sonhei, como o meu sonho também sempre foi ser mãe. As mulheres não são felizes se não tiverem sucesso profissional, e esse é meu caso. Como também não seria feliz se não tivesse minha filha (de cinco anos). Um complementa o outro. Meu marido trabalha com treinamento desportivo e entende o fato de eu trabalhar nesse meio – emenda Juliane.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sp/santos-e-regiao/noticia/2014/03/mulheres-da-vila-comissao-tecnica-do-peixe-tambem-tem-seu-lado-feminino.html
Juliane Fechio e Sandra Merouço: as meninas
da comissão técnica de Oswaldo de Oliveira
(Foto: Lincoln Chaves)
Dentre as mulheres, a nutricionista Sandra Merouço é quem está há mais tempo no clube: desde 1998, a convite de Vanderlei Luxemburgo, então técnico do Peixe, após um episódio no qual metade do elenco sofreu com uma infecção gastrointestinal. O mesmo treinador, aliás, levou-a para a comissão técnica do time principal, em 2004 – antes ela trabalhava com a base.
Entra técnico, sai técnico; entra diretoria, sai diretoria, e Sandra continua no Santos. Alcançar o reconhecimento no clube não foi fácil. Um trabalho de “formiguinha”, segundo ela, ainda mais porque, de acordo com a especialista, pouco se falava sobre alimentação no futebol há 15 anos.
– No começo, realmente foi difícil. Acho que porque os jogadores não conheciam o trabalho. Talvez, para eles, o nutricionista fosse um “chef de cozinha”. Com a molecada é mais fácil, já que você faz meio que um trabalho de mãe. Eles não têm os vícios de um atleta profissional há uns quatro, cinco anos e diz, às vezes "mas sempre joguei assim". (A permanência) Acho que é resultado do trabalho. Viram que funcionava, gerava desempenho, evitava lesões – conta Sandra.
No Santos desde 2011, Juliane sempre sonhou trabalhar com futebol (Foto: Lincoln Chaves)
O desconhecimento no mundo do futebol sobre o papel do nutricionista quando Sandra chegou ao Peixe não difere muito, segundo Juliane, do que ainda paira sobre o trabalho do psicólogo do esporte. De acordo com ela, são poucos os clubes que apostam nesse tipo de profissional.
– O futebol ainda tem muito preconceito (com o psicólogo do esporte). Há um conceito de que é coisa para louco. Então, quando cheguei, fui sendo inserida aos poucos (no grupo). Quando me tornei familiar, aí sim o Muricy me apresentou. A manutenção do profissional está relacionada à criação de confiança. Quando comecei a trabalhar com o futebol queria me manter por ao menos seis meses, e já estou há três anos (no Santos) – descreve.
saiba mais
Tanto
Juliane como Sandra não encontraram resistência por serem mulheres,
mesmo em um ambiente tão masculino. A receita, segundo elas, é o
profissionalismo.– É questão de como você se coloca, qual a sua postura. Tem de ter esses cuidados. Entendo que em algumas funções, como a de preparador físico ou fisioterapeuta, que lidam mais diretamente com o atleta, acho que a profissional ser mulher poderia tirar um pouco a liberdade (do jogador). Mas em outras áreas estamos ganhando esse espaço. Nos clubes e palestras das quais participo sobre futebol dá para perceber uma presença feminina cada vez maior – destaca Sandra.
– Sempre falo que não é qualquer mulher que pode estar num CT. Você tem de ser discreta, ter postura. E eles respeitam, não tenho problema. Creio que a mulher tem mais facilidade para criar vínculos de confiança com o atleta. Acho que é um ponto forte – diz Juliane, que tem a ajuda de médicos, massagistas e até dos vídeos divulgados pela Santos TV, que mostram os bastidores do vestiário, para conhecer melhor os jogadores com os quais trabalha.
Indicada por Luxemburgo, Sandra Merouço está no Peixe desde 1998 (Foto: Lincoln Chaves)
– Meus filhos eram pequenos quando eu comecei no futebol, então eles estão acostumados e até acham legal. Acho que têm orgulho (risos). Meu marido é médico e também trabalha no Santos (na base). No começo ele até ficou um pouco preocupado por eu ter de trabalhar entre tanto homem, mas é tranquilo. Tudo é questão de postura. Não só no futebol, mas em qualquer área que você trabalha – diz Sandra, que é mãe de um rapaz de 24 anos e uma moça de 21.
– Quando você decide trabalhar com futebol, abre mão de algumas coisas. Mas é uma opção. Eu trabalho com o que sempre sonhei, como o meu sonho também sempre foi ser mãe. As mulheres não são felizes se não tiverem sucesso profissional, e esse é meu caso. Como também não seria feliz se não tivesse minha filha (de cinco anos). Um complementa o outro. Meu marido trabalha com treinamento desportivo e entende o fato de eu trabalhar nesse meio – emenda Juliane.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/sp/santos-e-regiao/noticia/2014/03/mulheres-da-vila-comissao-tecnica-do-peixe-tambem-tem-seu-lado-feminino.html
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